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Suplentes já são 18,5%

 A chegada de três novos suplentes ao Senado em menos de um mês amplia o grupo de parlamentares que não sabem o que é receber um voto para senador e provoca uma movimentação política completamente descolada do resultado das urnas. Já são 15 os suplentes que passam a ocupar o lugar dos titulares, uma troca que vem beneficiando diretamente a base aliada do governo. Sem qualquer esforço, negociação ou oferta de cargos, a presidente Dilma Rousseff ganhou cinco novos aliados no Senado, que substituíram senadores filiados ao PSDB, ao DEM e ao PPS, partidos de oposição ao governo.

 O último suplente a tomar posse foi o pecuarista Antônio Russo Netto (PR-MS), no lugar da senadora Marisa Serrano (PSDB-MS). A tucana fez opção por uma vaga de conselheira no Tribunal de Contas do Estado (TCE) e seu substituto perdeu há um tempo a disposição de enfrentar o governo. Quando Marisa venceu a eleição para o Senado, em 2006, Russo estava filiado ao PR. Depois, ele se filiou ao PSDB e, agora, regressou ao PR. “Vou trabalhar na base do governo Dilma Rousseff”, diz Antônio Russo.

 Situação semelhante ocorrerá com a chegada do presidente do time de futebol Cruzeiro, Zezé Perrella (PDT-MG), ao Senado. Ele substituirá um dos senadores mais atuantes da oposição, Itamar Franco, que morreu no último sábado.

 Os outros três suplentes que assumiram os cargos e passaram a compor a base aliada substituíram senadores do DEM, partido que já sofreu um expressivo processo de encolhimento. São os casos dos senadores Casildo Maldaner (PMDB-SC) e Garibaldi Alves (PMDB-RN), cujos titulares foram eleitos governadores, e Clésio Andrade (PR-MG), que sucedeu Eliseu Resende (DEM-MG), morto em janeiro.

 A chegada dos suplentes ao Senado — eles já representam 18,5% dos 81 senadores — não reflete os votos depositados nas urnas. Alguns são desconhecidos dos eleitores até assumirem os cargos e, muitas vezes, permanecem no ostracismo ao longo do exercício do mandato. Tanto Sérgio de Souza (PMDB-PR), que substituiu Gleisi Hoffmann (PT-PR), por exemplo, quanto Antônio Russo Netto nunca disputaram um cargo eletivo.

Processos
 Dos 15 suplentes que assumiram os mandatos no Senado, sete respondem a processos na Justiça. A grande maioria das ações corre no Supremo Tribunal Federal (STF), em razão do foro privilegiado. A média de suplentes que assumiram o cargo com problemas na Justiça é superior à média total de senadores investigados pelo STF. Zezé Perrella, por exemplo, terá de prestar explicações ao Ministério Público (MP) de Minas Gerais sobre a evolução de seu patrimônio. A notificação já foi expedida pelo MP. A Polícia Federal (PF) investiga crimes de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito supostamente praticados pelo suplente.

 No STF, instância a que os senadores têm direito em razão do foro privilegiado assim que assumem o cargo, os crimes investigados — supostamente praticados pelos suplentes que assumiram os cargos — são os mais variados. Há suspeitas de prevaricação, improbidade administrativa e infrações contra a Lei de Licitações, entre outros.  (Correio Braziliense)
 

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