A dor única de amigos, parentes, colegas de trabalho e de faculdade do jovem Alexandre Ferreira Leal reuniu durante mais de três horas durante o ato “Violência. Eu digo não! E você?” algumas dezenas de pessoas que decidiram protestar contra a violência urbana; causa e efeito de perdas irreparáveis, medos e dúvidas. Entre as muitas perguntas feitas pelos manifestantes na manhã desta sexta para tentar entender os motivos que levam a tragédias como estas, o que fazer para transformar esta realidade uniu o senso comum. Estudantes da FAAO, onde Alexandre cursava o quinto ano de Direito, propuseram a criação de um núcleo de estudos, pesquisa e extensão para tratar mais de perto a questão da violência.
Vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas e aluna do quarto ano de Direito, Jane Vasconcelos, foi colega de turma de Alexandre Leal, que descreve como uma pessoa tranqüila e reservada. Para a jornalista, as manifestações públicas são importantes, mas não devem ser a única ação da sociedade na luta contra a violência. “A ideia com a criação do núcleo é discutir cientificamente a violência, buscar dados, apresentar propostas, desenvolver projetos em atividades multiprofissionais”, explica. O tio de outra vítima da violência urbana, Julio César, conta os 444 dias do desaparecimento do sobrinho e diz que situações como estas não podem ser esquecidas. Julinho, como é conhecido, diz que ações da sociedade podem ajudar a fortalecer busca de todos por justiça e pelo cumprimento dos direitos do cidadão.
No ato também se manifestaram representantes da OAB e sindicatos, deputados, professores, colegas de turma, amigos, parentes de vítimas de crimes semelhantes. A estudante de Direito, Gleiciane Falcão diz que o choque causado pela morte do colega deve estimular a sociedade a ir contra a banalização da violência. “Perdemos uma pessoa que a gente nunca imaginava ser vítima. Era uma pessoa calma, pacata, tranqüila. É o momento de nos manifestarmos contra isso, exigirmos medidas de segurança mais eficientes”. Amparada por amigos e muito emocionada, a ex-namorada Janaira Brito, que estava com Alexandre no momento do crime, acompanhou toda a manifestação, mas evitou se pronunciar.
