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Bairro Vitória cria o 1º banco comunitário do Estado

Há uma nova lógica financeira sendo construída nas periferias de Rio Branco. No bairro Vitória, será inaugurado, no próximo dia 23 de setembro, o Banco Vitória, com o início formal da circulação da moeda social Arco Íris. A experiência é inédita no Acre e já deve ser expandida para outras três comunidades da Capital: bairro Sobral, Triângulo Novo e Calafate. A aimplantação do primeiro banco comunitário acreano, ao que parece, nasce com um perfil importante: a ausência do poder público na articulação. “Nesses casos, quando o poder público está presente, atrapalha”, reconhece o Diretor do Departamento de Economia Solidária da Prefeitura de Rio Branco, Evandro Rosas. A Rede Brasileira de Bancos Comunitários contabiliza atualmente 63 instituições financeiras. E todas elas crescem.
Aqui na região, o trabalho é uma parte das ações do Fórum de Economia Solidária do Acre, uma instância de discussão que pretende ser um instrumento de desenvolvimento sócio-comunitário em todo Estado. Desde fevereiro deste ano, um grupo de pessoas, vinculadas ao fórum, iniciou conversas com a comunidade, depois de participar de um treinamento em Belém. O grupo voltou com uma pergunta na ponta da língua: “A comunidade aceita a criação de um banco?”. A resposta afirmativa foi consensual. A partir daí, as articulações com os moradores não pararam e um mapeamento do comércio foi feito. Nenhum comerciante se negou a participar da proposta. Todos já anunciaram adesão à moeda Arco Iris.

A assessoria técnica para a criação do Banco Vitória e da moeda Arco Iris é de responsabilidade da organização não-governamental Instituto Capital Social da Amazônia, com sede em Belém. O Instituto atua na formatação de planejamentos estratégicos regionais e no desenvolvimento econômico, utilizando o conceito de Economia Solidária. Já realizou convênios com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por meio da Secretaria Nacional de Economia Solidária. Um dos convênios diz respeito exatamente à implantação dos bancos comunitários.

A atuação do instituto no Acre já faz parte de uma nova etapa de trabalho. Um edital do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça, possibilitou a ampliação das ações do instituto no Acre com o projeto “Bancos Comunitários na Amazônia”.


Cédula da moeda Arco Íris foi idealizada pela comunidade do bairro e está em fase de aprovação

Arco Iris será lançada na II Feira Solidária do bairro Vitória
A moeda Arco Iris terá um lançamento informal no próximo dia 10 de setembro, às seis da tarde, na rua São Raimundo Nonato, próximo à Lanchonete Shekinah. A estratégia é divulgar na comunidade o início dos trabalhos do banco e da circulação da moeda. O objetivo dos organizadores também é aumentar o lastro da moeda social Arco Iris: como R$ 1 (Hum real) equivale a M$ 1 (Hum Arco-Iris), quanto mais dinheiro o banco capitalizar em Real maior quantidade da moeda social ele terá.

Durante a Feira Solidária, também será apresentada a placa identificadora da moeda social Arco Iris. A placa será postada nos estabelecimentos comerciais do bairro. Nessas lojas, o cliente terá desconto nas compras. A percentagem de desconto é responsabilidade de cada estabelecimento.

“Não existe comunidade pobre”, diz coordenadora do Banco Vitória
Por que o bairro Vitória foi o escolhido para iniciar a implantação do banco comunitário no Acre? A resposta automática “porque é um bairro pobre” é rechaçada pela coordenadora do Banco Vitória, Maria Cláudia de Góes Ribeiro. “Não existe comunidade pobre”, contrapõe. “Aqui, as pessoas têm renda, tem uma cultura, trabalham, recebendo salário mínimo ou fazendo bicos, vivem de maneira digna e tentam superar as dificuldades com os instrumentos que constroem”. É uma visão.


Evandro e Cláudia: distribuição de renda no bairro é objetivo

São evidentes os motivos que fazem de bairros com o perfil sócio-econômico do Vitória alvos de trabalhos dos bancos comunitários: alto índice de desemprego, baixa quantidade de dinheiro circulante, ociosidade entre os jovens, alto consumo e venda de drogas. Lideranças comunitárias já fizeram um mapeamento dos pontos de venda de drogas no bairro: são mais de cem. A venda ocorre sem interrupção. Durante o dia, o trânsito de drogas diminui por causa dos “aviõezinhos” que estão em salas de aula. Sobral, Triângulo Novo, Calafate e Vitória foram escolhas fundamentadas em perfil diagnosticado pelo Departamento de Economia Solidária da Prefeitura de Rio Branco.

Quando um morador de uma “comunidade com alta vulnerabilidade social” gasta o dinheiro fora do bairro onde reside contribui para empobrecer o comércio local. “Quando o dinheiro circula no próprio bairro, há distribuição de renda”, constata o Diretor do Departamento de Economia Solidária da Prefeitura de Rio Branco, Evandro Rosas.

Política de crédito
A lógica da moeda social e do banco comunitário é fortalecer a economia no próprio bairro. São duas linhas de crédito: para consumo (empréstimo com valor que varia de R$ 50 a R$ 300, sem cobrança de taxas de juros) e para produção (empréstimo com valor de R$ 100 a R$ 1,5 mil, com taxas de juros que variam de 1,5 a 3,5%).


Cosmo Cunha: “dinheiro será emprestado com critério”

A aprovação do pedido de empréstimo depende da avaliação do Comitê de Aprovação de Crédito, composto por integrantes da própria comunidade. “O dinheiro será emprestado com critério”, assegura o agente de crédito do Banco Vitória, Cosmo Cunha de Brito. Antes de emprestar o dinheiro, equipes do banco fazem uma pesquisa na comunidade. É como se a própria vizinhança funcionasse como o SPC e Serasa. De certa forma, os próprios moradores controlam o crescimento dos ativos e passivos do banco e, dessa maneira, protegem a valorização da moeda.

Os empréstimos para produção devem ser efetivados para pessoas que já possuem uma base produtiva e querem ampliar os empreendimentos. Se não honrar com os pagamentos, a própria comunidade pressiona para que ele pague. O raciocínio é simples: dívida não paga é prejuízo para o banco e, por consequência, para os próprios moradores.

Os empréstimos para consumo servem para compra de suprimentos básicos: compra de gás, arroz, feijão e outras pequenas compras. O morador terá que trazer um recibo comprovando que, de fato, gastou para compra de produtos de satisfação de necessidades elementares. “Se não fizermos isso, pode haver pessoas que gastem com cerveja ou cachaça, e esse desvio é prejudicial para outras famílias que realmente precisam do dinheiro”, afirma Cosmo Brito.

“Vai melhorar”
José da Costa Nascimento é o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Vitória. O pequeno comércio de confecções que mantém no bairro está em crise. “Tá difícil”, reclama. “As pessoas estão sem dinheiro”.

Ele é um dos entusiastas da proposta de criação do banco e da moeda social Arco Iris. “Além de uma forma de segurar o capital aqui dentro, é uma forma dos comerciantes se protegerem e proteger as comunidades pobres para que elas cresçam”.


José: negócios devem melhorar com início do projeto

Como funciona a moeda social Arco Iris?
1)    O cidadão troca uma determinada quantidade de Real pela moeda Arco Iris. A troca é realizada no Banco Vitória;
2)    R$ 1 (Hum real) equivale a M$ 1 (Hum Arco Iris);
3)    O cidadão realiza compras nas casas comerciais existentes no bairro, que estão credenciadas a receber a moeda e informadas de todo processo;
4)    Os proprietários das mercearias, padarias, salões de beleza etc. vão ao banco e trocam a mesma quantidade de Arco Iris por Real;
5)    Qual a lógica (ou “qual a vantagem?”) do processo? A circulação de moeda tende a se realizar somente no próprio bairro: o dinheiro circula na própria comunidade credenciada a usar a moeda social. Uma espécie de “defesa financeira” criada pelos próprios moradores

Como funcionam as linhas de crédito do Banco Vitória?
1)    Existem duas linhas: crédito para produção e crédito para consumo;
2)    Ambas, necessitam de aprovação pelo Comitê de Aprovação de Crédito (CAC), composto por integrantes da própria comunidade;
3)    O banco não cobra taxa de juros na linha de crédito para consumo. Os valores dos empréstimos para este setor variam de M$ 50 a M$ 300;
4)    Para a linha de crédito de produção, o Banco Vitória cobra uma taxa de juros que varia de 1,5% a 3,5% (taxa definida pela própria comunidade). Os valores do empréstimo estão entre M$ 100 a M$ 1,5 mil;
5)    A aprovação do crédito também exige uma pesquisa entre os próprios moradores para saber se aquele que pleiteia o dinheiro do banco comunitário tem condições de honrar com os pagamentos das parcelas;
6)    Caso os moradores indiquem que o cidadão tem histórico de mal pagador ou que tenha histórico de má conduta, o crédito é negado.


Programa de Aquisição de Alimentos é ampliado para o interior do Estado
ITAAN ARRUDA

A Secretaria de Estado de Educação realiza, nesta segunda-feira, em Cruzeiro do Sul, um encontro com pequenos agricultores do Vale do Juruá, para discutir as ações do Programa de Aquisição de Alimentos, do Governo Federal. A estratégia do Governo do Acre é ampliar o impacto da demanda gerada pela merenda escolar no processo produtivo da agricultura familiar.


Rapadura e as “batidas” são produzidas na sexta-feira, em uma complexa sequência de cozimento no forno

Semana passada, a Secretaria de Estado de Educação assinou contratos por meio de Chamada Pública com os agricultores e cooperativas dos vales do Baixo e do Alto Acre. Foram mais de R$ 6 milhões de compras dos mais variados tipos de produtos: de ovos às polpas de frutas. A Chamada Pública é uma modalidade de compra governamental que, na prática, funciona como um processo licitatório simplificado. Ela pode ser realizada com associações, cooperativas e até com produtores individuais.

Informalmente, os gestores públicos do Acre já comemoram os 16% do volume de alimentos consumidos nas escolas oriundo da agricultura familiar. O artigo 14 da lei 11.947, de junho de 2009, exige que sejam 30%. A meta do governo é chegar aos 32% até o fim do ano. Mas, para chegar a essa percentagem, o setor produtivo terá que se organizar muito mais.

Criação de cooperativa deve melhorar processo produtivo
O produtor rural Roberval Rodrigues tem 69 anos. Durante toda vida produziu rapadura e “batida” (um sub-produto do beneficiamento da garapa). Nasceu nos seringais de Brasiléia. Ao longo da vida, veio descendo o rio Acre e hoje está com, aproximadamente, oito hectares de cana no ramal do Mutum em Rio Branco. O processo produtivo de Rodrigues é completamente artesanal no pequeno engenho às margens da estrada. Ele já tentou se associar aos produtores do “V”, mas a falta de organização dos trabalhadores não lhe trouxe nenhum benefício. “Pedi para riscarem meu nome do registro da associação”, lembra em tom de revolta. “Eu não iria ficar só dando dinheiro para um negócio que não me dava lucro”.


Rapadura feita por Roberval é a que mais vende nos mercados públicos de Rio Branco

Roberval Rodrigues atende às demandas do governo com a produção de alimentos. A última que cumpriu “foi para aqueles meninos que matam os outros e depois ficam descansando”, disse, se referindo aos adolescentes infratores dos centros socioeducativos. Existe um trabalho articulado entre a Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Indústria, Comércio, Serviços, Ciência e Tecnologia (Sedict) e outras instâncias de Governo para que o trabalho na produção de alimentos melhore quantitativa e qualitativamente. Mais organizados, a estratégia é que preços melhorem e custos de produção caiam. Por isso, a Sedict articula a criação de uma pequena cooperativa de produtores de rapadura no ramal do Mutum.

Hoje, a produção de Roberval Rodrigues não tem padrão de qualidade. As barras de rapadura ou as “batidas” são produzidas em tamanhos diferentes. Essa falta de uniformidade pode até trazer menos lucro para Roberval Rodrigues. Mas, ele não sabe porque não tem ninguém que contabilize os custos de produção.

“A organização em cooperativas é melhor por uma questão de logística e por questões de custos”, confere o Chefe do Departamento de Programas Complementares da Secretaria de Estado de Educação, Kleber Bezerra Pinheiro.

Melhorando o processo de produção, o consumo é garantido. Não apenas pelo governo. A rapadura feita por Roberval Rodrigues no ramal do Mutum há muito tempo é a que mais vende nos mercados públicos de Rio Branco.


Fecomércio do Acre cobra agilidade na construção de ponte sobre o Rio Madeira

MAÍRA MARTINELLO

O presidente da Federação do Comércio do Acre (Fecomércio-AC), Leandro Domingos, encaminhará, nesta semana, um documento ao governador do Acre, Tião Viana, pedindo a intervenção do poder público estadual junto aos órgãos federais, para acelerar a licitação para construção da ponte sobre o rio Madeira. A ação será tomada após a realização de duas reuniões com a Fecomércio de Rondônia, que também solicitou o engajamento do governador Confúcio Moura e das autoridades daquela região, em busca de uma solução mais rápida para o problema que afeta diretamente a economia dos dois Estados.

Domingos teme que problema do ano passado se repita: com seca do rio, travessia da balsa foi prejudicada e mercado sofreu com desabastecimento

Leandro Domingos destaca a preocupação dos empresários com o possível desabastecimento de mercadorias, caso se confirme a previsão de mais uma grande vazante no rio Madeira, que corta a BR 364 no Abunã, distrito de Porto Velho, a pouco mais de 250 quilômetros de Rio Branco. Durante o verão amazônico, o nível de águas do rio diminui drasticamente, prejudicando a travessia já precária, feita por balsa, dos veículos de passeio e de carga que abastecem todo o Estado com produtos alimentícios e de outros gêneros.

Entre agosto e setembro do ano passado, as filas de caminhões chegaram a mais de seis quilômetros de extensão, e o tempo de espera para travessia, até 12 horas. Em Rio Branco, houve racionamento de combustível e muitos supermercados perderam cargas de alimentos perecíveis por causa da demora no transporte.

Apesar de o Acre ter sido o maior prejudicado, já que a BR-364 é a sua principal rodovia de abastecimento, a Fecomércio de Rondônia estimou uma perda de R$ 5 milhões, em 2010, para os empresários rondonienses.


Balsas transportam veículos de carga que abastecem todo o Estado com alimentos e combustível

“Se nenhuma ação for tomada, teremos novamente problemas de acesso rodoviário, com provável desabastecimento e aumento de preços de alguns produtos. Também não podemos perder de vista a importância estratégica desta travessia para acesso à rodovia Transoceânica que, em breve, será inaugurada”, enfatizou Domingos.

Órgãos federais tomam medidas paliativas para garantir travessia

Enquanto o problema não é resolvido de forma definitiva, as Federações do Acre e de Rondônia mobilizam ações junto a diversos órgãos para garantir a navegação das balsas e a segurança mínima para o comércio e a indústria dos dois Estados.


Em reunião em Rondônia, Dnit e Antaq atenderam solicitação feita pelas Federações do Comércio

Recente operação coordenada pela Marinha do Brasil, com apoio da Polícia Federal e Ibama de Rondônia, motivada pelas entidades empresariais, notificou várias dragas que operam com garimpo na região. Presume-se que estas dragas sejam as principais responsáveis pelo assoreamento do rio, que dificulta a passagem da balsa. Novas estratégias de operação estão sendo traçadas para que os equipamentos operem abaixo da travessia e não mais acima.

Como solução temporária, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) já garantiram também a transferência de um equipamento para dragagem imediata do rio, no trecho que liga Porto Velho a Rio Branco, de modo a garantir a navegabilidade. A medida é preventiva até que o Governo Federal efetive a construção da ponte.
No último mês de junho, o senador Jorge Viana se reuniu com o então diretor do Dnit, Luis Antônio Pagot,  e anunciou que a licitação para a obra sairá até o final deste do ano. O senador foi informado que o projeto foi revisto e terá um desenho parecido com outra ponte construída sobre o mesmo rio, em Rondônia. (Com informações da Fecomércio-Acre)


COMPRAS COLETIVAS

Publicidade pode estar a favor do cliente

ITAAN ARRUDA

Tatuagens, pizzas, sessões de drenagens linfáticas, pacotes turísticos, DVDs, CDs. Até iogurtes. Não há limites para o consumo com a entrada em cena dos sites de compras coletivas na internet. Os descontos são encantadores. No Acre, o único site do setor, o regatao.com, oferece descontos de até 85%. Dependendo do produto, pode alcançar 90%.  O que justifica descontos tão generosos não é o lucro, mas o valor que a marca e as lojas conquistam nos consumidores com a exposição em uma vitrine em forma de tela e compradores espalhados por todo o mundo.


Pesquisa: Nayanne conseguiu comprar pacote turístico por um bom preço em site de compras coletivas

“O empresário não lucra com as compras coletivas”, admite o administrador do site regatao.com, Uirá Viana Vitorino. “É mais divulgação do que comércio”. O regatao.com é o primeiro site formalizado no Acre. Vitorino afirma que em grandes cidades existem sites de compras coletivas setorizados: comidas, perfumarias, cosméticos etc. “Recentemente, houve uma promoção que vendeu quinhentos BicMacs a um real a unidade”, compara. “Outro dia houve uma promoção do Habib’s que garantiu mil esfirras a um centavo a unidade”. A lucratividade do regatao.com é garantida com uma porcentagem das vendas concretizadas.

Quem vende por meio de sites de compras coletivas afirma que o processo é seguro, garantido pela prestação de serviços de uma empresa que é referência no comércio eletrônico, a PagSeguro, vinculado ao Universo On Line (UOL). Entregas, prazos, qualidade dos produtos devem ser respeitados como se fosse uma compra comum.


Uirá: lucro vem da porcentagem das vendas

O processo pode ser feito de qualquer computador, embora os especialistas não aconselhem compras realizadas em lan-houses ou em equipamentos de uso coletivo. Os técnicos afirmam que fazer compras pela internet nesses locais (independente de ser em sites de compras coletivas) possibilita instalação “com facilidade” de programas que capturam senhas e informações pessoais. Os sites de compra coletiva aceitam pagamentos por meio de cartão de crédito, boleto bancário e crédito em conta corrente.

O que vale é estar na rede
“Eu não lucro com isso, mas minha loja fica exposta para um público muito interessante e que consome os meus produtos”, diz o empresário Marciano Cardoso, há 30 anos no mercado com a loja Discardoso.
O comércio eletrônico e as compras coletivas não dispensam um velho costume do consumidor consciente: a pesquisa. A jornalista Nayanne Santana estava interessada em um pacote turístico. Fez pesquisa e encontrou “por um bom preço” estadia em um dos destinos mais cobiçados do Brasil: Jericoacoara, no litoral cearense.


Cardoso: site garante divulgação da marca

De acordo com a Federação do Comércio do Estado de São Paulo, o primeiro site de compras coletivas do país, o ClickOn, começou a operar em março de 2010. Em agosto chegou a vender R$ 4 milhões. Em agosto, saltou para R$ 42 milhões e em julho desse ano alcançou R$ 108 milhões. O Acre está longe desses números, mas a tendência de mercado aponta a internet, também, como um grande veículo de exposição de produtos. E o empresariado local parece que ainda não despertou para isso.

Ao menos, em tese, o consumidor acreano segue o exemplo da jornalista. O regatao.com tem mantido uma média de mil a 1,5 mil acessos diários. O velho hábito de “dar só uma olhadinha” parece que também está migrando para a nova vitrine dos e-consumidores.


NOTAS ECONÔMICAS

É doce…
A compra de R$ 6 milhões em alimentos oriundos da agricultura familiar, por parte da Secretaria de Estado de Educação, guarda um problema. Não na gestão, que obedece a uma determinação legal e tem a pretensão de ultrapassar os 30% de presença de alimentos vindos da agricultura familiar na merenda das escolas.

… mas não é mole
O problema está no processo de produção dos alimentos. As cadeias produtivas não têm contabilidade de custos de produção. Não há padronização. Os agricultores são desorganizados, desconfiados uns com os outros e muitos são reticentes em mudar formas de produzir antiquadas e de baixa produtividade. Muitos podem até estar perdendo dinheiro da forma como trabalham, mas são resistentes às mudanças. Desafio para a turma da extensão rural.

Comércio eletrônico
Os comerciantes do Acre têm que ficar atentos para uma mudança estrutural na relação loja/cliente. A informação de que as vendas no “e-commerce” (comércio eletrônico) devem alcançar R$ 18,7 bilhões este ano coloca esse tipo de venda em outro patamar de consumo. O Acre tem poucos internautas? Não compensa o custo? São perguntas dos céticos em defesa do tradicional comércio de balcão. O valor que esse tipo de comércio agrega aos produtos e às lojas ninguém fala.

Serviços
Um argumento é forte na crítica ao e-commerce no Acre. A qualidade da internet na região. Esse é um consenso que não se sabe até quando vai durar.

E-consumidores
De acordo com a Federação do Comércio do Estado de São Paulo, entre 2007 e 2010, a quantidade de compradores para rede saltou de 9,5 milhões para 23 milhões. Este ano, a estimativa é de que a internet seja usada para compras por 32 milhões de pessoas.

Huuummm…
A informação de que o Ibama liberou a Licença de Instalação para construção da segunda linha de transmissão de energia foi recebida com uma estranha timidez por parte do Governo do Estado. Pela importância do empreendimento, esperava-se uma reação diferente. Às vezes, o silêncio é necessário. Outras tantas, estranho.

Transparência
Mabesa do Brasil quer produzir artefatos cirúrgicos em Xapuri. Com destaque para luvas à base de látex. Um executivo do Grupo PI Mabe esteve, na semana passada, conhecendo o sistema de produção da Natex. Ainda não se sabe ao certo que desenho teria o processo de produção do novo produto. A assessoria da Mabesa ainda não fala sobre o assunto. O Governo do Acre tampouco. Quando falta transparência, sobram especulações.

Encruzilhada
A Natex, muito em breve, deve repensar a forma de aquisição de matéria prima. Com o aumento da demanda crescendo, não vai tardar o dia em que será necessário incentivar a criação de seringais de cultivo. Com produtividade maior, os seringais de cultivo rendem menos romantismo, mas são muito mais interessantes para a produção em escala. E a cantilena de que o látex das seringueiras nativas é melhor já está sendo contestado.

Queda
Restaurantes da Capital amargam queda de até 50% no movimento, desde o início deste ano, e creditam o problema ao aumento da concorrência e à falta de dinheiro circulando no comércio. Diante da crise, muitos empresários criticam também a falta de atuação da Associação Brasileira de Restaurantes do Acre (Abrasel-AC), que estaria praticamente inativa e, há quase um ano, desde a posse da nova diretoria, não mobiliza ações para ajudar o setor.

Queda II
Segundo os comerciantes, a falta de iniciativas se reflete na adesão dos empresários à Associação. Dos quase 90 restaurantes associados que a Abrasel já reuniu no Acre, hoje restam somente 14. “E estão todos descontentes”, afirma um comerciante do ramo. Ele lembra que a Abrasel atuante é capaz de trazer muitos benefícios aos donos de bares e restaurantes. “Já vivemos este momento, quando participávamos de festivais de culinária,  e garantíamos visibilidade para nossa empresa. A Abrasel conseguia uma relação melhor com nossos fornecedores, maior poder de barganha nas compras em grupo e percentuais melhores em ticket restaurante, entre outros benefícios. Hoje, não pagamos mais nem mensalidade. Não vejo ações”, reclama.

O outro lado
O atual presidente da Abrasel-AC, Óscar Guedes, explica que a associação ficou fechada durante alguns meses e foi reaberta em março, mas enfrenta problemas para sanar dívidas antigas e retomar as atividades. “Queremos quitar esse passivo até o final do ano e já temos projetos para retomar os trabalhos em breve”, afirmou ele.

Categories: Acre Economia
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