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Alimentos do Fome Zero estragam na sede da Funai/AC

Crise financeira e política de austeridade do Governo Federal são fatores que explicam o estrago de parte das seis toneladas de alimentos armazenadas na sede acreana da Fundação Nacional do Índio (Funai) desde abril. O caminhão F-4000 e quatro caminhonetes L-200 da fundação estão em condições de distribuir alimentos nas aldeias, mas não há recursos para pagamento de combustível e nem de diárias, em função dos cortes no orçamento promovidos pela presidente Dilma Rousseff que tem como marca de governo a idéia de que “País Rico é País sem Miséria”. “Já solicitamos à Funai em Brasília recursos para dar sequência à distribuição dos alimentos”, explicou o coordenador substituto da Funai/AC, Juan Scalia.
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Enquanto a Funai de Brasília não responde à solicitação do Acre, uma parte do fubá que deveria chegar às aldeias já estragou e o leite em pó tem data de vencimento prevista para agosto. O alimento faz parte de uma ação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) por meio do programa Fome Zero. A Funai não mantém política de assistencia-lismo, mas a medida é tida como preventiva para garantir a segurança alimentar “em casos mais críticos”, diferencia Scalia.

Os alimentos estão armazenados em locais totalmente inadequados. A coordenação da Funai/AC solicitou ajuda do Governo do Estado para armazenagem do material, mas o pedido foi negado. A equipe de A GAZETA procurou o assessor especial de Assuntos Indígenas, José de Lima Kaxinawa. Ele não foi encontrado. A Assessoria Especial de Assuntos Indígenas é uma estrutura oficial vinculada diretamente ao gabinete do governador Tião Viana. A assessoria de José de Lima informou que o contato para solicitação de local para armazenamento foi feito “há três meses”, mas o espaço disponível “já tinha finalidade determinada”.

A falta de articulação técnica entre Governo do Acre e Governo Federal pode estragar mais 12 toneladas de alimentos previstas para chegar no segundo semestre. Só há três possibilidades para que isso não ocorra: ou a Conab pára de enviar os alimentos; ou são oferecidas melhores condições de trabalho à Funai/AC ou a Funai e Governo do Acre melhoram no diálogo.

Situações de “realdeamento” (famílias que estão saindo das cidades e voltando para aldeias); famílias que estão em trânsito de uma aldeia para outra; ou que tenham sido vítimas de desastres naturais como enchentes ou secas são critérios que justificam a doação de alimentos.

Por meio de uma denúncia anônima, a equipe de A GAZETA teve acesso às informações de descaso com o dinheiro público. O funcionário do órgão se disse preocupado “com a situação de falta de alimentos nas escolas”. Informou também que os automóveis “estão em condições de fazer a entrega dos alimentos da merenda escolar”. Fato negado pelo coordenador substituto da Funai, Juan Scalian.

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