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Workshop discute mudanças climáticas e elabora carta que será enviada à COP 17

Indígenas, seringueiros, ribeirinhos, pequenos agricultores, empresários, madeireiros, pecuaristas, técnicos governamentais e de organizações não governamentais finalizam hoje a Carta de Recomendações que encerra o Workshop sobre Mudanças Climáticas e a Negociação do Clima pós 2012, quando vence o Protocolo de Kyoto. O evento realizado no auditório da Uninorte é promovido pelo Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia e reúne desde ontem representantes da região Madre de Dios (Peru), Acre e departamento de Pando (Bolívia) para a discussão sobre os programas de Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação (REDD).  Assinam a carta 96 entidades ligadas a movimentos sociais e instituições governamentais dos três países.

Todas as representações são responsáveis pela elaboração de sugestões contidas na carta que deverá ser levada à COP 17, a ser realizada em dezembro deste ano na África, pelos ministérios das Relações Exteriores e Meio Ambiente. O Acre desenvolve um programa piloto sobre REDD cujo formato recebe a atenção de organismos nacionais e internacionais. A coordenadora do escritório do IPAM no Acre, Elsa Mendonza, que a Carta de Recomendações da região MAP será enxuta e inclui as necessidades dos povos que vivem nas florestas. “O Acre tem esse privilégio de ter esse mecanismo que ainda precisa de ajustes, mas não é hora de criticar e sim de trabalhar para juntos contribuirmos para pressio-nar os países ricos a também reduzirem a emissão de gases”, afirma Elsa Mendonza.

O Brasil tem o compromisso de reduzir a emissão de gases de efeito estufa em até 40% até 2020. O acordo foi firmado pelo presidente Lula na COP 15, realizada em Copenhague em 2009. Um dos parceiros para a realização do workshop é o Instituto de Mudanças Climáticas e Pagamento por Serviços Ambientais (IMC) ligado ao Governo do Acre. O presidente do IMC, Eufran Amaral, disse que o evento é estratégico porque discute sobre alternativas para a redução dos efeitos causados pelas mudanças no clima em todo o mundo. “Esse encontro trinacional é importante porque envolve a participação das comunidades locais, seringueiros, ribeirinhos e técnicos para construção conjunta de ações que ajudam na mitigação das mudanças climáticas”.

Entre os pontos comuns da Carta de Recomendações estão a necessidade de espaço para que os povos da floresta possam se manifestar sobre o mercado de carbono e que parte dos fundos de REDD sejam administrados pelas comunidades, que exigem mais informações, transparência e apoio técnico no processo de implementação dos programas sobre a temática. “Todos concluem que a Amazônia passa por uma grande transformação. Os rios estão secando, os peixes desaparecendo não pelo consumo humano, a produção agrícola perde a sazonalidade e árvores deixam de dar frutos, além da temperatura que sobe a cada ano. Os paí-ses ricos querem pagar pela floresta preservada, mas devem se comprometer também a poluir menos. É o que esperamos que aconteça na COP 17”, explica a coordenadora do IPAM.

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