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Norte e Nordeste precisam de mais doadores de medula

“É complexo tratar do tema de maneira geral. Prioritariamente, o que necessitamos dentro de um registro de doadores voluntários é que haja representação de todos os grupos étnicos brasileiros”.

Esta é a opinião do professor emérito da UFPR (Universidade Federal do Paraná) Ricardo Pasquini, hematologista paranaense pioneiro em transplantes de medula óssea no Brasil (a primeira cirurgia foi realizada em 1979, no Hospital de Clínicas da UFPR) e vencedor do Prêmio Conrado Wessel (2009), sobre o número de doadores que temos, atualmente, no país. De acordo com o médico, o banco dedados nacional ainda se concentra, em sua maioria, com doadores vindo das regiões Sul e Sudeste – cerca de 50% dos 2,3 milhões de doadores registrados.

No Brasil, por conta da miscigenação, há grande diferença entre a população das cinco regiões. “Nos Estados Unidos, já há esse estímulo para que todos os grupos étnicos tenham a representação proporcional nos registros de doadores voluntários, já que eles possuem diferenças como nós”.

Recentemente, uma família carioca realizou uma campanha popular para tentar aumentar o número de doadores de medula – o filho pequeno está com leucemia e não encontrou doador compatível. Para Pasquini, “iniciativas como essa são válidas, mas, infelizmente, o retorno é muito pequeno”.

Outro problema que pode ocorrer, segundo o médico, é que, nestes casos, a maioria das pessoas se registra emcondições emocionais e não necessariamente se torna boa doadora, já que não foi suficientemente instruída. “Muitos rejeitam a doação, e são por vários motivos. Por isso, nesses grandes movimentos há necessidade que se fale para o doador e que ele entenda a importância”.

Problemas no transplante

Pasquini comenta que, no Brasil, ainda o maior problema está na realização do transplante. “A demanda ainda está muito além dos recursos para atendê-la. Temos mais de 60 centros de transplantes no País, mas destes, apenas 12 fazem todas as modalidades. A maioria faz apenas o autólogo, quando é utilizado aprópria célula do receptor”.

No Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, até a atualização mais recente, já foram realizados 2.300 transplantes. “O crescimento é progressivo, mas o que o caracteriza é que mais de 90% são alogênicos, que são mais complexos, e destes a maioria são de não-aparentados”. (Ascom Fundação Conrado Wessel)

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