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Servidor acusa Funai de favorecer empresas; direção nega acusações

O servidor Francisco Lopes dos Santos, que trabalha na Fundação Nacional do Índio (Funai) desde 1978, está acusando a administração regional do órgão de irregularidades e descasos. Ele diz que há suspeitas de favorecimento às empresas fornecedoras de serviços e pagamentos de serviços fracionados, além do uso indevido de veículos do órgão para fins particulares. A administradora regional, Maria Evanízia dos Santos, negou as acusações e abriu um processo administrativo para apurar a conduta do servidor.

“Até cachorro viajou de avião, pago indevidamente pela Funai”, declarou Francisco Lopes. Ele afirmou que, desde 2004, todos os administradores respondem a processos e/ou foram punidos pela Justiça Federal ou Tribunal Contas da União (TCU). “Sucatearam e jogaram na lama o nome da Funai”, acrescentou.

Caminhando pelas dependências do prédio, o servidor mostra um barco, uma caminhonete e uma máquina de moer cana-de-açúcar em estado deteriorado. “Enquanto as comunidades precisam de apoios logísticos, os administradores se limitam doar botas, fornos de casas-de-farinha e sacolões”.

De posse de inúmeros documentos (alguns com indícios de crimes de peculato, improbidade administrativa e até formação de quadrilha), o denunciante afirma que está disposto a ir ‘às últimas conseqüências’. “Se eu não denunciar, vão me acusar de ter compactuado”, disse ele, mostrando 2 processos na Justiça Federal, 3 outros processos, 1 acórdão no TCU e 1 inquérito na Polícia Federal.

O Outro lado
A administradora Maria Evanízia, mesmo admitindo que as administrações anteriores submeteram o órgão à atual situação, negou que a sua gestão esteja praticando irregularidades. “Quando assumimos a Funai, no começo do ano, a primeira providência que tomamos foi solicitar uma auditoria interna”, informou ela, deixando a entender que as posturas de Francisco Lopes são de um ‘servidor sem compromisso com o órgão’. “Ao identificar todos estes problemas, porque ele não comunicou aos seus chefes imediatos?”, questiona ela.

Quanto à lotação do servidor, que é técnico em enfermagem, Evanízia e o seu substituto imediato, Juan Felipe Negret Scalia, disseram que a Funai não faz mais ações em saúde, restando a Francisco Lopes ser removido para a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). “Acontece que ele não quer ser removido e nem trabalhar em outra função”, dizem.

Para os administradores, cerca de 90% dos servidores ‘vestem a camisa do órgão’. “Nossa tarefa inicial é resgatar a credibilidade da Funai, reestruturando-a para melhor servir à sua missão, ou seja, servir às comunidades indígenas”, finalizou a coordenadora.

 

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