Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Tião acredita em mediação de Jorge para aprovação do Código Florestal

No Dia do Meio Ambiente, o governador Tião Viana (PT) reuniu os seus secretários das áreas ambientais e produtivas para um encontro com o senador Jorge Viana (PT-AC), relator do Código Florestal no Senado. “O assunto é um enorme desafio para o Estado Brasileiro e para todos os movimentos ambientais, rurais e produtivos. A chave é a compatibilização da preservação com o desenvolvimento e a valorização das pessoas”, ressaltou.
Jorge-e-tiao
O fato de um senador acreano ser o relator de uma matéria tão importante e polêmica é um orgulho para o Estado, segundo o governador. “Estamos registrando uma parte da história do Acre pela importância do Estado ter um representante político como relator de uma matéria dessa importância. A confiança que temos no senador Jorge Viana advém da nossa autoridade pelos caminhos que já percorremos no desenvolvimento sustentável. Compatibilizamos a produção rural com as boas regras de preservação ambiental. Se o Jorge Viana conseguiu fazer essa equação no Acre com certeza, se for bem compreendido, terá a responsabilidade de realizar o mesmo feito no Brasil. A equipe técnica do nosso governo está inteiramente solidária ao seu mandato para que consiga êxito nessa missão”, salientou.

Unir os extremos
Jorge Viana se sentiu honrado de ter recebido uma missão tão importante no seu primeiro mandato como senador.  “Essa visita tem o propósito de vir beber na fonte. A gente teve oportunidade de fazer um trabalho nessa área com a luta de Chico Mendes e do nosso povo simples. Conseguimos pacificar o Acre. O índio sentou com o fazendeiro e conseguimos fazer do Acre uma referência. A gente vivia nas páginas policiais por ser um lugar onde as pessoas matavam pela posse da terra e os seringueiros eram expulsos. Deixamos de ser uma referência ruim como há 30 anos. Nos recentes acirramentos de mortes em Rondônia e no Pará o Acre ficou livre. Aqui não temos pessoas ameaçadas. Isso é uma conquista de todos nós”, comemorou Jorge.

O senador entende que o Acre poderá emprestar as suas boas experiências para criar um clima de conciliação na aprovação do Código. “O nosso movimento político conseguiu mediar os conflitos que existiam no Acre e atualmente vivemos em paz. Temos problemas e muitas coisas ainda para serem feitas. Por conta da relatoria do Código Florestal vim conversar com o Tião para me ajudar com a sua experiência do Senado e também como governador do Acre que é o guardião desse projeto. É um desafio enorme porque são muitos interesses que estão envolvidos desde o acesso à terra aos limites para as atividades econômicas. Tudo isso envolve um jogo bruto”, afirmou.

Para realizar o seu trabalho, Jorge Viana começou o processo com uma visita ao relator do Código Florestal na Câmara Federal, deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP). “O próprio Aldo afirmou que havia alguns pontos que precisavam ser melhorados e o Senado tem que trabalhar para buscar a mediação. É uma Casa onde as regiões brasileiras estão melhores representadas pela sua composição igualitária. Vou tentar com a minha experiência política mediar conflito. Estou com muita esperança que a maturidade prevaleça. Vamos potencializar as nossas conquistas e precisamos dar segurança jurídica para quem tem o seu patrimônio. Temos uma dívida de selar uma paz definitiva sem prejuízo ao meio-ambiente. Fazendo um conserto para trás e estabelecendo regras para que os excessos não se repitam no futuro. Quero ouvir muito os diversos segmentos da sociedade. O problema é se desviar dos conflitos e dos interesses poderosos. O tema está muito contaminado e com uma carga ideológica pesada. Meu papel é me-diar tudo isso”, argumentou.

Tião Viana revela posição do Acre
Indagado sobre os pontos do Código Florestal que seriam de maior interesse para os acreanos, o governador respondeu: “a minha posição é a mesma do Governo da Dilma (PT). Detalhes de quanto se pode negociar com o movimento ambiental e o rural serão construído pelo relator e tenho muita confiança na sua capacidade. Acho que as comunidades científicas serão muito importantes como a Embrapa, as universidades, e o SBPC para mediarem o equilíbrio político para o relator enfrentar os dois lados. O lado ambiental e o produtivo rural virão com muita força. A posição do Estado é que o Jorge foi quem construiu na nossa história recente uma visão de equilíbrio entre o desenvolvimento sustentável e a economia rural. Isso nos permite dizer que é possível achar pontos de consenso”, explicou.

Para Tião Viana o sucesso da missão de Jorge Viana está relacionado com a sua capacidade de negociar. “Veja o que o presidente Obama disse da crise americana: ‘não aceito negociar nada que comprometa a recuperação econômica dos Estados Unidos’. Imaginem como isso é forte quando se fala da economia rural brasileira ou da ambiental. Ninguém pode se apegar a um item ou outro. O importante é o conjunto que o relator vai apresentar com o compromisso de ser um grande negociador entre as partes. Nós aprendemos a respeitar a política ambiental e o direito do setor produtivo com a sua força de trabalho dos pequenos, grandes e médios. O caminho é confiar no relator para unir as partes”, avaliou Tião Viana.

Jorge Viana: “o momento é para ouvir”
O relator do Código no Senado acha que não adianta criar opiniões pré-concebidas sobre os pontos polêmicos. “Estou identificando os pontos mais críticos. Mas quem vai ouvir não pode tomar posições antecipadas sobre um ponto ou outro para poder extrair ensinamentos e encontrar as soluções. Vamos ouvir a ministra do meio-ambiente Isa-bella Teixeira para ver o posicionamento dos pontos que o Governo acha que precisam ser melhorados. Esse é ponto de partida. O Governo avançou nos últimos anos na legislação ambiental. Depois disso vamos ouvir o pessoal do agro-negócio, da agricultura fami-liar, os ambientalistas e a comunidade científica para encontrar as saídas”, comentou.

Questionado se está havendo pressões externas para a supressão de alguns pontos do Código, Jorge Viana contestou: “O mundo é globalizado e um dos mais importantes ativos que temos é o agronegócio. A gente ainda nem começou a trabalhar para ganhar dinheiro com a floresta. Se tivermos problemas no mercado externo isso vai afetar o interno. É um fluxo de ida e vinda pelos mais diferentes interesses. A nossa soja foi boicotada quando estava tendo desmatamentos na Amazônia. Temos que conhecer os conflitos de interesses e ver o que é melhor para o Brasil que quer ser o maior produtor de alimentos do mundo. É um tema muito contaminado e vamos ver se a gente distenciona para encontrar um ponto de equilíbrio”, finalizou Jorge Viana.
 

Sair da versão mobile