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Premiados do concurso pela paz

Hoje, às 16  horas, no auditório da Secretaria Estadual de Educação (SEE), Rua Rio Grande do Sul, nº 1907, bairro Aeroporto Velho, haverá  a Premiação do Concurso de Redação do Projeto Cultural  “A Paz Começa em Casa”, uma iniciativa do Ministério Público do Acre, através da 13ª  Promotoria de Justiça Criminal Especializada no Combate à Violência Doméstica e Familiar Contra A Mulher, em parceria com a SEE e Academia Acreana de Letras (AAL).  São mais de 150 trabalhos de alunos do 3º ano do curso secundário da rede estadual.

Assim a AAL, fundada em 1937, inova ao cumprir seu objetivo de cultivar a  Língua Portuguesa e a produção literária, acreditando no ato de escrever,  como  descoberta e aprimoramento da sensibilidade estética, afirmação identidade e cidadania.

Em boa hora, militantes do Judiciário, pedagogos, escritores, alunos e respectivos familiares, unem-se em ação técnico-pedagógica, acadêmica e política, em inédita  promoção pela inclusão de cidadania, resposta ao alerta para criação de novos instrumentos de proteção da mulher, vítima da violência em todos os níveis.

Criança e mulher, dois protagonistas no drama do cotidiano, tecendo literatura viva de uma ação comum de proteção e preparação para a existência.

A literatura jamais foi desinteressada, ou apenas voltada para emulação de seus membros ou por mera fruição do belo. É sim expressão do belo, e o belo quer dizer também prazer, deslumbramento, contentamento, liberdade, paz  e justiça. Ainda que atingisse apenas aquele objetivo, esta parceria já estaria justificada. É mais.

É unir arte justiça e educação, com o intuito de facilitar a rica caminhada dos estudantes envolvidos  na busca da beleza do texto gramatical, estético, aliada à dignidade do ato moral, ético e legal.
O Projeto da 13ª Promotoria ofereceu-nos oportunidade de valorizar a escrita e a leitura como técnicas necessários da missão relevante e prazerosa  de praticar saberes saborosos de amor  ao direito da vida plena..

À arte desinteressada junta-se o envolvimento de corpo e alma, para enaltecer a importância do lar, a gestar, com carinho    um cotidiano de sonho, sem medo de fruir a convivência pacífica na cidade e no campo, em sua contemplação harmoniosa e partícipe da natureza, cúmplice ainda de grande parte de sua herança bucólica.

Lembremos que a chamada complexidade desafia-nos a explicitar vínculos, potencialmente existentes, entre linguagens da arte e da ciência. Não há oposição exclusiva entre elas. Eis o sentido em que as ciências jurídicas estão diretamente ligadas à ação de elaboração do pensamento crítico de alunos, iniciando sua caminhada pelos estudos da vida, tendo como forma de sua expressividade  um tema através do qual exercitam-se diversas áreas de sua cognição.

Escrever sempre é lidar com o imaginário. O poético, em contato direto com o real e seus problemas cotidianos, implica uma visão de mundo dialógica, onde organização e desorganização têm a ver com a própria díade da irreversibilidade e reversibilidade da matéria, uma possível analogia, ou mais, entre ciências e artes, duas culturas indissociáveis.1

A AAL, através da comissão que avalia  tema tão candente do ponto de vista de políticas públicas, assume esta vanguarda ao não dissociar as equivocadamente chamadas “ações desinteressadas” daquelas vinculadas às de médio e longo prazo dos processos educativos.

Escrever romance, conto, poema, ensaio, enquanto objetos de cuidado estético, inscritos ou não a partir de discursos “imaginários”, contêm as mesmas proprie-dades termodinâmicas da matéria como daquelas cujo conteúdo versa sobre ações oferecidas pelo Ministério Público, ou entidades voltadas ao aperfeiçoamento da qualidade de vida, onde natureza e vida humana são inseparáveis.
Concorrer com escritas da luta para ler da doação do imaginário deve, e  pode  inscrever tolerância e coragem de conci-liação, em momentos reversíveis e irreversíveis, do processo evolutivo da natureza. Busquemos equilíbrios, em meio a desequilíbrios, sabores dos textos denotados e conotados, pois a redação bem escrita foi corrigida pela indignação à violência da discriminação, valorizada pela justiça e irreversibilidade do poema da esperança.

Obrigado senhor procurador -geral de Justiça, Sammy Barbosa  Lopes, senhora promotora de Justiça substituta, Marcela Cristina Ozório  e equipe, senhor secretário de Educação do Estado do Acre, Daniel Santana de Queiroz, senhores e senhoras, diretores e professores, alunos e alunas presentes. Agradeço, em nome da AAL, a participação de meus confrades excelentíssimos componentes da Comissão de Avaliação do Concurso, Jorge Araken Faria da Silva, que a presidiu, Robélia Fernandes de Souza, Florentina Esteves e Margarete Edul de Souza Lopes, tendo prestado relevante serviço a este Sodalício e à  própria sociedade.

Com certeza este Projeto há de ter ajudado a colocar mais beleza  no jardim florido de cada família, onde a Mulher deve ser sempre amada, respeitada em seus direitos e obrigações, laboratório de inclusão social, pela germinação da igualdade, pais, filhos, professores, escolas, estas integradas às outras em uma rede progressiva de um futuro sem medo. Todos premiados pelo Concurso, pela paz.

*Prigogine, Ilya, A Nova Aliança, metamorfose da ciência, por Ilya Prigogine e Isabelle Stengers. Trad. Miguel Faria e Maria Machado Trincheira, Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1977, 247 p.

 

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