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Franquias invadem mercado varejista de Rio Branco

Alavancado por intervenções diretas do setor público, o crescimento do PIB do Acre arrebatou um fenômeno já conhecido nos grandes centros: o fortalecimento do setor de serviços e, com ele, o crescimento da oferta de franquias na economia regional. Em 2010, o IBGE divulgou que o Acre teve o segundo melhor crescimento do PIB da região Norte (e o sétimo do país). Na esfera econômica, é um avanço relativo. Mas, é um avanço.

Em Rio Branco, que reúne mais da metade da população do Estado, cresce a cada dia o número de lojas padronizadas. Algumas com marcas internacionais de qualidade. O que faz da franquia algo atraente para os empreendedores locais foi o que motivou a equipe do Acre Economia a entender esse movimento no comércio da região.

A maior parte dos entrevistados que responde por uma franquia alegou que a “segurança no mercado”, associada a uma marca conhecida, foi um fator determinante para a adesão. Não foi o caso de Luiz Figueiredo. Em 1985, ele possuía uma loja de presentes finos chamada Banho de Cheiro, que vendia uma colônia muito procurada na época chamada Giovana Baby, d’O Boticário. O volume dos pedidos foi aumentando. A variedade dos perfumes também. A decisão de montar uma loja exclusiva para atender à demanda crescente foi questão de tempo.


Luiz Figueiredo, de ‘O Boticário’, responde pela franquia mais antiga do Acre

Em 1992, foi formalizada a adesão do empresário à franquia mais conhecida no ramo de perfumaria no Brasil, O Boticário. A exclusividade e a padronização no atendimento e nas vendas demandaram atenção especial. “O modelo exigia que até o piso viesse de fora naquela época”, lembra Figueiredo. Hoje,  o empresário tem sete unidades, incluindo uma em Cruzeiro do Sul e outra em Epitaciolândia. Gera 47 empregos diretos. Já tem presença carimbada para o Via Verde Shopping, com 16 contratações previstas para a abertura da nova loja. “A franquia é a melhor forma de se começar um negócio”, ensina. “A equipe d’O Boticário já pensa até na iluminação usada na loja, tudo o mais é padronizado e isso traz comodidade para o empresário”.

A mais nova adesão ao formato de comercialização por franquia foi feita pela empresária rondoniense Mayumi Kadowaki Lemes. Ela resolveu investir no setor de lavanderias. Optou pela rede francesa 5àSec, que tem no portfólio o criterioso prêmio da Associação Brasileira de Franquias 2011 e também o prêmio de “Melhor Franquia”, oferecido pela revista Pequenas Empresas Grandes Negócios.


Mayumi Lemes trouxe franquia de rede francesa de lavanderias para o Estado

Mayumi Lemes está no Acre há oito anos e percebeu a carência de um serviço especializado em lavagem de roupas padronizado. Discutiu a idéia de abrir uma franquia no setor com familiares antes de conhecer o formato da 5àSec em Porto Velho. Conversou com o franqueado, quando foi informada dos custos, taxas de retorno, necessidades de qualificação de mão de obra e outros detalhes. Inaugurou a loja em maio deste ano. O empreendimento deu tão certo que já fala até em expansão. “Acho que, em breve, já vai ser possível termos uma loja satélite em outra área estratégica para os nossos clientes só para receber as roupas”, avalia. A expansão, provavelmente, deve vir após o retorno do capital investido que, de acordo com a Associação Brasileira de Franquias, no caso específico da 5àSec, varia de dois a três anos.

Baixo investimento e bom retorno
O universo das franquias não vive apenas de grandes investimentos. É possível ter baixa taxa de investimento com grande impacto no mercado regional. É o caso da franquia Acqua Zero, o processo de lavagem de carros a seco e com atendimento onde o cliente necessitar.


Renan (à dir.): baixa oferta de mão de obra dificulta expansão do empreendimento

É o que garante Renan Almeida Machado, dono da empresa Polimax, que trabalha com polimento de veículos e é licenciado para usar a marca Acqua Zero no Acre. Está há quatro meses no mercado local e emprega três pessoas.

Precisa aumentar a oferta do serviço, mas tem dificuldade de encontrar mão de obra. “Já deixei de atender a algumas demandas porque percebi que não teria condições de atender a alguns clientes”.

Pode dar errado
Em cinco minutos de conversa, é possível perceber que Sylvane Gadelha é uma mulher empreendedora. Ela trabalha com a venda de semi-jóias que são a febre do momento para quem aprecia acessórios de moda: Gold Skill. Visita casas, repartições públicas, escritórios, empresas ou atende em casa mesmo em um pequeno escritório. Viaja regularmente para Cruzeiro do Sul, onde tem uma representante comercial fixa da marca. O mesmo acontece nos municípios de Feijó, Boca do Acre e em Boa Vista. A Gold Skill não é uma franquia, mas, desse universo, Gadelha conhece muito bem.


Sylvane deixou de vender produtos da marca L’aquadi Fiori no Acre

Há seis anos, ela respondia pela marca L’aquadi Fiori em Rio Branco. Insistiu. Persistiu. Teimou. Tentou de novo. Mas, não teve jeito. Assessorada pelo marido, Antônio Carlos Gadelha, percebeu que as contas não fechavam. Os custos eram altos e os pagamentos dos royalties dificultavam o lucro, até que o negócio ficou inviável. ”Faltou viabilidade econômica para o empreendimento com o mercado muito restrito”, justificou. O casal foi aconselhado pela própria franquia a desistir do empreendimento que será retomado, seis anos depois, por outro empresário.

Veja se você tem perfil para ser um franqueado
Não é fácil decidir onde aplicar o dinheiro acumulado durante tanto tempo e com tanta disciplina e paciência. Investir no mercado financeiro? Pode ser. Na poupança, o mais tradicional tipo de investimento? São saídas óbvias. Mas, há outras. A franquia é uma alternativa que exige muito cuidado antes da decisão. A equipe do Acre Economia foi até o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que possui um programa específico de consultoria em franquias, saber quais cuidados são esses.

Se você é um desses disciplinados empreendedores que conseguiu acumular capital e está pensando em investir em uma franquia, é bom ouvir o consultor em franquias do Sebrae/AC, Lauro Santos.


Lauro Santos: “Franquia é igual casamento”

Acre Economia – A franquia é um bom investimento aqui no Acre?
Lauro Santos
– Depende da franquia e depende da pessoa.

AE – Como posso identificar?
Lauro Santos
– Vamos supor que você queira montar uma ótica. Você vai me perguntar: ‘Lauro, o que eu faço para montar uma ótica?’. E eu pergunto: ‘Por que você quer montar uma ótica’? Ao que você diz. ‘Eu já trabalho em ótica há 20 anos e quero montar minha própria empresa’. E eu pergunto: ‘Mas, por que você quer entrar para uma franquia’? Sua resposta é: ‘Porque a marca que eu vou trazer já é uma marca famosa’. E eu pergunto. ‘Essa marca já é famosa no Acre também’? E você me responde. ‘Não’. E eu aconselho. ‘Então, não vá para a franquia’. Franquia só é bom quando você tem duas coisas: transferência do knowhow (conhecimento) e valor de credibilidade que a marca traz para o mercado.

AE – Que vantagens a franquia traz?
Lauro Santos
– 93% das franquias não fecham nos primeiros dois anos. Diferente de uma empresa que não seja uma franquia.

AE – Por que essa diferença?
Lauro Santos
– Porque você já começa acertando. Você já tem o respaldo do franqueador. Ele está te passando o conhecimento, a forma de produzir, a forma de vender, a forma de atender.

AE – Para o Acre, existe alguma especificidade para o candidato a uma franquia?
Lauro Santos
– Existe especificidade.

AE – Quais especificidades?
Lauro Santos
– Costume social (cultural), educacional, renda. São elementos que devem ser analisados para o tipo de negócio a ser viabilizado.

AE – Qual receita o possível franqueado deve ter antes de abrir uma franquia?
Lauro Santos
– Eu não diria ‘receita’. Eu usaria o termo ‘questionamentos’. Primeiro: a marca agrega valor? Segundo: eu tenho conhecimento sobre o produto que a franquia trabalha? Terceiro: a franquia é conveniada à ABF (Associação Brasileira de Franquias)? Quarto: o mercado local é receptivo ao produto?

AE – Quais as ‘desvantagens’?
Lauro Santos
– A falta de flexibilidade é uma delas. Se a franquia exige um padrão de mostruário e de apresentação de produtos, você não tem alternativas. É daquela forma que você tem que apresentar. Franquia é casamento. A transferência de knowhow tem custos altos. Você paga royalties por utilizar o padrão da marca. Há empresários do setor de franquia, por exemplo, que não vão para o shopping porque, ao fazer as contas, perceberam que iriam trabalhar para pagar dinheiro para a franquia e para o shopping. Outros perceberam que era viável e vão para o shopping. Cada caso exige análise diferenciada.

 


 

 

‘Floresta é negócio’

ITAAN ARRUDA

Ele pertence a uma nova geração de engenheiros florestais. Para falar de florestas, recorre com frequência a uma calculadora que mantém sempre próxima. Com apenas 30 anos, assumiu a responsabilidade de conduzir as políticas públicas executadas nos 500 mil hectares de florestas estaduais. Não é um desafio pequeno. Sob a tutela de João Paulo Mastrangelo, secretário de Estado de Florestas, está a eterna polêmica envolvendo termos que já viraram jargão por essas bandas: manejo florestal de uso múltiplo; indústria florestal; desenvolvimento sustentável; uso racional dos recursos florestais. Até de “desenvolvimento econômico” se fala por aqui.


Secretário Estadual de Floresta, João Paulo Mastrangelo: desafio de enfrentar a pobreza nas florestas acreanas

Em linhas gerais, o desafio estabelecido pelo governador Tião Viana a Mastrangelo beira a utopia: fazer com que os habitantes das florestas acreanas não sejam “pobres”, no estrito sentido econômico do termo. Para concretizar isso, Mastrangelo tem que garantir às comunidades isoladas acesso aos serviços públicos, com geração de renda, utilizando a floresta como referência de moeda.O jovem secretário não esconde a visão que tem sobre a floresta. Ao contrário, se orgulha dela. “Floresta é negócio”, polemiza.

Sem receio do debate, anuncia que o Governo do Acre quer ampliar o Programa de Manejo Florestal: a meta é tornar “produtivos” 6 milhões de hectares por meio do manejo. Atualmente, o manejo (sobretudo o madeireiro) é aplicado em 400 mil hectares.

Em seu gabinete franciscano, João Paulo Mastrangelo recebeu a equipe do Acre Economia para uma entrevista. Acompanhe os principais trechos.

ENTREVISTA: João Paulo Mastrangelo

Acre Economia -Na semana passada, você esteve na Floresta Estadual do Antimary. Que novos problemas você trouxe de lá?
João Paulo Mastrangelo
– Não se trata de problemas. As coisas estão andando bem lá. A Floresta Estadual do Antimary hoje está se constituindo efetivamente em um modelo de uso do solo na Amazônia. A área possui 47 mil hectares com 52 famílias. Essas famílias ocupam uma área de 5 mil e 200 hectares [pelo regimento da Unidade de Conservação, cada família tem direito a 100 hectares]. Dos 47 mil hectares, 41 mil e 800 hectares são áreas públicas de produção e nós, na safra de 2011, estamos fazendo exploração de manejo florestal em mil hectares. Em área pública. Estamos assinando contrato de concessão com a comunidade. Cada família vai receber dez mil quinhentos e sessenta reais parcelados em doze vezes. O que equivale a uma renda mensal de 880 reais referentes à safra de 2011. Quando tiver acabando essa safra, já vai se iniciar a outra. No contrato de concessão às famílias, há várias condicionantes: filhos na escola, produção familiar, proteção ambiental. Hoje, nós não temos problemas com pobreza na Floresta Estadual do Antimary.

AE – Há quanto tempo o Governo do Acre mantém as concessões na Floresta Estadual do Antimary? Houve mudanças implantadas já pela gestão de Tião Viana?
Mastrangelo
– A concessão vem sendo feita há dois anos. Houve uma mudança na forma de se fazer essa concessão: adicionamos as condicionantes e parcelamos o valor do benefício porque, quando o repasse era feito de forma integral, tínhamos mais prejuízos do que benefício: problemas com alcoolismo, prostituição e não levavam um quilo de açúcar para dentro de casa. Outra novidade é que o gerenciamento desse dinheiro será feito pelas mulheres. Elas gerenciam melhor o dinheiro.

AE – E quem quiser investir na agricultura no Antimary…
Mastrangelo
-Casado (sic) com a concessão 2011, junto com o Banco do Brasil, abrimos uma conta para cada produtor. O banco, junto com a Secretaria de Florestas, vai disponibilizar linhas de crédito especiais para as famílias daFloresta Estadual do Antimary, em uma modalidade semelhante a que foi feita com os camelôs aqui em Rio Branco, pela Secretaria de Estado de Pequenos Negócios.

AE – O governador Tião Viana estabeleceu alguma meta prioritária para a Secretaria de Florestas?
Mastrangelo
– Combate à pobreza. Ele quer que trabalhemos focados para fazer com que a floresta sirva ao povo que mora nela. Ele quer eliminar completamente a miséria e a pobreza nas florestas estaduais e unidades de conservação. Não é trabalho fácil. Muitas famílias no interior dessas florestas perderam possibilidade de se emancipar por meio de suas atividades produtivas em função do mercado.

AE – Você está falando que o extrativismo é inviável?
Mastrangelo
– O extrativismo, em algumas situações, não consegue mais competir no mercado. O extrativismo da borracha sofre oscilações, o subsídio do Governo não cobre, as famílias abandonam, depois reingressam… Essas famílias não podem ficar reféns disso. Temos que ter uma ação efetiva para ter alternativas de produção que resguardem a questão ambiental. A eliminação da pobreza em regiões florestais é prioridade, associada à proteção ambiental. O manejo madeireiro é uma das alternativas de renda para as famílias. Não adianta querer homogeneizar a atividade florestal. A própria floresta não permite isso.

AE – Quando e onde o extrativismo não consegue dar respostas econômicas satisfatórias?
Mastrangelo
– Em áreas isoladas, em regiões remotas, tem-se uma dificuldade logística muito grande, observando como referência as relações de mercado. Cito como exemplo: Chandless, Reservas do Alto Juruá, Alto rio Liberdade. Qual a compensação que o governo está pensando para reformular o subsídio da borracha para essas regiões? Nós temos que aumentar o subsídio para alguns produtos especificamente para essas áreas remotas. Porque se depender do mercado… Em se tratando de borracha, por exemplo, um hectare de borracha de cultivo produz de uma tonelada e meia e chega até a três toneladas de borracha. Uma colocação de 300 hectares produz 800 quilos de borracha por ano.

AE – E a qualidade. A borracha nativa não é melhor?
Mastrangelo
– Não. Existem algumas características diferenciadas, mas isso não valoriza a ponto de aumentar a competitividade.

AE – É meta do governo de Tião Viana permitir exploração das reservas de mogno?
Mastrangelo
– Não. Não é. Temos, aproximadamente, 500 mil hectares de Florestas Estaduais: 47 mil hectares da Floresta Estadual do Antimary e mais aproximadamente 450 mil hectares do Complexo de Florestas Estaduais do Rio Gregório [localizados entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul]. O mogno é uma das espécies de possível exploração dentro de um projeto de manejo. No entanto, ele tem uma legislação específica que dificulta muito a exploração. Não há nenhuma proposta do Governo do Acre especificamente para o mogno. Há proposta de ampliação do nosso Programa de Manejo Florestal, tornando produtivos quase 6 milhões de hectares de áreas florestais com potencial de se incorporar à economia de base florestal. Hoje, em todo Acre, nós temos, aproximadamente, 400 mil hectares de planos de manejo em um horizonte de 6 milhões de hectares.

AE – Fábrica de Pisos de Xapuri. Você acompanhou todo o processo de formulação da Fábrica de Pisos. O que aí está te satisfaz?
Mastrangelo
– Satisfaz. Temos que fazer duas distinções: uma coisa é o projeto e a sua viabilidade. Outra coisa é a gestão do projeto. Claro que a gestão é um dos componentes de viabilidade: estamos falando de algo que representa uma proposta política e que, de fato, ele deve atender aos anseios e aspirações dessa proposta política. Há divergências conceituais? Sim, há. Mas isso é normal. O governo do Estado criou um fórum com os maiores especialistas em economia florestal do país e alguns até de fora do país e elaborou a proposta concretizada ali. O processamento de madeira tropical feito ali oferece um leque de produtos.

AE – O que há de errado na gestão?
Mastrangelo
– Realmente, a concessão que foi realizada foi prejudicada pelo contexto adverso do mercado, que acabou atrapalhando a gestão dos empresários. Isso ocorreu. A Marinepar, por exemplo, que é uma empresa que detém inegável conhecimento do setor, teve problemas graves com o mercado externo, justamente quando foi dada a concessão a ela. Com a queda do dólar, a Marinepar teve problemas e comprometeu o desempenho dela aqui. E nós, infelizmente, pegamos esse contexto. O rearranjo societário foi feito e chegamos a esse último ano fazendo ajustes, com a Laminados Triunfo tendendo a assumir integralmente a gestão.

AE – Quem são os clientes da Fábrica de Pisos? Ela vende pra quem?
Mastrangelo
– Hoje, o mercado interno é o maior comprador. Com os grandes eventos esportivos agendados para o Brasil, o mercado está aquecido. Os principais clientes estavam no mercado europeu e norte-americano.

AE – A logística para abastecer a fábrica de insumos é compensatória?
Mastrangelo
– Nós rompemos paradigmas. Antes de 1999, praticamente toda madeira beneficiada aqui era oriunda de região de desmatamento. Hoje, mais de 90% da madeira processada no Acre vêm dos planos de manejo. Lembrando que em um hectare de área desmatada você tira cerca de 300 árvores. Em um hectare de área de manejo, esse número cai para cinco, seis até oito árvores. Naturalmente, isso nos torna menos competitivos do que antes porque temos mais custos: é o preço da legalidade. A logística mais planejada é também mais cara. Mas, os custos com a logística do manejo comunitário para abastecer a fábrica foram pensados na projeção do fluxo de caixa da empresa.

AE – Quando o governo pode intervir, caso as decisões empresariais comprometam aquilo que o projeto político discorda?
Mastrangelo
– Temos uma metodologia de acompanhamento com auditorias e consultorias, tendo como referências os termos contratuais que preveem máximo cuidado nas questões relacionadas à segurança no trabalho; legalidade da matéria prima a ser processada na fábrica; transparência nos processos demonstrativos; manutenção dos interesses públicos e respeito às questões tributárias.

AE – Hoje você conseguiria elencar os seus maiores desafios na condução da secretaria?
Mastrangelo
– Se nós conseguirmos trabalhar com franqueza, transparência, colocando esses assuntos para a sociedade acreana olhar junto com a gente, podemos fazer com que as florestas sirvam ao povo do Acre. A floresta pode servir às pessoas do Acre.


Parcerias Público-Privadas: oportunidades no cenário contemporâneo

*Evandro S. Araújo


No atual contexto mundial, vivemos numa encruzilhada que reflete a capacidade do Estado em realizar seu maior compromisso com a coletividade: O Bem-Estar Social.

Atualmente, está em evidência, reforçada pelo clima de insegurança financeira Norte-Americana, a possibilidade de assegurar os níveis de investimentos para atender as demandas sociais. Como resposta a estes desafios, o Estado brasileiro tem a necessidade estratégica de fomentar parcerias com a iniciativa privada. Estas parcerias visam, em relação ao Poder Público, a suprir a insuficiência de investimentos em infra-estrutura por recursos próprios.

Tendo em vista a impossibilidade de maior arrecadação de capital do setor privado por meio de recursos tributários e a ausência de fundos Estatais para investimento em infra-estrutura, torna-se fundamental o emprego das Parcerias Público-Privadas (PPP) como forma de captação de recursos das esferas privadas na forma de investimentos.

Em 30 de dezembro de 2004, foi sancionada a Lei Federal nº 11.079 que disciplinou “normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”

A definição legal da Parceria Público-Privada consta no art. 2º da referida Lei: “é o contrato administrativo de concessão na modalidade patrocinada ou administrativa”. No mesmo dispositivo ainda constam os conceitos de concessões patrocinadas e administrativas.

Nas palavras de Filho:

“parceria público-privada é um contrato organizacional, de longo prazo de duração, por meio do qual se atribui a um sujeito privado o dever de executar obra pública e (ou) prestar serviço público, com ou sem direito à remuneração, por meio da exploração da infra-estrutura, mas mediante uma garantia especial e reforçada prestada pelo Poder Público, utilizável para a obtenção de recursos no mercado financeiro.”

As parcerias público-privadas são contratos que estabelecem vínculo obrigacional entre a Administração Pública e a iniciativa privada visando à implementação ou gestão, total ou parcial, de obras, serviços ou atividades de interesse público, em que o parceiro privado assume a responsabilidade pelo financiamento, investimento e exploração do serviço, observando, além dos princípios administrativos gerais, os princípios específicos desse tipo de parceria.

O contrato administrativo de Parcerias Público-Privadas é considerado um meio eficaz na obtenção de recursos da iniciativa privada destinados a serviços públicos e setores de pouca viabilidade econômica quando prestados exclusivamente pelo Poder Público. Países como Inglaterra – no qual as parcerias público-privadas são denominadas Private FinanceInitiative –, Portugal, Chile, além de outros países, já comprovaram a eficiência econômica da parceria e cooperação entre o particular e o ente da Administração Pública na prestação de serviços.

Acre, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Bahia, dentre outros Estados brasileiros implementam ações de PPP por entenderem a forte relação existente na  cooperação dos entes públicos com a iniciativa privada, no objetivo que propiciar à coletividade benefícios em áreas vitais, tais como:  transporte coletivo, saneamento, habitação, tecnologia, saúde e educação básica,  além de outros que poderão surgir no decorrer do desenvolvimento de tais parcerias que se apresentam como imprescindíveis na atual economia globalizada.

*Evandro S. Araújo é economista.


 

Estado deve duplicar área de cultivo de café


ITAAN ARRUDA

O Acre deve duplicar a área plantada para cultivo do café até o fim do ano que vem.De acordo com a Secretaria de Estado de Agropecuária, atualmente, o café é plantado e cultivado para comercialização em menos de mil hectares em todo Estado. A medida deve ter impacto positivo, inclusive para a incipiente indústria do setor na região, que não chega nem a dez unidades de torrefação e empacotamento.


Café é cultivado para comercialização em menos de 2 mil hectares em todo Estado

A intenção de duplicar a área de plantio foi antecipada pelo secretário de Estado de Agropecuária, Mauro Ribeiro. “Na hora em que o governo formalizar essa política, uma série de medidas deve aquecer o setor”, afirmou Ribeiro. A “série de medidas” pode ser reunida em tecnologias e abertura de linhas de crédito.

A intenção do governo tem lógica. A produção de café do Acre, em 2009, não chegou nem a duas mil toneladas. De acordo com a publicação Acre em Números (publicação oficial do Governo do Acre), em 2008, foram produzidas exatas 1.579 toneladas. Há dois anos, aos invés de aumentar a produção, houve uma redução para 900 toneladas.

A maior indústria do setor no Estado importa quase cinco mil sacas de café da espécie arábica para fazer o “blender” com o grão conillon. São as diferentes proporções dessa mistura de grãos as responsáveis pela elaboração de um café mais “forte” ou mais “fraco”. Com a ampliação da área plantada, existe a possibilidade de que a importação do grão arábica diminua.


Acre não tem hoje nem dez unidades de torrefação; secretário Mauro Ribeiro diz que medida vai aquecer o setor

O café é uma cultura que, no Acre, deve priorizar um sistema endógeno de produção: produzir, processar e consumir, priorizando o mercado interno. Conquistar mercado externo exige investimentos e áreas de cultivos de monocultura inviáveis para a região. Garantir aumento da área plantada e agregar o básico das novas tecnologias já teriam impacto positivo para a cadeia produtiva do café no Estado.

Nem o nosso potencial importador, o Peru, é um mercado que atrai os empresários do setor. No Peru não se consome nem 0,5 Kg de café per capita anualmente.
Hoje, a região do Vale do Acre é a que produz a maior parte do café acreano.


Fecomércio realiza mais uma palestra do PDA com tema ‘Produtos e Serviços no Acre’

 

A evolução do sindicalismo patronal aponta para a frequente necessidade de desenvolvimento de novas tecnologias, a melhora de processos de gestão, o compartilhamento de informações e o atendimento às expectativas dos clientes. Esse é um dos objetivos do Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA), realizado no dia 11 de agosto, na Federação do Comércio do Acre (Fecomércio-Acre).


Renata Balthazar, da CNC, ministrou palestra na Capital

A terceira palestra do PDA, “Produtos e Serviços Essenciais”, teve como finalidade auxiliar as entidades sindicais patronais para a implantação de novos produtos e serviços como forma de atrair associados.

A palestra foi ministrada por Renata Balthazar, da Gerência de Projetos da Confederação Nacional do Comércio – CNC. Durante o evento, foilevantada a necessidade de realização de pesquisas de mercado, análise de risco, além da inserção de produtos e serviços que atendam aos interesses dos associados.

A coordenadora de Projetos da Fecomércio-AC,Elivanda Araújo, explica que uma das diretrizes do PDA é estar atento às novidades do mercado e da concorrência.

O que é o PDA
Quanto mais próximos os Sindicatos e as empresas estiverem, mais chances terão de se tornarem fortes. Dessa forma, fica mais fácil defender as bandeiras da categoria. Vinculado ao Sistema de Excelência em Gestão Sindical (SEGS), o Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA) foi criado para ajudar as entidades a desenvolver mecanismos internos de atração de associados e a fortalecer a marca dos sindicatos. A intenção é oferecer uma série de ações, para que elas obtenham os meios de atingir a modernização e o fortalecimento esperados, investindo, por exemplo, em marketing associativo e opções de produtos e serviços.

O objetivo principal é aumentar a representatividade dos Sindicatos patronais, fortalecendo, assim, todo o Sistema. Para desenvolver o seu PDA, a CNC conta com o apoio da coirmã Confederação Nacional da Indústria (CNI), que já desenvolve esse Programa com sucesso.

Os líderes sindicais devem entender que os associados só se aproximam das entidades quando ela corresponde às suas expectativas. E, em geral, elas são movidas pelo atendimento das necessidades que estão tanto na esfera da representatividade como na oferta de produtos e serviços.

Com investimentos em iniciativas como capacitação, planejamento e gestão, marketing associativo e oferta de serviços, os sindicatos estarão preparados para prestar bons serviços e ações que os associados esperam deles. Estes atrativos construirão uma entidade sindical forte e sustentável.


 

 

NOTAS ECONÔMICAS

Energia
O setor de energia foi um dos que o ex-governador Binho Marques assumiu, publicamente, que, na gestão de 2006/2010, não houve avanços significativos. É uma área, de fato, difícil. Sobretudo para uma região desindustrializada como o Norte. Os apagões que ocorreram, na semana passada, no Estado são prova disso. Da última terça para quarta-feira, foram oito quedas de energia! E, até agora, ninguém é penalizado nem com um “carão”.

Energia II
Tão impressionante quanto os consecutivos “picos” de luz é a total falta de “tato” (se é que podemos chamar assim) da direção regional da Eletrobrás para dar uma satisfação ao consumidor acreano. Quase 24 horas depois e nenhum comunicado oficial da empresa. Foi preciso que o governador Tião Viana informasse, via Twitter, que, segundo o secretário de Minas e Energia, o problema estava localizado em Rondônia e que Governo Federal já havia cobrado uma “resposta rápida”.

Energia III
Procurado pela imprensa, o gerente da Eletrobrás, Celso Matheus, deu a seguinte declaração: “Não podemos afirmar o que está acontecendo. O que temos certeza é que as quedas de energia não são um problema ocorrido no Acre”. Deu para entender??

Farinha
Um gestor público tem uma explicação conceitual para o problema das 102 casas de Farinha. A matéria mostrou que há um problema na estrutura do projeto: falta produção de macaxeira para dar escala à produção de farinha. Para o gestor, o garagalo não está na aplicação do projeto. Está na estrutura do cooperativismo no Acre que, segundo ele, não tem postura empreendedora.

Franquias I
Bob’s; O Boticário; 5àSec; L’aquadi Fiori; Acqua Zero; Dr. Resolve; Yogo; CNA; Wizard são alguns exemplos rápidos de franquias que já estão instaladas no Acre. Em certa medida, refletem uma atividade econômica aquecida. Não seria absurdo raciocinar que nenhum empreendimento desses se instala em um lugar onde não há previsão de retorno do investimento.

Franquias II
Com a previsão de inauguração do Via Verde Shopping, a lista de marcas aumentará ainda mais. Não é motivo para deslumbramento. Muito menos para tristeza. É um indicativo importante de que há dinheiro circulando. Sem dúvida, a dependência do calendário do pagamento do funcionalismo público ainda assusta muitos empresários. Mas, um movimento já se iniciou. O que não dá é pra recuar. É daqui pra frente!

Gastos públicos X campanha I
A equação não tem solução fácil e quem dá o tom da solução, sem dúvida, é o governador Tião Viana. A determinação da presidente Dilma é simples: mostrar aos mercados financeiros de todo mundo que o Brasil está disposto a cortar gastos públicos para manter as finanças em equilíbrio e mais preparada para as turbulências internacionais. De que forma essa postura se adequa à campanha que se avizinha vai exigir mais ginástica política do governador.

Gastos públicos X campanha II
Com a determinação da presidente, o raciocínio é simples: emendas parlamentares, liberação de verbas contingenciadas nos ministérios, cortesias e mimos da corte ficam bastante comprometidos. Haja cuidados com os olhos; haja tijolos para as ruas do povo etc. etc. Tudo dentro da “normalidade”. Cada um luta com as armas que tem.

Miséria
A idéia do “Acre sem Miséria” é um acerto. É preciso reconhecer a justeza do propósito do governo na elaboração da proposta. A descentralização dos recursos operada na gestão de Binho Marques foi o início de um movimento que precisa mostrar resultados. Tião Viana com o “Acre sem Miséria”, além de demonstrar sintonia com as políticas pensadas em Brasília, tenta resolver um problema crônico da nossa região.

Miséria II
Cidades inteiras como Assis Brasil, Santa Rosa do Purus, Jordão, Marechal Thaumaturgo e Porto Walter possuem famílias pobres ou extremamente pobres. Toda iniciativa que tente solucionar esse problema é válida. E nem adianta tentar relativizar sobre indicadores. Fome é fome. Miséria é miséria. Não há discussão intelectualizada que dê jeito de saná-la. É com comida mesmo.

Emprego
Lojas que estão se instalando no Via Verde Shopping já começaram o processo seletivo para contratação de trabalhadores. A estimativa é de que as âncoras Bemol, Renner, Riachuelo, Americanas, Marisa e Centauro selecionem, pelo menos, 500 pessoas para os empreendimentos. A seleção está sendo feita em parceria com o Departamento de Mobilização pelo Trabalho (DMT) da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio, Serviços, Ciência e Tecnologia (Sedict). Nos próximos dias, mais lojas também iniciarão o processo de contratação.

Dia dos Pais
Pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio de Pesquisas Empresariais do Acre (Ifepac) revelou que 50% dos comerciantes acreanos estão otimistas com o crescimento da venda neste Dia dos Pais.  Para 26% dos entrevistados, entretanto, o movimento deve permanecer no mesmo “ritmo” do ano anterior. Outros 21%, um percentual significativo, estão pessimistas e acreditam que os níveis de 2011 serão inferiores a 2010.

Dia dos Pais II
A facilidade de crédito foi destacada por 14% dos empresários ouvidos como estimulante do consumo e também da inadimplência. Dentre os fatores que influenciam o aumento de preço dos produtos, 35% destacam a dinâmica de lançamentos de novidades para consumo. Outros 33% debitam a “culpa” dos constantes aumentos de preço aos níveis de inflação.

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