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Membros da Comissão Pastoral da Terra denunciam ameaça de morte ao MPF

O agente pastoral Cosme Capistano da Silva e a coordenadora da Comissão Pastoral da Terra no Acre, Darlene Braga, procuraram na manhã de ontem o Ministério Público Federal para denunciar o recebimento de duas ameaças de morte que teriam recebido por telefone nos dias 3 e 8 de junho. Eles atuam na região do município de Boca do Acre, divisa com o Estado do Amazonas em área de conflitos que envolve os seringais Redenção, Nova Chama e Macapá de onde 105 famílias foram expulsas por grileiros de terra em 2009.

A primeira ameaça Cosme recebeu pelo telefone celular e a segunda foi feito para o telefone fixo da entidade. Nas duas ligações, o aviso de que deveriam parar com o trabalho desenvolvido por eles em defesa dos trabalhadores rurais ou seriam mortos. A CPT registrou desde que iniciou sua atuação, em 1975, 1.885 ameaças a lideranças rurais na Amazônia, com 42 mortes e 32 tentativas. “A si-tuação é grave”, alerta Darlene Braga lembrando a morte de cinco pessoas nos estados do Pará e Rondônia nos últimos meses vítimas de conflitos agrários.

Tanto a coordenadora da CPT quanto o agente pastoral afirmam que os estados estão ausentes nessas regiões de conflito, especialmente nas áreas de divisa por isso decidiram recorrer ao apoio do MPF. “É preocupante a gente sofrer estas ameaças agora. Não são fatos isolados. Estamos tornando público para ver se conseguimos alguma forma de proteção. Nós temos o direito de viver”, diz Cosme da Silva que trabalha há 10 anos na CPT. Mesmo ameaçados, eles garantem que não irão parar suas atividades.

Em reunião com os membros da CPT e representantes de grupos de defesa dos Direitos Humanos do Acre, o procurador da República, Ricardo Gralha Massia, disse que a intenção é instaurar um procedimento para apurar as causas desses conflitos agrários, mas afirmou que a “proteção individual de cada membro se torna bastante difícil”. “Nossa intenção é dialogar com as instituições responsáveis pela reforma agrária. A forma como vem sendo desenvolvida não atende as necessidades. Ocorre uma distribuição de terra sem a implementação de políticas públicas sérias para fixar a pessoa no campo e, com isso, acaba acarretando a busca de contratos com madeireiros e outras medidas que acabam prejudicando o meio ambiente e também os direitos dessas pessoas”.

O ativista Abrahim Farhat, que acompanhou o agente e a coordenadora da CPT à reunião no MPF, lembra que no dia 18 de junho completa 23 anos da morte do sindicalista Ivair Higino. Em dezembro do mesmo ano, o líder sindical Chico Mendes também foi morto. “Em todos os casos fizeram várias denúncias, alertamos as autoridades dos problemas que eles estavam enfrentando. Esperamos que isto não se repita aqui no Acre”.

 

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