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Contagem regressiva para Expoacre 2011

Falta uma semana para início da maior feira de negócios do Acre. Os trabalhos no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco estão em ritmo intenso com equipes trabalhando praticamente em três turnos. A grande novidade no setor de infraestrutura é a melhoria do conforto para o visitante. Espaços de convivência, bancos ao longo de toda a área de visitação, construção de rotatórias para melhorar a segurança dos motoristas na AC-40, pavimentação do estacionamento são destacados pela organização do evento. “Priorizamos o conforto este ano”, relata a organizadora da Expoacre 2011, Nena Mubárac. “Sem esquecer, é claro, outros aspectos que serão mantidos por decisão do governador, como entrada gratuita e promoção de feira como um evento de negócios”.


No setor de eventos, a novidade que merece destaque na versão 2011 da feira é a presença da “etapa Barretos”, na Arena de Rodeios, que acontece na segunda e na terça. No sábado e no domingo, antecedendo à etapa Barretos, haverá a etapa acreana de rodeios. Quem anima a festa é a dupla mais famosa do universo country verde amarelo: o locutor Luciano do Valle e o comentarista Kaká. De acordo com os organizadores da Expoacre, a vinda da etapa Barretos é resultado de uma referência e articulação do próprio governador Tião Viana. A partir deste ano, o Acre integra o circuito nacional de rodeios.

Isso possibilita que os peões das fazendas mais modestas possam trilhar o caminho percorrido pelo acreano do Bujari Robson Palermo, que hoje encanta os norte-americanos nas arenas mais disputadas do mundo.

A organização da Expoacre também esclarece que os shows são terceirizados. A responsabilidade quanto à execução dos espetáculos é integralmente dos promotores do evento. Os preços dos ingressos variam, de acordo com a popularidade de cada artista ou grupo musical.

Os banheiros também são outra novidade da Expoacre 2011. Ao longo do parque, o visitante pode ter acesso a banheiros pagos. Com estrutura que inclui até fraldário, os banheiros foram construídos pelo Governo do Acre, mas a arrecadação do dinheiro e o cuidado com a limpeza do am-biente ficará a cargo do Lion’s Club durante a Expoacre.

Os leilões de gado de elite também continuam a ser outro atrativo para quem aprecia a qualidade da pecuária regional. A promoção dos leilões acontece durante oito dos 9 dias de feira.


Dudé Lima e Nena Mubárac: conforto dos visitantes é prioridade

Bancos querem financiar R$ 80 milhões em projetos nesta Expoacre
Banco do Brasil e Banco da Amazônia devem alcançar a marca dos R$ 80 milhões em financiamentos na Expoacre deste ano. A instituição com meta mais tímida pretende aumentar em 34%, comparado ao volume de financiamentoregistrado na feira do ano passado. Esses números podem ajudar a conferir como anda a temperatura no setor produtivo regional. O volume de financiamento das instituições bancárias não é um termômetro fiel, mas indica tendências de mercado e aponta como está a saúde financeira das empresas regionais.

Na semana passada, um analista de crédito do Banco do Brasil esteve em Rio Branco e avaliou 16 empresas na Capital e em Cruzeiro do Sul. “Ele ficou bem impressionado com o que viu”, garante o superintendente regional do Banco do Brasil, José Ricardo Kraemer Salermo.

Para o superintendente, esse ambiente saudável na gestão de algumas empresas deve responder pela meta ousada que a instituição tem para a Expoacre 2011. O Banco do Brasil quer aumentar em 150% o volume de financiamento. “Ano passado, nós financiamos vinte milhões”, lembra Salermo. “Este ano, nossa meta está em cinquenta milhões”.

O Banco da Amazônia também entra na ciranda. Ano passado, o banco financiou R$ 29 milhões em projetos. Esse ano, a meta é alcançar os R$ 30 milhões. “A agricultura familiar é uma prioridade para a nossa instituição”, aponta o superintendente regional do banco, Marivaldo Melo. Máquinas e implementos agrícolas foram o carro-chefe da comercialização em 2010. “Este ano, continuaremos priorizando esse setor e tentando am-pliar ações para o empreendedorismo individual”.

“A mudança na concepção da Expoacre, que passou a ser um evento de negócios, foi uma determinação política do governo, mas que só teve consistência com a participação dos bancos”, reconhece um dos organizadores da Expoacre, Dudé Lima.

 


Frigorífico de ovinos de Porto Acre está em fase de conclusão

Instalado no quilômetro oito da estrada de Porto Acre, o frigorífico de ovinos Anassara está em fase de conclusão. O empreendimento vai gerar mais de 20 empregos diretos, fortalecendo a cadeia produtiva de ovinos no Estado e possibilitando a exportação.

 

Para garantir a qualidade dos serviços, o frigorífico conta com câmara fria, sala de cortes, sala para produção de embutidos (lingüiça, hambúrguer), câmara de congelamento, curral, além de uma estação de tratamento de água, área administrativa e refeitório. “Nossa intenção é utilizar material orgânico”, destaca o empresário Alberto Moreto.


Alberto Moreto (dir.) apresenta empreendimento

A unidade tem capacidade para abater 100 cabeças de ovinos por dia, com os mais modernos maquinários do setor. Moreto explica que já está sendo feito um trabalho junto às famílias criadoras. Ele ressalta que a doação de ovelhas e carneiros para produtores de todo Estado fortalece a cadeia e possibilita que o Acre possa dar passos importantes na comercialização de ovinos e caprinos.

O secretário de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Indústria e Comércio, Edvaldo Magalhães, e o secretário de Estado de Produção e Extensão Familiar, Lourival Marques, visitaram o empreendimento e vistoriaram o andamento das obras.

Eles destacaram a importância do negócio e reafirmaram o apoio do Governo do Estado, enfatizando que a intenção é fortalecer a cadeia de ovinos, garantindo a geração de emprego e renda. “Com empreendimentos desse nível, as famílias que estão recebendo as ovelhas e carneiros ganham um novo ânimo”, avalia Lourival Marques.

A expectativa é que o frigorífico seja inaugurado nos próximos meses. As obras  estão em fase de conclusão e os equipamentos já foram adquiridos.

 


 

ARTIGO

Economia solidária: diagnóstico de uma revolução social

Evandro de Souza Araújo*

A sociedade acreana, através da Economia Solidária, absorve e incrementa, a cada dia, os fundamentos de uma nova ordem que estabelece novos parâmetros sociais, culturais e econômicos à sociedade local, superando paradigmas de relações socioeconômicas e possibilitando uma marcante presença de empreendimentos geradores de qualidade de vida e desenvolvimentos sustentável.

Embora o termo seja muito recente, a noção de Política Pública surgiu a partir da Revolução Industrial, que viabilizou um grande crescimento das cidades. Como conseqüências cresceram as necessidades sociais no meio urbano, como saneamento e transporte. Ao mesmo tempo, o crescimento da industrialização fez com que as demandas ligadas ao mundo do trabalho começassem a surgir, como a regulação das condições de jornada de trabalho. Tudo isso gerou uma necessidade de intervenção do Estado na sociedade.

Ao se falar em Políticas Públicas, entende-se por ações e/ou recursos advindos do Estado voltado para um público. Esses recursos podem ser simplesmente uma intervenção administrativa, sem o uso do orçamento público, ou recursos de aplicação orçamentária.  Uma decisão de política é tomada com base em dados da realidade na qual se busca intervir através das políticas públicas. Elas seriam o resultado da dinâmica de poderes entre grupos econômicos, políticos, classes sociais e outras organizações da sociedade civil. Essas relações determinam o direcionamento das ações do Estado na realidade social.

As políticas públicas de Economia Solidária buscam desenvolver essa nova forma de geração de renda com o intuito de reduzir o desemprego em massa. Estu-diosos defendem que as políticas públicas de proteção social e trabalho são conseqüências da incapacidade do capitalismo resolver os problemas so-ciais criados por ele próprio, ao mesmo tempo em que são frutos das lutas de classe.

O tema abordado sido muito discutido no âmbito da administração pública. Através do desenvolvimento de políticas públicas, o Estado tem utilizado a Economia Solidária (ES) como estratégia para a geração de trabalho e renda.

Avaliar e conhecer a realidade dos empreendimentos e das ações propiciadas pelos governos com objetivo de produzir uma sociedade igualitária e propiciar distribuição de renda homogênea na moderna economia de mercado capitalista, tem se tornado um desafio em qualquer sociedade. As formas e divergentes maneiras pelas quais se distribuem as relações de mercado, sejam elas tipicamente voltadas para o processo direto de produção de mercadorias, sejam elas voltadas para a produção de bens de consumo que representam a cultura de um povo, são intrinsecamente formadas pelos resultados das ações dos agentes e, por vezes, resultam em políticas que não concebem o ser humano como elemento primordial nesta relação.

A Economia Solidária apresenta-se como uma forma de produção e de manutenção de relações sócio-culturais e econômicas que rompem o paradigma capitalista da busca incessante do lucro e estrutura-se na manutenção do bem estar, qualidade de vida e na distribuição dos frutos do processo de trabalho.

Por outro lado, qualquer proposta de originar diferentes formas de relações sociais e econômicas em uma sociedade necessita de parâmetros que possam diagnosticar sua aplicabilidade e os rumos que possam tomar na possibilidade de influenciar e propiciar os direcionamentos de uma vida em sociedade. Neste sentido, faz-se de modo eminentemente providencial realizar um estudo que demonstre a efetividade e a real capacidade que uma forma divergente de relação sócio-produtiva seja adotada por uma sociedade.

Pode-se definir Economia Solidária como sendo um projeto de desenvolvimento, que promove as pessoas e a coletividade como sujeitos transformadores e não como objetos da atividade econômica. Seus valores centrais são a valorização do ser humano, através do trabalho e a criatividade. São usados diversos nomes para defini-la tais como economia solidária, economia social, economia popular solidária e economia de proximidade.

Segundo Lisboa (1999), a Economia Solidária está intimamente ligada às experiências associativas:

O que caracteriza a Economia Solidária é sua condição de estar voltada para prover o sustento do grupo (experiência associativa) em geral, sem a presença da mercantilização do trabalho, com uma racionalidade produtiva submersa nas relações sociais. Por isso, não podemos confundi-la com uma espécie de capitalismo popular, pois nela a acumulação é um meio para a reprodução do grupo social que participa do empreendimento econômico.

* Evandro de Souza Araújo é  economista e mestrando em Desenvolvimento Regional pela Ufac.

 

 


 

NOTAS ECONÔMICAS

Estranheza
Há algumas coisas “estranhas” na Fábrica de Pisos de Xapuri. Semana passada, um dos sócios, o empresário Jandir Santin, informou que a fábrica está em fase de mudança do plano de negócios; que vai modificar o foco de atuação; que vai priorizar o mercado interno por causa dos problemas no câmbio “pouco atrativo”. Santin garante que não haverá demissões e que o empreendimento não vai fechar.

Estranheza II
Quando a fábrica estava em fase de construção, o então governador do Acre Jorge Viana massificava a idéia de que o empreendimento seria um dos maiores da região. Os números eram todos superlativos: a fábrica beneficiaria 600 famílias da Resex Chico Mendes; geraria 150 empregos diretos por turno e exportaria 350 contêineres de pisos por ano (cada contêiner tem capacidade para 22 metros cúbicos de pisos). Na época, falaram até em exportação para França, Estados Unidos, Reino Unido, Itália, Japão e, claro, o país da moda, a desejada China.

Estranheza III
Cinco anos e uma Marinepar depois, novas mudanças devem ser anunciadas nesta semana. É possível que uma empresa estrangeira divida a sociedade com Jandir Santi, da Laminados Triunfo. Até agora, adaptações no maquinário, prejuízos, mudança de foco, instabilidade no mercado externo. A rotina no gerenciamento da fábrica não é fácil. Um desafio a mais para o modelo de gestão aplicado ali.

China
O entusiasmo de falar a torto e a direito que esse ou aquele setor da economia acreana “vai exportar para a China”… Antes de afirmar isso, é preciso ter um pouco mais de cautela. A economia regional precisa cuidar de coisas muito mais elementares, antes de pensar em voar tão alto.

Portas
Já houve empresários acreanos que tentaram negociar portas para atender à demanda de um condomínio que estava sendo construído em Pequim. Um único condomínio! Feitas as contas, o empresário teria que trabalhar durante um ano exclusivamente para atender ao pedido. Com sério risco de não conseguir cumprir o prazo. Outra empresa acreana tentou contrato para produção de jogos de xadrez em madeira. O mesmo drama.

Represamento
Banco da Amazônia e  Banco do Brasil anunciam a possível superação das metas de financiamentos na Expoacre. A estratégia das instituições financeiras é de extrema parceria com os organizadores do evento. Represa-se os pedidos de financiamento durante as quatro semanas que antecedem à feira. Ao final, o balanço sempre sai com números pomposos.


ECONOMIA SOLIDÁRIA

Empreendimentos solidários crescem no Estado, mas autogestão ainda é desafio

MAÍRA MARTINELLO

Dona Maria José de Oliveira Pessoa, 46 anos, é mãe de sete filhos, e, durante a maior parte da vida, foi dona de casa e dependeu do marido para o sustento da família. Há três anos, se juntou a um grupo de mulheres do bairro e, com o apoio da prefeitura, iniciou a produção de verduras e legumes em uma horta comunitária. Numa área de, aproximadamente, mil hectares, disponibilizada pelo município, no bairro Sobral, seis mulheres e dois homens compõem uma espécie de cooperativa, na qual cada um tem o seu próprio canteiro e é responsável por sua produção, mas todos dividem as responsabilidades de organização e manutenção do lugar, partilhando tarefas e ajudando-se mutuamente. Plantam verduras e legumes e vendem a produção para moradores do bairro e de regiões vizinhas e também para o Restaurante Popular, outro “bom negócio” conseguido com a ajuda do poder público. A comercialização é coletiva.


Maria e Natalice: garantia de trabalho e renda familiar na horta comunitária

Maria é hoje uma espécie de coordenadora do grupo. Na época com 43 anos e um baixo nível de escolaridade, conta que tinha muita dificuldade de conseguir uma colocação no mercado de trabalho. Mas, no dia a dia na horta, diz que encontrou “satisfação”. Em maio, ela conseguiu tirar em torno de R$ 1.600 com a venda do que plantou. Foi um mês muito bom, mas não é a regra. Em geral, cada um dos produtores consegue lucrar em torno de um salário mínimo. O valor ainda é pouco, mas as perspectivas são boas. “Se produzirmos mais, vamos vender mais. No restaurante tem muita procura. Tudo que a gente colhe tem venda garantida. Só depende de nós mesmo. Temos que correr mais atrás e colocar a mão na terra”, admite, bem humorada.

Uma das colegas de Maria, também veterana na horta comunitária, Natalice de Oliveira da Silva, 39 anos, é casada, mãe de seis filhos, e conta que encontrou na cooperativa não só a garantia da renda para o sustento familiar, mas também um espaço para ter mais autonomia sobre a própria vida. “Já tive outros empregos e, por último, trabalhei como doméstica. Mas, na horta, posso organizar melhor meu tempo, cuidar da minha casa, dos meus filhos. Vivo por minha conta, sem ter que obedecer patrão. E aqui todo mundo se ajuda”.

Prestar contas ao patrão não é preciso, mas obedecer regras de convivência e compartilhar deveres também fazem parte da rotina de um empreendimento comunitário e solidário.

“Quem faz a produção é a gente mesmo, então quem planta mais ganha mais também. Mas o nosso negócio é comunitário, então quem está aqui sabe que tem que se ajudar. Se eu já vendi mais pela manhã e, à tarde, chega gente pra comprar, eu dou a vez pra outra colega”, ensina dona Maria, com simplicidade e bom senso.

Quando algum desentendimento maior surge, entretanto, elas dizem que mandam chamar o “Coelho”, funcionário da Coordenadoria de Economia Solidária da prefeitura que presta assistência ao grupo.
“Ele sempre diz que a gente precisa andar com as próprias pernas, e todos sabem disso. Mas, se um dia ficarmos sem o Coelho aqui, vamos sentir muita falta. Ele nos ajuda muito. Quando tem algum problema então, nem se fala”, entrega dona Maria.

Acre tem mais de 700 pequenos negócios solidários
Assim como o grupo da horta comunitária da Sobral, estima-se que Rio Branco tenha cerca de 150 pequenos negócios solidários, entre os quase 700 existentes em todo o Estado, segundo dados da Coordenadoria do Trabalho.

Tanto o município quanto o Estado tem aprovadas leis que regulamentam os Programas Municipal e Estadual de Economia Solidária, com o objetivo de garantir o desenvolvimento de políticas voltadas ao setor.
Para o responsável pela Coordenadoria de Economia Solidária da Prefeitura de Rio Branco, Evandro Rosas, essa modalidade econômica encontra um ambiente diferenciado e muito favorável no Acre, primeiro por conta da história dos movimentos sociais e sindicais no Estado, que sempre foram muito atuantes, e, segundo, porque, aqui, o poder público, nos últimos anos, acolheu a proposta de investir na economia solidária como forma de promover a inclusão social.

“A base desse modelo é o cooperativismo e o associativismo, que valoriza a organização dos trabalhadores e a participação dos diversos setores so-ciais excluídos para melhorar a distribuição de renda e as oportunidades de trabalho. No Acre, o poder público municipal e estadual entendeu que temos um terreno fértil para essas iniciativas, e as condições estão sendo criadas”, explica.

Evandro diz que, na maior parte dos casos, a motivação para se criar essas organizações solidárias, realmente, surge como uma estratégia de sobrevivência por parte dos trabalhadores. Mas, depois que se articulam, as iniciativas acabam ganhando uma dimensão organizativa mais ampla e um aspecto de movimento social.

Apesar das muitas experiências positivas somadas na Capital e também em vários municípios do Estado, ele admite que garantir a autogestão dos empreendimentos ainda é uma das maiores dificuldades.
“Temos o marco legal, garantimos os espaços públicos e a capacitação para a prática da política solidária, mas o desafio continua sendo trabalhar para que este povo alcance a gestão independente. Para que caminhem com as próprias pernas… É um processo lento, educa-cional, já que envolve mudanças culturais, de valores e da forma de ver e se organizar no mundo. Mas estamos caminhando no rumo certo”, avalia.

Sobre a economia solidária
Muitas pessoas ainda enxergam na economia solidária apenas um meio encontrado por trabalhadores de baixa renda ou desempregados para sobreviver. O que pouca gente sabe é que o conceito da economia solidária vai muito além da geração de renda e traz propostas de mudanças nas relações interpessoais e com o meio ambiente.

Além, claro,da geração de novas oportunidades de inserção so-cial pelo trabalho, este modelo econômico tem como base a valorização da cooperação (e não competição), não exploração dos trabalhadores, igualdade nas tomadas de decisões e responsabilidade com a comunidade local onde o empreendimento está inserido.

“É uma nova maneira de realizar uma transformação social, questionando a forma como a economia está organizada e propondo outra maneira de promover o desenvolvimento, com menos concentração de renda e melhor distribuição da riqueza”, destaca Evandro Rosas.


Costureiras Ivone e Tereza planejam aumentar negócio

Lucro dividido e sonho de constituir firma
Na cooperativa de costureiras do Montanhês, somente três profissionais trabalham hoje em um pequeno ateliê construído com o dinheiro obtido do próprio trabalho. Dona Ivone Ribeiro conta que o grupo se formou a partir de um curso de costura, ministrado pelo Sebrae, em parceria com a prefeitura, no qual as participantes foram motivadas a formar uma cooperativa.

Já se passaram seis anos desde a formação do grupo. Lá, o lucro é dividido em quatro partes iguais: entre as três costureiras e a quarta parte para “girar o caixa”, ensina a responsável pelas finanças, Tereza Barbosa.

Neste ano, a prefeitura conseguiu comprar seis novas máquinas de costura, com ajuda de uma emenda parlamentar e, a partir daí, a produção deslanchou. As costureiras do Montanhês atendem os moradores do bairro e já produzem uniformes para as escolas da região. Em breve, planejam abrir uma firma para poder vender para outras instituições públicas.

Cozinhas Comunitárias não são implantadas

ITAAN ARRUDA

O Programa de Inclusão Sócio Produtiva e Economia Solidária, formulado pelo ex-governador Binho Marques, perdeu ritmo na gestão de Tião Viana. O exemplo de maior impacto, talvez, seja o projeto das Cozinhas Comunitárias, orçado em R$ 1,2 milhões com ações articuladas pelo Governo do Estado junto ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em tese, não há mais tempo hábil para execução porque o tempo previsto no projeto das cozinhas era até dezembro de 2011.


Maria Eliane, líder comunitária

O Programa de Inclusão Sócio Produtiva e Economia Solidária estava orçado em R$ 40 milhões com ações de impacto comunitário em todo Acre em áreas denominadas pela gestão anterior de Zonas de Atendimento Prioritário (ZAP’s), regiões com alta concentração de famílias em situação de pobreza e pobreza extrema. No Acre, seis municípios são integralmente compostos por populações pobres ou vivem em extrema pobreza. São eles: Assis Brasil, Jordão, Manoel Urbano, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter e Santa Rosa do Purus.

O programa previa atender ainda famílias com perfil que se enquadrava no Cadastro Único (CadÚnico) com renda familiar mensal per capita de até ½ salário mínimo. Segundo dados oficiais, 54% da população acreana se está no perfil Cad-Único. A informação do próprio governo reforça a necessidade de estimular qualquer iniciativa de estímulo ao c]ooperativismo e ao associativismo.

Para implantar o projeto das Cozinhas Comunitárias, técnicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento para Segurança Social articularam reuniões em várias comunidades de Rio Branco e Cruzeiro do Sul para trabalhar na concepção e aplicação do projeto. Hoje, o projeto das Cozinhas Comunitárias integra parte dos trabalhos da Secretaria de Pequenos Negócios. O projeto inicial previa a construção de três cozinhas comunitárias em Rio Branco e uma em Cruzeiro do Sul.

Paralelo a isso, técnicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento para Seguridade Social obedeceram aos rigorosos critérios de transparência exigidos pelos ministérios e pelo BNDES. Muito esforço e recursos foram disponibilizados para o projeto abandonado.

A comunidade opinou, participou, reclamou, sugeriu. Durante a mudança de governo, não foram concretizadas as ações no cotidiano das comunidades visitadas. E isso será lembrado no momento oportuno. “Naquele momento, eu me senti muito bem”, revela uma das líderes comunitárias da região do bairro Chico Mendes, Maria Eliane. “Era uma coisa que viria para a melhoria da minha comunidade”. Hoje, Eliane não mora mais no bairro, mas coordena o Conselho Comunitário da Regional 3, que envolve 34 bairros da Capital. Ela era uma das mais atuantes na época das discussões sobre a formação das cooperativas para a construção das Cozinhas Comunitárias.

Mesmo diante da paralisação em torno do projeto, Eliane acredita que o atual governo vai dar sequência às Cozinhas Comunitárias. “Eu acredito que o governo vai concluir o projeto”, disse. “Se não acontecer, com certeza, eu vou saber cobrar”.

Governo promete retomar projeto
A secretária-adjunta de Pequenos Negócios, Sílvia Monteiro, é uma militante do movimento comunitário em Sena Madureira. Sabe, como poucos, a importância de um compromisso anunciado junto aos moradores. Ela deu garantias de que o projeto iria ter continuidade. Com uma ressalva. “Haverá adaptações”, diferenciou. “Nesse processo, existe o nosso olhar sobre o projeto”.

 


 

Setul e empresários do Acre participam de rodadas de negócios no 6º Salão do Turismo

* Potencialidades turísticas e econômicas do Estado foram apresentadas no maior evento de turismo do país

MAÍRA MARTINELLO

Empresários, artesãos, produtores e representantes do Governo do Estado participam, desde a última quarta-feira, 13, da 6º edição do Salão do Turismo, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo. Num estande temático organizado pela Secretaria Estadual de Turismo (Setul), foram apresentados diversos produtos da culinária e do artesanato regional, bem como as potencialidades e rotas turísticas do Acre. As biojóias, o artesanato indígena e outros utensílios de decoração produzidos por cooperativas acreanas ganharam destaque no evento. Somente no primeiro dia, foram negociados mais de R$ 10 mil em produtos.


Secretária Estadual de Turismo, Ilmara Rodrigues, entre os artesãos acreanos que participaram do evento

O representante da cooperativa Cooesa, Carlos Taborga, ficou entusiasmado com as vendas do grupo. “Conseguimos R$ 3 mil em uma só venda”, comemorou. Além da Cooesa, participaram também representantes das cooperativas Paiol e Buriti da Amazônia.

“A participação do Estado superou não só as nossas expectativas, mas também a dos visitantes, que faziam fila para prestigiar o estande do Acre. Até mesmo o ministro do Turismo, Pedro Novais, deu visibilidade ao nosso espaço, parando sua programação para nos visitar. Os artesãos que levamos para apresentar seus produtos venderam tudo no primeiro dia e terão que contratar mais pessoas para dar conta das encomendas. Fiquei emocionada com o prestígio que recebemos”, relatou a secretária de Turismo do Acre, Ilmara Rodrigues.

Ela destacou a importância da apresentação do Acre no Salão, que é considerado o maior e mais importante evento para promoção e comercialização dos roteiros turísticos, desenvolvidos a partir das diretrizes do Programa de Regionalização do Turismo, do Ministério do Turismo. “É um momento importante para o desenvolvimento do turismo do Acre como uma atividade econômica capaz de gerar mais empregos e renda”, disse.

Além dos artesãos levados pelo governo estadual, empresários do ramo de hotelaria, alimentação e viagens participaram de rodadas de negócios com empresários de diversos locais do país, trocando experiências e vendendo pacotes turísticos do Estado.


Ilmara recepcionou o ministro Pedro Novais no estande

Fecomércio aposta na profissionalização do setor
A Câmara Empresarial de Turismo da Fecomércio do Acre (CET/AC) também participou do 6º Salão do Turismo. O turismólogo Sidney Tapajós representou a entidade, com o objetivo de conhecer as atividades turísticas realizadas no país e, com isso, desenvolver outras formas de planejar e implantar novos produtos e serviços do segmento no Acre.

“Participamos de mesas redondas, fóruns e debates e conhecemos novas culturas do Brasil, criando expectativas positivas de continuar esse sonho de inclusão do Acre no roteiro dos turistas nacionais e, num futuro próximo, dos turistas internacio-nais”, afirmou Tapajós.

O presidente da Fecomércio-Acre, Leandro Domingos, ressaltou os investimentos que vêm sendo realizados pela instituição.

“O turismo no Acre é muito recente. Estamos, a cada dia, preparando e conscientizando a rede turística local para o atendimento aos turistas que tem visitado o Estado. O Sistema Fecomércio, através do Senac, tem feito capacitações constantes para qualificação da mão de obra. Acredito que nossa gastronomia, riqueza histórica e o comércio forte são fatores motivantes para o crescimento turístico da região”.

Categories: Acre Economia
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