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Expoacre 2011 apresenta as novidades da base de produção

A Expoacre 2011 apresentou as inovações do setor industrial. O movimento ainda é tímido e a oferta de produtos não se diferencia de outras regiões do país e nem guarda relação com a identidade regional. É difícil (para não dizer impossível) colocar valores culturais na produção de detergentes, amaciantes ou tubos e conexões. A novidade é justamente, ter a possibilidade de consumir esses produtos feitos aqui, por gente acreana. São centenas de empregos gerados diretamente. São centenas de famílias que vão, aos poucos formando o perfil da indústria local.
O destaque fica por conta de um empresário de Cruzeiro do Sul que teima em produzir salgadinhos a base de milho com importação de insumos do Mato Grosso. São mais de 2 mil quilômetros que devem ser transpostos em uma época precisa do ano, desafiando ora o inverno amazônico, ora o verão que impede a travessia do rio Madeira.

Ogoverno ainda é o grande articulador e aponta tendências econômicas em várias áreas. A quarta gestão da Frente Popular, liderada pelo governador Tião Viana, quer emplacar a idéia de que a industrialização é a saída lógica para distribuir renda e melhorar os indicadores sociais. O Governo do Acretem grandes desafios a superar, desde a desqualificação da mão de obra até a falta da infraestrutura para o setor produtivo. Faltam estradas vicinais adequadas para escoar produção, falta profissionalismo e melhoria da produtividade na atividade agrícola. Em certa medida,a Expoacre 2011 mostra os esforços que estão sendo feitos.

De certa forma, a feira refletiu as ações do poder público. Em sete meses de governo, Tião Viana conseguiu reforçar a imagem de que o empreendedorismo pode estar presente em todos os setores, inclusive no serviço público; deu continuidade de antigos projetos, como a ZPE, por exemplo, e demonstra sintonia fina nas ações que conciliam economia e política.


Vários espaços da Feira de Exposições deu a oportunidade do povo acreano conhecer um pouco mais sobre o que é produzido no Estado

Na semana que passou, o jornal A Gazeta registrou o depoimento de um marceneiro de Porto Acre que diz ter sido preso uma vez na vida. O motivo: ter trabalhado. Por motivações políticas ou não, o fato é que as pequenas marcenarias empregam muita gente, garantem renda às famílias e atuam em uma atividade com evidente identificação com o povo da região. E, para a surpresa de muitos, foi o próprio governo quem procurou os marceneiros para estarem regulamentados diante da lei. Os aspectos legais devem ser observados com o cuidado necessário, tanto para garantir a sustentabilidade econômica quanto ambiental.

No entanto, é necessário que se diga: faltou à Expoacre uma condição mais ousada na discussão sobre a dimensão cultural do desenvolvimento. Na edição 2012 talvez essa possa ser uma novidade. Na semana que antecede à feira, a organização da feira pode estabelecer um debate sem medo da exposição ao contraditório. É obrigação do poder público fomentar a reflexão sobre as diversas relações que o desenvolvimento exige de todos os setores da sociedade. Seguro de estar no rumo correto, o Governo do Acre certamente não fugirá do debate. A Universidade Federal do Acre, fundações, Ong’s, sindicatos, movimentos sociais devem ser chamados à discussão. Um povo rico, do ponto de vista cultural, é um povo que sabe expor idéias de forma civilizada com a certeza de ser ouvido.

Meulhitos traz milho e óleo do Mato Grosso

A indústria ‘Meulhitos’, com sede em Cruzeiro do Sul, compra insumos do Mato Grosso para garantir produçãode salgadinhos à base de milho no Vale do Juruá. Em média, são usadas 15 toneladas de milho por mês. O sócio-proprietário do Grupo Santos, responsável pelo produto, Francisco Souza dos Santos Júnior, justifica o trânsito de mais de 2 mil quilômetros do insumo. “O milho já vem beneficiado com a granulometria ideal para a produção dos salgadinhos”. A granulometria é o processo de divisão do grão em tamanhos iguais para a indústria alimentícia.

O isolamento a que está sujeita a comunidade do Vale do Juruá exige muito planejamento por parte da iniciativa privada. Para garantir o abastecimento da indústria, o Grupo Santos realiza estoque durante quatro meses por ano, justamente o período médio em que a estrada BR-364 fica aberta para o tráfego.

Expoacre_Os salgados Meulhitos são mais uma novidade apresentada no “Espaço Indústria” na Expoacre 2011. Em Cruzeiro do Sul, o Governo do Acre cedeu uma área de 1,2 hectares no Distrito Industrial para a instalação das unidades de refrigerantes e de salgados à base de milho. Com as duas unidades, são gerados 45 empregos diretos.O Grupo Santos investe também na produção do Guaraná Cruzeiro e no transporte em balsas com a empresa Navegação Santos.

O projeto que resultou na oferta do produto tem mais de 10 anos, mas somente em 2010 o Meulhitos foi ofertado no mercado do Juruá. “Os produtos semelhantes vinham de Manaus e, por isso, a logística encarecia o produto”, avalia Santos Júnior. “Sabíamos que o produto tinha forte aceitação no mercado local”. O empresário diz que não fez pesquisa de viabilidade de mercado. “Fizemos uma pesquisa ‘informal’”, relata. O investimento inicial para aquisição do maquinário foi de R$ 300 mil.

Os diretores do Grupo Santos asseguram que o produto só não entrou ainda no mercado do Vale do Acre em função do isolamento que vive a comunidade do Juruá.

Indústria quer fazer a troca do óleo de soja pelo de dendê
O óleo de sojaé um dos insumos que compõeo salgadinhos Meulhitos. Para diminuir os custos de produção, a direção do Grupo Santos assinou um termo de cooperação técnica com a Fundação de Tecnologia do Acre para mudar uma das bases de confecção do alimento para o óleo de dendê.A assinatura do documento aconteceu na última quinta-feira, no Espaço Indústria instalado na Expoacre.

As pesquisas para aplicação do óleo de dendê vão ser feitas na própria indústria e são custeados pelo Ministério de Ciência e Tecnologia por meio do Programa de Apoio à Pesquisa e Inovação nas Empresas (Pape). O resultado, caso seja aprovado, deve entrar na cadeia produtiva em seis meses. O Ministério da Ciência e Tecnologia investiu R$ 2 milhões. Essa verba já estava à disposição do Governo do Acre desde o ano passado e seria devolvida para os cofres federais caso não houvesse aplicabilidade nas empresas regionais.

Grupo Santos investe R$ 700 mil em transporte terrestre
Com abertura definitiva da BR-364 anunciada pelo Governo do Acre, o Grupo Santos anuncia investimentos de R$ 700 mil na aquisição de novas máquinas de transporte terrestre.São dois bi-trens e uma carreta que devem fazer o abastecimento do maior mercado consumidor do estado, o Vale do Acre.

Mais R$ 26 milhões em investimentos na indústria acreana

Nos próximos meses, a iniciativa privada vai investir cerca de R$ 23,5 milhões no Parque Industrial do Acre. Na noite de sexta-feira, 29, a Comissão da Política de Incentivos às Atividades Industriais (Copiai) aprovou durante reunião no Parque de Exposições, a concessão de áreas para sete novas indústrias que já estão em processo de instalação.

Copiai define sete novas empresas para o Distrito Industrial e investimento privado de R$ 20 milhões

Durante a reunião, também foram aprovados incentivos fiscais para duas empresas que já fizeram investimentos de R$ 1,9 milhão, além da doação de 17 hectares de terra para outras sete empresas.

“Em uma única reunião aprovamos projetos de empresas que vão investir mais de 23 milhões e meio no Parque Industrial”, comemorouo secretário de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio, Serviços, Ciência e Tecnologia, Edvaldo Magalhães. “Teremos novos produtos no mercado e a geração de mais emprego.”

Durante a reunião da Copiai, representantes de várias empresas tiveram a oportunidade de fazer a apresentação de seus projetos, explicando os investimentos que serão feitos no Acre.


Empresas que vão se instalar no Parque Industrial

# Agrorecuperadora Indústria e Comércio Vida Verde (fábrica de rações para animais)
# Ferroarte Construções
# Fibra Acre (derivados de plásticos)
# Acre San (tubos e conexôes)
# Mirandex (vidros temperados)
# Ribeiro e Maia (indústria de castanha)
# Dudy Alimentos

Copiai: entrada de novos empreendimentos
A Comissão da Política de Incentivos às Atividades Industriais é a primeira porta que os empresários batem para consolidar um empreendimento no Acre. É trabalho da comissão fazer uma análise da proposta do negócio, perceber se a modalidade de atividade comercial tem condições de ser efetivada aqui.


Setores produtivos da madeira, de alimentos e da pecuária de corte criam diversificação das bases industriais

A Copiai tem condições, por exemplo, de formular relatórios sugerindo a outros órgãos de governo tratamento diferenciado ou não. Concessões de terrenos públicos por tempo determinado; isenções tributárias também podem ser avalizadas pela comissão.

Em estados do Sul e do Sudeste essa estrutura pública é muito valorizada porque, por meio dela, é que se concretiza a tão temida “guerra fiscal”, uma estratégia do poder público para atrair investimentos privados.

No Acre, os agentes públicos garantem que não se aplica a “guerra fiscal” com o argumento de que não se dispõe de condições financeiras para fazer concessões tributárias.

Tubos e conexões do Acre podem entrar no mercado peruano
Outra novidade pouco conhecida do público foi apresentada no Espaço Indústria na Expoacre. Tubos e conexões já são produzidos aqui no estado a um custo relativamente baixo. Com investimentos de R$ 200 mil, a AcreSan emprega diretamente 9 pessoas, está no mercado há apenas 3 meses e já tem no portfólio clientes como Via Verde Shopping e Ábaco Engenharia. E já anuncia expansão para novas regiões.


AcreSan prioriza interior do Acre e dos municípios peruanos. Empresa foi uma das beneficiadas por concessões do governo

“Após a Expoacre, vamos priorizar a nossa presença no interior”, revela o proprietário Ilson Júnior. O mercado peruano, sobretudo os pequenos municípios, está na meta da empresa também. “Tenho que aproveitar esse momento de crescimento econômico pelo qual o Acre está passando”.

A AcreSan trabalha com o sistema de estoque mínimo e atua sob demanda. O mercado da construção civil em Rondônia também é prioridade e já tem até prazo para iniciar a comercialização. “Em dois meses”, assegura Júnior.

Na sexta-feira, a Secretaria de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Indústria e Comércio formalizou a concessão de terreno para instalação da empresa no Distrito Industrial.

Pisos de madeira são produzidos por cooperativas
No Espaço Indústria, a Tropical Parquet apresenta o resultado dos trabalhos de 21 famílias cooperadas, escolhidas entre os integrantesdo CadÚnico. Além de produzir os pisos, a cooperativa também faz a instalação, um serviço exclusivo que existia na Capital no início da década dos oitenta e que desapareceu do mercado local. É retomado agora com trabalho comunitário da Baixada do Sol.

Hoje, a Tropical Parquet tem apoio da Secretaria de Estado de Pequenos Negócios e utiliza a estrutura do Pólo Moveleiro para produção e apresentação dos trabalhos.

 


Cinco setores são estratégicos para Grupo Gloria no Acre

ITAAN ARRUDA

Papel e celulose, beneficiamento de leite, concreto, álcool e fertilizantes. São esses os setores apontadoscomo possíveis investimentos do Grupo Gloria no Acre. Não por acaso, a holding peruana, com empreendimentos na Bolívia, Colômbia, Equador, Argentina e Porto Rico, inicia um lento e ponderado diálogo com o Governo do Acre para estender consolidar atividades comerciais no mercado brasileiro. O Acre está estrategicamente bem localizado e, nos últimos 12 anos, tenta tirar o atraso de décadas com instalação de infraestrutura para o setor produtivo. Com três destaques: Zona de Processamento de Exportação, Estrada do Pacífico e a pavimentação da BR-364. O presidente do Grupo Gloria, Vito Rodriguez Rodriguez admitiu. “Podíamos investir no Amazonas, mas lá eles não têm a estrada”.


Diretores do grupo conhecem empresa no distrito industrial

Durante as conversas com o secretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Indústria e Comércio, Edvaldo Magalhães, o presidente do Grupo Gloria sentenciou. “Que vamos investir, não tenha dúvidas”, assegurou. “Resta saber em quais setores”.

Por que o Acre?
Embora com pouca qualificação, a mão de obra acreana é barata, um atrativo a mais para um conglomerado que emprega milhares de pessoas nos cincopaíses onde mantém empreendimentos. Os incentivos fiscais e as garantias de pouca dor de cabeça com legislação trabalhista e ambiental parece que estão dando o tom das conversas. Ao menos, é o que fica sugerido na fala do governador Tião Viana, no primeiro encontro com representantes do grupo, em abril deste ano. “Vocês encontrarão facilidades e acolhida no Acre e terão segurança jurídica para se sentirem em seu próprio país”, sentenciou Viana. “Só queremos emprego e salário e em troca oferecemos incentivos para o crescimento da empresa”.

Com uma garantia dessas, poucos empresários não se sentem atraídos. A proximidade do Acre com regiões com forte vocação para o agrobusiness como Rondônia e Mato Grosso também ajudam a trazer a empresa. É intenção do grupo em produzir fertilizantes, insumo necessário para a correção do solo na produção de soja. O calcário necessário para elaboração do produto pode vir da região de Arequipa, ser beneficiado na Zona de Processamento de Exportação e comercializado com os estados brasileiros dentro do limite de 20%, como estabelece a legislação que obriga que 80% do que for beneficiado na ZPE seja exportado.

Leite
A produção de leite, caso seja viável economicamente para o Grupo Gloria, pode mudar a estrutura da cadeia produtiva da pecuária leiteira no Acre. A produção regional beira ao amadorismo, mesmo com todos os esforços do Governo do Acre em profissionalizar mão de obra e capitalizar produtores e cooperativas. O Acre já foi referência em produção de leite e derivados na década dos oitenta. Hoje, consome uma média diária de até 60 mil litros de leite vindos de Jaru, município de Rondônia, localizado a quase mil quilômetros de Rio Branco.

O knowhow de uma empresa com 60 anos no mercado e que exporta para 39 países na América Central, Caribe e partes da África pode ser estratégico para melhorar a qualidade de uma cadeia produtiva formada praticamente por mão de obra familiar na base de extração.

Cimento
A região de Arequipa produz uma jóia para o setor da construção civil: o cimento. Há tempos, os empreiteiros acreanos sabem da boa qualidade do produtoperuano, mas não conseguem comercializar nas poucas rodadas de negócios promovidas por aqui. O destaque do Grupo Gloria é o cimento Yura.

Não ficou claro, no entanto, como pode se efetivar a importação do cimento e quais os processos legais devem ser obedecidos para iniciar a comercialização. Em tempo: o Grpo Gloria já construiu uma base de armazenagem na cidade de Iñapari, fronteira com Assis Brasil. “Avaliar emos parte técnica e financeira”, diz presidente do Grupo.

O presidente do Grupo Gloria, Vito Rodriguez Rodriguez, afirmou que agora, é hora de fazer avaliações. “Temos que ponderar a parte técnica e a parte financeira”, afirmou. O fato é que,na visita realizada na semana passada, houve um precioso indicativo do real interesse do grupo peruano em instalar uma unidade no Acre: a visita do presidente Vito Rodriguez Rodriguez foi antecipada sem nenhum impre-visto de agenda que justificasse.

Uma simples antecipação de agenda, no universo dos negócios, pode indicar fatores que podem ser trabalhados de forma inteligente na mesa de negociações.


Grupo já tem infra-estrutura consolidada

Perguntas ainda não respondidas
Sejam quais forem os setores de interesse do Grupo Gloria, como o Governo do Acre se portará em relação ao cumprimento da legislação ambiental? E em relação à legislação trabalhista? Quais relações serão possíveis entre o Grupo Gloria e o Farias para efetivar produção de álcool combustível e açúcar no Acre? Que participações o BNDES pode ter para efetivação dos empreendimentos?

Política como fator de integração
É preciso reconhecer que o sonho da integração latino-americana é um projeto do pensamento dos partidos políticos identificados com os ideários de esquerda. Embora, na prática, essa integração tenha se tornado concreta com ações efetivas de lideranças políticas da socialdemocracia. De um lado e de outro da fronteira.O fato é que o discurso romântico da esquerda foi apropriado como retórica para atender a interesses econômicos. E isso é dito sem que se faça nenhum julgamento. É apenas uma constatação que tem transformado a geografia econômica de toda região.

Na história recente do Acre, esse panorama fica mais claro, com interesses econômicos permeando a costura política em todos os níveis. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) compreendeu isso como poucos. No trabalho em parceria com o então governador Jorge Viana (PT), inaugurou a pavimentação da Estrada do Pacífico em Assis Brasil com a presença do também presidente peruano Alejandro Toledo. Foi um dos últimos gestos públicos de Cardoso no comando da presidência.

Em 2002, Lula se elegeu prometendo “fortalecer o comércio na fronteira” e trabalhou em sintonia com o projeto populista de Alejandro Toledo. Empresas de construção brasileiras deram continuidade à pavimentação da Caretera Transoceanica que será inaugurada pelo representante da esquerda peruana OllantaHumala.

Na última quarta (27), o agora senador da República pelo Acre, Jorge Viana, foi o único parlamentar a acompanhar a presidente Dilma na comitiva oficial para a posse de Humala na presidência. A presença de Viana não foi um acaso. Ele é o precioso articulador político na região que garante o tom exato nosmovimentos de natureza econômica. Humala, até onde se sabe, é um entusiasta da integração com o Brasil via Acre.

Foi o momento preciso para expor uma nova fronteira de investimentos tendo a integração como mote. Nas conversas com a presidente Dilma, outro velho projeto de integração regional entre Brasil/Peru veio à mesa: a ferrovia que liga Cruzeiro do Sul a Pucalpa. A presidente Dilma, informam os grandes jornais, conhece o projeto. Resta saber qual prioridade isso terá na agenda econômica oficial dos dois países. E em que tom o Acre será estratégico.

 


 

Fecomércio debate melhorias para o Plano Diretor de Rio Branco

MAÍRA MARTINELLO

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Acre (Fecomércio-Acre) formou um grupo de trabalho (GT) com objetivo de discutir e propor melhorias à Prefeitura de Rio Branco para revisão do Plano Diretor da Capital. O GT se reúne semanalmente e, até outubro, deve apresentar um relatório, apontando os principais problemas existentes hoje no ordenamento da cidade, que afetam diretamente o setor de serviços. O documento será anexado à documentação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, responsável pelo projeto de revisão, e, em seguida, levado para análise da Câmara de Vereadores.


Grupo se reúne semanalmente e deve apresentar relatório até outubro; Noel Ramalho coordena a equipe

Fazem parte do grupo de trabalho o presidente da Fecomércio-AC, Leandro Domingos, o empresário Noel Ramalho, que ficou responsável pela coordenação da equipe, além de engenheiros, arquitetos, economistas e advogados.O convite para Federação colaborar na revisão do Plano Diretor partiu do prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim, que ressaltou a importância de envolver todos os segmentos da sociedade para que sejam delineadas estratégias que garantam a implementação eficiente do planejamento da Capital nos próximos anos.

“O comércio é o maior ocupante do município e convive diariamente com as dificuldades relacionadas à organização da cidade e, conseqüentemente, com as questões tratadas pelo Plano Diretor”, explica Noel Ramalho.

Entre os gargalos apontados pelo GT está a “supervalorização dos terrenos” no perímetro urbano de Rio Branco e o grande número de lotes sem regularização, o que, na visão da Fecomércio, tem prejudicado muito os comerciantes com necessidade de abrir ou expandir os negócios.

“As áreas de construção estão cada vez mais escassas, e os preços cobrados pelos terrenos aumentaram de forma desproporcional. A implantação de novos empreendimentos é a base para expansão da economia, e daí a nossa preocupação em apontar soluções para melhorar a situação. A expansão do perímetro urbano de Rio Branco, com condições de infraestrutura, é imprescindível para o desenvolvimento da cidade”, destaca o coordenador do GT.

Outros problemas em análise são a lentidão no fluxo de aprovação de projetos para iniciar uma obra e o excesso de proibições e burocracia para iniciar uma atividade comercial no município. “Os custos são elevados e as exigências são tão grandes que, se não for uma grande empresa, dificilmente é possível entrar no mercado e se manter. O que nós queremos é retirar os excessos para que os pequenos também tenham oportunidades e para que o processo seja mais ágil. Com isso, ganham todos, inclusive o poder público, que aumentará a arrecadação”, diz o empresário.

Sobre o Plano Diretor
O Plano Diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento do município. Sua principal finalidade é orientar a atuação do poder público e da iniciativa privada na construção dos espaços urbanos e rurais e na oferta dos serviços coletivos essenciais, visando assegurar melhores condições de vida à população. O novo Plano Diretor de Rio Branco foi aprovado em 2006, com ampla participação da sociedade civil organizada. Na época, ficou estabelecido que o documento passaria por uma revisão, de 4 em 4 anos, como forma de garantir a sua atualização. Habitação, saneamento, transporte, gestão democrática e meio ambiente são alguns dos eixos temáticos tratados pelo Plano Diretor.


ARTIGO

Desenvolvimento sustentável: um conceito que está na moda

* Anderson de Aguiar Mariano

Quando pensamos na expressão Desenvolvimento Sustentável, logo nos vem à mente as imagens de ecossistemas, conservação, desenhos na cor verde, propagandas alegres, apelos por espécies em extinção, campanhas de reciclagem, ambientalismo. Poucas vezes olhamos para esse conceito como fruto de um processo histórico e teórico de evolução. Ao contrário, o termo foi se popularizando e aos poucos perdeu seu grande mérito: conciliar em uma mesma teoria o velho dilema entre crescimento econômico e redução da miséria, de um lado, e preservação ambiental de outro. Esse é o desafio apresentado por este texto: relembrar os pilares conceituais sobre o tema e vislumbrá-los no contexto econômico-social do Acre.

Evolução do conceito
A discussão não é recente. Nas décadas de 60 e 70, alguns estudiosos apocalípticos reuniram-se no chamado “Clube de Roma” e assustaram a humanidade com um documento denominado “Os Limites do Crescimento” (ou Relatório Meadows), em que, fazendo uma projeção para 100 anos, afirmavam que para atingir a estabilidade econômica e respeitar a limitação dos recursos naturais era necessário congelar o crescimento da população global e do capital industrial. As discussões evoluíram e a expressão Desenvolvimento Sustentável foi definida estruturalmente pela primeira vez em 1987, pela ONU, que elaborou um documento denominado “Nosso Futuro Comum”, onde os governos signatários se comprometiam a promover o desenvolvimento econômico e social em conformidadecom a preservação ambiental. Nesse relatório foi elaborada a definição mais difundida do conceito: “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das gerações futuras  atenderem suas próprias necessidades”.

Essa definição em sua essência é incompleta. Mesmo sendo sintaticamente bonita, deixa várias lacunas teóricas, ao não explicar claramente “as necessidades” e os limites que devem ser observados por cada geração. Todavia, esse não é o cerne da presente discussão. Temos que aceitar que a grande contribuição teórica desta corrente foi mostrar ao mundo acadêmico que era possível trilhar um novo caminho de desenvolvimento com a conjugação de esforços entre a sustentabilidade econômica, social e ambiental.

O que aconteceu no Acre
Com base nesse contexto teórico, no inicio da década de 90, um grupo de partidos políticos, conhecidos como “Frente Popular do Acre”, com representatividade nos movimentos sociais de base e com grande respaldo técnico (engenheiros, economistas, professores, médicos, advogados, dentre tantos), apresentou um modelo alternativo de desenvolvimento, caracterizado pela valorização dosrecursos naturais e adoção de políticas públicas sustentáveis, que se diferenciava diametralmente domodelo vigente à época (forjado na ditadura militar e que propunha a colonização e ocupação doAcre sob o viés da devastação ambiental).

Em 1999, esse grupo chegou ao poder no Acre, apresentando como plano de governo, a bandeira do Desenvolvimento Sustentável. Após três mandatos consecutivos e nos primeiros meses de uma quarta gestão, realmente podemos dizer que vivenciamos a aplicação de um modelo com essas características?E quais serão os resultados efetivos desse processo?

Ao analisarmos o Produto Interno Bruto – PIB, que é o indicador consagrado nacionalmente como expressão do panorama de situação econômica de determinado Estado, observamos que o Acre apresentou o 4º maior crescimento acumulado da Federação (44,05%) na série histórica de 2002 a 2008 (últimos dados disponíveis pelo IBGE). Esta sustentabilidade econômica é confirmada por outros indicadores, tais como: saldo na balança de pagamentos, diversificação na pauta de exportações, geração de empregos diretos, dentre outros (a versão atual do anuário de bolso Acre em Números detalha precisamente essas informações).

Em termos de sustentabilidade social e ambiental, em que a vinculação com os dados econômicos caracteriza o processo de Desenvolvimento Sustentável, é notório o esforço e êxito do Governo doEstado para melhoria da qualidade de vida da população. O indicador mais consolidado para a questão social talvez seja o Coeficiente de Gini, que é utilizado para medir o nível de concentração de renda (intervalo entre 0 e 1, onde 0 corresponde à completa igualdade de renda  e 1 corresponde à completa desigualdade). No caso do Acre, apresentamos uma redução de 0,60 em 2004 para 0,55 em 2008. Na questão ambiental, observamos a redução da taxa anual de incremento de desmatamento, saindo de 0,54 em 2002 para 0,17 em 2010.

Com base nestas informações, é notório que o processo de desenvolvimento sustentável para ser alcançado depende de planejamento dinâmico e da execução de programas integrados em longo prazo, bem como do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos, mas podem ser explorados de forma racional. O Acre hoje é exemplo de sucesso nesse tipo de política pública. O avanço nos indicadores econômicos não se traduziu em impactos negativos nos recursos naturais. Ao contrário, a política ambiental e o setor produtivo são parceiros em busca do desenvolvimento.

Dessa forma, não é coerente interromper todo esse arcabouço, mas garantir um caminho que reflita o desenvolvimento participativo e efetivo, com o princípio basilar de que as nossas riquezas sejam mutilizadas diretamente na melhoria da qualidade de vida do Povo do Acre.

*Anderson de Aguiar Mariano é economista, especialista em Inovação Tecnológica e Gerenciamento de Projetos pela Universidade Católica de Brasília e Fundação Getúlio Vargas

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