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Angelim: “estou pronto para disputar qualquer cargo eletivo em 2014”

A crise econômica internacional acabou refletindo-se nos municípios brasileiros e afetou muito a prefeitura de Rio Branco com um corte orçamentário de R$ 20 milhões em 2010. A situação atingiu emocionalmente o prefeito Raimundo Angelim (PT) que resolveu se recolher por um tempo para meditar. Ele não esconde que passou um período difícil com os cortes do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e a derrota da Frente Popular, na Capital, que alguns atribuíram a sua administração.
Angelim
Nessa entrevista exclusiva À GAZETA, Angelim mostra um novo ânimo para completar a sua gestão. Revela que os momentos ruins são águas passadas e que não pretende abandonar a política depois da prefeitura. Como coordenador político da sua sucessão Angelim dá as dicas do perfil do candidato da FPA e avisa que a oposição está “cantando vitória” antes do tempo.

Sucessão na prefeitura
Angelim terá a missão de coordenar o processo sucessório municipal. “Já fizemos algumas reuniões com a direção do PT. Vamos fazer uma sondagem para definir qual é o perfil do nosso candidato com base num plano de trabalho de quem poderá dar continuidades às transformações que estamos realizando na prefeitura. Com as diretrizes das áreas priorizadas numa futura gestão vamos definir quem estará preparado para executar. Chegando ao perfil iremos reunir primeiramente o PT e depois os nossos aliados tradicionais, o PCdoB e o PSB e, posteriormente os partidos menores. Até o final de julho teremos um plano de trabalho e o perfil do nosso candidato. O candidato pode ser mulher ou homem, pode ser que tenha mandato eletivo, mas não necessariamente. Pode ser ainda alguma liderança do mundo acadêmico, empresarial ou do movimento social”, revelou.

Indagado se pessoalmente acha que o candidato deve ser técnico ou político, Angelim explicou: “imagino um técnico que tenha um viés político com habilidade para o diálogo permanente e tolerância para enfrentar os desafios de Rio Branco. Não podemos voltar a ter um gestor que seja eminentemente político e que retroceda aos velhos tempos do compadrio em que só se fazia obras em áreas de aliados políticos. Naquela época o movimento social não definia as políticas públicas municipais. Na nossa gestão mudamos essa feição. Temos 196 lideranças sociais que são os conselheiros que se reúnem periodicamente para discutir as áreas ambientais, educação, saúde, agricultura. Agora mesmo estamos realizando as pré-conferências de saúde com mais de oito mil pessoas discutindo o tema”, ponderou.

Mais de um candidato da FPA
Outro questionamento colocado para o prefeito diz respeito à possibilidade de valorizar as lideranças dos aliados políticos da FPA através de mais de uma candidatura em 2012. “Acho interessante e certamente vou colocar na pauta das discussões essa possibilidade. À medida que vamos cumprindo o calendário eleitoral a gente vai definindo. Mas existe a possibilidade de termos mais de um candidato. Tudo vai depender das ações que acontecerão dentro do nosso grupo político. É uma tese que merece ser avaliada”, argumentou.

Favoritismo da oposição
Angelim acha que as forças políticas oposicionistas estão se precipitando ao se considerarem vitoriosas em 2012. “Cada eleição tem uma história diferente. Não podemos comparar uma eleição para governador com uma municipal. Acredito que a oposição está indo com muita sede ao pote e se esquecendo de combinar com o eleitorado. Nós estamos todos os dias conversando com a população, trabalhando e dialogando. Acho que o embate será muito mais difícil do que estão imaginando. Tanto a prefeitura quanto o Governo estão trabalhando cada vez mais unidos. Temos nos reunido com a militância da FPA que está aguerrida e quer ir à rua no momento certo. Estamos próximos do povo e a oposição acha que já ganhou. É preciso ter mais humildade para saber se é isso mesmo que as pessoas querem”, respondeu.

Projetos eleitorais
Alguns projetos em execução, na opinião de Angelim, poderão ajudar a balança pró-FPA durante as próximas eleições.  “Com as Ruas do Povo só Rio Branco, fora a parceria com o Estado, fará 167 ruas que representa 49 Km de pavimentação. Em conjunto com o Estado estamos pavimentando 15 Km e o Deracre com outras empresas está realizando mais trabalhos. Acredito que até as próximas eleições Rio Branco estará com a maioria das suas ruas com intervenções. O compromisso do governador Tião Viana (PT) é até o final do seu mandato em 2014. Agora, dificilmente se vai a algum lugar de Rio Branco que não tenha obras”, avaliou.

Outras ações também poderão angariar a simpatia da população, segundo Angelim. “Não temos só o Ruas do Povo. Numa parceria com o Estado os nossos centros de saúde têm uma média de atendimentos de 19 mil e 300 pacientes por mês. Isso nunca foi visto na história de Rio Branco. Fora o atendimento de média e alta complexidade nas Upas e Hospital das Clinicas. Temos melhorado muito o nosso processo de urbanização e a participação das comunidades. Na educação estamos com um esforço tremendo para mantermos a nossa média no Ideb que é a sexta nacional entre todas as capitais. Trabalhamos a prevenção das queimadas urbanas, a educação ambiental e plantamos nas áreas degradas. Além do saneamento com a ligação da adutora do Segundo Distrito, na Ponte da Via Verde. Aquela região terá água 24horas assim como no Calafate e no Portal da Amazônia. A comunidade está tendo um conjunto de ações oferecidas e, no momento certo, iremos fazer a divulgação”, garantiu.

Calcanhar de Aquiles
Por outro lado, Angelim admite que a dengue e os buracos de algumas vias da cidade podem ter um efeito negativo nas eleições. “Era uma regra em Rio Branco os prefeitos pararem o trabalho no inverno. Nós a quebramos com ações os 12 meses do ano através das equipes da Emurb tapando buracos. Mas nós temos como prioridade os corredores de ônibus. Nas vias transversais mantemos a operação Tapa- Buraco com 10 equipes”, explicou.

Em relação à dengue, o prefeito acha que a mídia nacional comete uma injustiça com o Acre.  “O Estado e o município fazem um enfrentamento que é um exemplo para outras cidades. Mas a mídia nacional prefere dar uma ênfase negativa à dengue em Rio Branco. Nós tivemos no inverno passado apenas um óbito e em outras capitais como Rio de Janeiro e Belo Horizonte passaram de 70. Não vi a mídia nacional divulgar. Parece que o Acre está na vitrine. Temos controle sob a epidemia. Depois que fizemos a parceria com o Estado conseguimos debelar a dengue. Enquanto outras capitais com muita mais estrutura e urbanização tiveram dezenas de óbitos. Agora, a dengue depende de educação da população. Duvido que tenha uma pessoa em Rio Branco que não saiba as medidas que tem que ser tomadas em relação à dengue. Algumas pessoas sabem, mas não tomam a atitude de combater dentro do seu quintal. Imagino que teremos números menores no próximo inverno”, garantiu.

Momento difícil
Muito se especulou que Angelim pretendia abandonar a política. Ele admite que realmente passou por um momento de incerteza na virada do ano. “Algumas pessoas dizem que no executivo é preciso ter uma couraça. Mas eu sou o mesmo Angelim dando aulas na universidade ou na prefeitura. Sou uma pessoa e tenho as mesmas sensibilidades de qualquer ser humano. O que aconteceu é que logo após o ultimo trimestre de 2010 tivemos uma crise de recursos em todos os municípios brasileiros. Para se ter uma idéia, em 2010, a prefeitura deixou de receber do Governo Federal R$ 20 milhões de FPM. Isso impactou os compromissos assumidos com as comunidades”, confessou.

Outro fator que abateu o ânimo de Angelim foi ser acusado por alguns setores da FPA de ser o responsável pelo resultado eleitoral de 2010 na Capital. “Muitos tentaram imputar ao prefeito Angelim a baixa votação dos nossos candidatos em Rio Branco. Tudo isso me impactou e confesso que passei alguns dias refletindo em como dar a volta por cima. Não posso ser responsabilizado sozinho tem que haver uma reflexão coletiva da FPA. Real-mente fiquei muito introspectivo pensando em como resolver os problemas. Existe a solidão do poder. Alguns querem ser gestores para fazer o auê da política e transformar a prefeitura em palanque eleitoral. Para esses não tem tempo ruim. Mas quando se leva a gestão com responsabilidade é preciso assumir também as nossas fragilidades”, admitiu.

Ele fala como conseguiu reverter o quadro desfavorável. “Fizemos cortes profundos de gastos da prefeitura e estabelecemos as prioridades. Mesmo assim passamos para 2011 com 14 milhões de déficit. Mas estamos liquidando o débitos e num ano muito bom. Demos a volta por cima e fizemos um planejamento que está dando certo. Estou muito mais motivado do que nos outros seis anos. Acredito que vou terminar a minha gestão com um saldo muito positivo de ações e obras e, principalmente, com uma boa aceitação da comunidade”, salientou.

Futuro político
Renovado pelo novo momento, Angelim define as suas metas futuras. “Não vou abandonar a política. Terminando o mandato vou tirar alguns dias para descansar e estarei inteiramente à disposição do meu partido para qualquer missão que me confiarem para 2014. Se o partido disser que precisa de mim para a Aleac, a Câmara Federal ou o Senado estarei pronto. Não gosto daquela frase de que sou um soldado do partido. Isso eu não sou, mas sou um filiado que cumpro as minhas obrigações e à disposição para qualquer missão que me escalem. Sou um eterno aprendiz na política. Quem afirma que já sabe tudo está enganando as pessoas. Naquilo que a população confiar em mim cumprirei com compromisso, envolvimento e muito trabalho”, finalizou. 

 

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