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Aleac vota o aumento de 20% para o funcionalismo

A votação do aumento salarial da Educação, Polícia Civil e Iapen, ontem, na Aleac, virou uma extensa novela com diferentes capítulos e a duração de 10 horas. Nos primeiros momentos os nove sindicatos e associações em greve da Saúde, Polícia Militar e Bombeiros pareciam querer radicalizar as negociações com o Governo. O deputado Eduardo Farias (PCdoB) anunciou aos sindicalistas que o governador Tião Viana (PT) estava pedindo para que fosse suspenso o estado de greve para reiniciar o diálogo com as categorias.
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Nesse momento, alguns dirigentes decidiram que o movimento era inegociável enquanto a equipe governamental não aceitasse conversar com o comando de greve em conjunto. A proposta seria na tarde ontem negociar com a Saúde e, hoje, pela manhã com policiais militares e bombeiros. A condição dos sindicatos era que, nesse caso, a votação prevista para aprovar o aumento da Educação, Polícia Civil e Iapen, programada para ontem fosse suspensa até todas as categorias chegarem a um acordo com o Governo.

Depois de muita discussão os deputados se reuniram por mais de uma hora. Ofereceram aos grevistas a proposta de pararem o movimento que eles adiariam a votação para hoje incluindo todas as categorias se houvesse acordo. Mas a reunião dos grevistas com o assessor especial, Francisco Nepomuceno, o Carioca parece ter azedado o acordo realizado na Aleac.

Os representantes dos sindicatos chegaram revoltados ao entardecer na Aleac gritando palavras de ordem para que a greve se radicalize. O presidente do Sindicato dos Médicos, que era o porta-voz de todos, Ribamar Costa desabafou: “a negociação foi um desastre. Desrespeitosa, deselegante e agressiva. Foi uma discussão muito baixa em que um representante de um Governo democrático insulta os trabalhadores. Estamos revoltados com essa postura. Todas as categorias estão unidas e vamos continuar o movimento e isso poderá ter desdobramentos imprevisíveis”, protestou. 

Houve um princípio de confusão nas galerias da Aleac entre os manifestantes revoltados enquanto os deputados se preparavam para votar o aumento das categorias com acordo. Alguns sindicalistas deixaram claro que a proposta costurada pelo líder do governo não havia nem ao menos sido considerada pelo negociador do Governo.

Oposição se abstém
Quando foram colocados em votação os aumentos da Educação, Polícia Civil e Iapen no início da noite, o major Rocha (PSDB) falou em nome da oposição. “O servidor foi desrespeitado e o Governo não entendeu o papel do seu líder Moisés Diniz que se empenhou por um acordo. Vamos questionar a constitucionalidade das matérias que concedem o reajuste porque excluem a Saúde, a PM e os Bombeiros. Por isso, a oposição decidiu votar em bloco pela abstenção”, declarou. Outros deputados oposicionistas também elogiaram a postura de Moisés Diniz e acusaram o assessor do governo que recebeu os sindicatos pela continuidade da greve. No final a votação foi de 15 votos favoráveis a 8 abstenções.

Moisés Diniz chora na tribuna
Visivelmente emocionado e contrariado pelo seu esforço não ter surtido o efeito desejado, o líder do governo teve as primeiras palavras do seu discurso embargadas pelas lágrimas. “Tenho a convicção que uma sociedade só se constrói se os homens forem grandes. Aqui na Aleac lutamos contra a intolerância e a miopia de percebermos que somos todos irmãos. Aqui é a Casa do diálogo”, declarou.

Moisés elogiou a oposição pela sua posição na votação. “Quero parabenizar a atitude dos oposicionistas e a coragem da base governista em votarem esse projeto. Esse dia vai ajudar a mudar as relações políticas no Acre. A greve na Saúde mexe com vidas e, por isso, me expus. Prefiro o voto do consenso ao do trator em que se tem a maioria, vota e acabou”, desabafou.

O parlamentar, apesar do fracasso das negociações, prometeu receber hoje às 9 horas as categorias em greve para ouvi-las e levar suas reivindicações diretamente ao governador Tião Viana (PT). “Sairei muito constrangido se entrarmos em recesso sem que a Saúde, a PM e os Bombeiros tenham seus pleitos atendidos. Estava pedindo algo simples: os sindicalistas sentarem com o Governo, suspenderem a greve, aceitarem os 20% e acertarem uma agenda para a negociação das outras pautas”, ponderou.      

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