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Marina tucana?


 Marina Silva estaria de malas prontas para se filiar ao PSDB. Essa é a história que contam os corredores palacianos de Brasília e que ganhou força na noite da última terça-feira, dia 27 de setembro, durante evento no Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC). A troca de “carinhos” entre o ex-presidente e a ex-senadora foi visível. Desde que deixou o PV, em julho, a acreana vem sendo cortejada pelas mais diversas legendas, do PPS ao PDT, além dos próprios tucanos.

 Marina deixou a eleição presidencial de 2010 com um estofo político de 20 milhões de votos e, por óbvio, trata-se de um nome fortíssimo no tabuleiro de xadrez que começará se movimentar para as eleições municipais do ano que vem. As dimensões da ex-presidenciável podem ser medidas por um de seus últimos atos: a criação do movimento para mudar a forma de fazer política no Brasil. O primeiro encontro nacional do “Movimento pela Nova Política”, capitaneado por Marina Silva, reuniu figuras importantes do PDT, PT, PV e PSOL, dentre os quais se destacam os senadores Cristovam Buarque e Eduardo Suplicy e da também ex-senadora e ex-presidenciável Heloísa Helena.

 Já o PSDB segue sua trilha em busca de um nome minimamente interessante para disputar a Presidência da República em 2014. Minguados e sem qualquer força de representatividade desde o governo Lula, a oposição vive dias mazelares. Reféns da anacrônica liderança do “biderrotado” José Serra, com Aécio Neves completamente apagado em sua atuação no Senado Federal e o duro golpe nos quadros oposicionistas impingido pela criação do PSD de Gilberto Kassab, os tucanos, ladeados pelo DEM e pelo PPS, sentem que precisam logo encontrar um “nome-guia” que os conduza com dignidade à próxima eleição presidencial.

 Os números para a oposição ainda não são bons. Nos próximos dias, alguns dos principais institutos de pesquisa do país vão divulgar os mais recentes índices de aprovação do governo de Dilma Rousseff. A crise econômica internacional e os escândalos que derrubaram cinco ministros ainda não atingiram a popularidade da presidenta. A queda dos beneplácitos percentuais é mínima. Mas a avaliação é que, em longo prazo, Dilma seja atingida no peito pelo tétrico cenário de recessão global. Isso sem contar a real possibilidade de novos escândalos de corrupção, como as nuvens tempestuosas que já podem ser avistadas das janelas dos ministérios do Trabalho e dos Esportes.

 A essas variáveis, não se deve esquecer a figura do ex-presidente Lula, ainda muito viva na memória coletiva do eleitorado. Se Dilma chegar a 2014 em situação crítica, o PT pode se valer de Luiz Inácio para manter-se no poder. Do outro lado, a agremiação de partidos de oposição não dispõe de um nome qualificado e de projeção nacional. Restará ao grupo formado por DEM, PPS, PTB e até o PV, caminhar ao lado de quem os tucanos decidirem lançar como pré-candidato. É certo que não cairão na armadilha de deixar o anúncio desse nome para a véspera da campanha, como em 2010. Por tudo isso, começa a ficar evidente o “rosca-enrosca” do PSDB com Marina Silva.

 Durante o evento da última terça-feira, FHC fez questão de revelar que trocava cartas com a ex-senadora enquanto estava na Presidência e que espera o dia em que elas passem ao domínio público. Além disso, fez questão de afirmar categoricamente: “Marina é uma pessoa íntegra”. Ela, por sua vez, retribuiu os elogios e concluiu sobre seu encontro com o ex-presidente: “É o diálogo da convergência”. Será que a ex-vermelha e ex-verde Marina Silva alçará voo ao lado do tucanato? E os “marineiros”, será que vão gostar dessa revoada? Marina tucana… quem viver, verá!

*HELDER CALDEIRA*
Escritor, Jornalista Político, Palestrante e Conferencista
www.heldercaldeira.com.brhelder@heldercaldeira.com.br
*Autor do livro “A 1ª PRESIDENTA”, primeira obra publicada no Brasil com a análise da trajetória da presidente Dilma Rousseff e que já está entre os livros mais vendidos do país em 2011.

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