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Catadores de lixo serão beneficiados com programa de carrinhos elétricos

A triste imagem de homens e mulheres carregando enormes sacos de lixo nas costas ou puxando carrinhos cujo peso é um autêntico desafio à sobrevivência, está com os dias contados em Rio Branco.
Carrinhos_eltricos
Quem vive de catar lixo nas ruas da Capital naquelas condições insalubres e de muito esforço físico deverá ganhar um minicarro elétrico capaz de elevar a produção do catador de 300 para mil quilos por dia e melhorar a qualidade de vida de quem trabalha na área. Os pequenos carros também têm a vantagem de ajudar a abolir a utilização de bois e cavalos na atividade, sempre criticada por associações e outras sociedades protetoras dos animais.

As articulações que visam a melhoria de renda dos catadores acreanos vem sendo feitas no Paraná e em Brasília pelo Secretário de Estado de Pequenos Negócios, José Carlos dos Reis, junto a Itaipu Binacional e ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). A Secretaria de Pequenos Negócios vem estudando, desde o início do ano, a implantação de um forte programa de reciclagem de lixo em todo o Estado, como forma de aumentar a renda e a qualidade de vida dos catadores. Os carrinhos elétricos fazem parte de uma projeto desenvolvido pela usina Itaipu Binacional e lançada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva num programa piloto em Foz do Iguaçu e nos demais municípios que integram a bacia hidrográfica do lago de Itaipu.

O secretário José Carlos dos Reis tomou conhecimento do programa assim que assumiu o cargo, em janeiro deste ano, e desde então vem trabalhando para que o Acre seja incluído no programa. “De acordo com a orientação do governador Tião Viana, nós estamos atuando em duas frentes: numa, vamos a Itaipu Binacional pedir que a usina nos ajude a implantar a tecnologia no Acre, doando ou financiando os carrinhos para nós. Na segunda articulação, vamos ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) com um projeto de financiamento para a compra dos carrinhos”.

De acordo com o secretário, ao adquirir os carrinhos, o Governo do Estado deverá fazer convênios com associações de catadores e cooperativas para que os veículos possam ser transferidos para os catadores, em forma de doação. “É uma forma de o Governo ajudar aquelas pessoas que trabalham duro para garantir o sustento e, mesmo prestando um serviço de alta relevância social, nem sempre têm o merecido reconhecimento do poder público”.

José Carlos dos Reis esteve em Curitiba no início da semana para conhecer a tecnologia e a atividade dos catadores beneficiados prelo programa. Ele esteve na empresa que fabrica os carrinhos, a Blest do Brasil, e também na Associação dos Coletores Amar Ebenezer, que recicla o lixo produzido pela Ceasa (Central de Abastecimento) de Curitiba, utilizando os carrinhos.

Na fábrica, o secretário aprendeu que os carrinhos são adaptados a partir de veículos elétricos utilizados pelos Correios e por fábricas de refrigerantes, além daqueles usados pela Rede Globo para o transporte de artistas e técnicos dentro do Projac (a área de produção da emissora, no Rio de Janeiro e pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) no transporte de jogadores machucados, dentro de campo. O veículo tem capacidade para carregar 300 quilos, é movido a uma bateria elétrica e tem autonomia para rodar entre 25 a 30 quilômetros. A unidade custa a média de R$ 7 mil, mas a fábrica também disponibiliza um “kit” no qual o catador poderá construir seu próprio carro, a um preço de R$ 1,5 mil.

“Nós não temos problema nenhum em repassar a tecnologia”, disse o engenheiro Rogério de Paula Guimarães, diretor de criação e desenvolvimento da Blest do Brasil. “Na verdade, a tecnologia é uma criação da Itaipu Binacional, na pessoa do engenheiro Luis Carlos Matinc, que é o gerente de gestão do programa dos carrinhos dentro da Itaipu e do programa Coleta Solidária. Os carrinhos foram desenvolvidos inicialmente com resto de material da Itaipu e nós só adaptamos”, acrescentou.

De acordo com o fabricante, os carrinhos aumentam a renda dos catadores porque assim eles podem percorrer o maior espaço físico possível e transportar materiais pesados, como alumínio e ferro. (Agência Acre)

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