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O papel da escola educadora

Temos falado de forma cansativa e até exaustiva das questões que efetam às escolas brasileiras, em especial à violência escolar. E não há respostas para reparar essa chaga social. Então, nesse sentido, este texto procurar trazer alguma luz para ajudar a sociedade contemporânea a vencer esse duelo entre a violência escolar e a formação da cidadania.

Entre as medidas que deveriam ser adotadas em uma escola para enfrentar os problemas de convivência, sem renunciar por isto aos princípios de compreensividade e de escola educadora, está à medida de dar maior ênfase aos aspectos preventivos do que aos meramente punitivos. Entre as medidas preventivas está a criação de um currículo que seja negociado com os interesses dos alunos, para o qual uma via adequada e ao alcance dos nossos sistemas educativos é a de trabalhar com os temas transversais, que se trata, apenas, de desenvolver a declaração retórica de todos os sistemas educativos de perseguir uma educação integral das pessoas, tais como:

a) Educação para a paz: como tema que promove o valor-meta desenvolvendo o conhecimento, as atitudes e as destrezas para a solução dialogada, não-violenta dos conflitos interpessoais, tão freqüentes em coletividades onde convivem pes-soas diferentes.

b) Educação emocional: um tema transversal visando uma questão que está muito relacionada aos problemas de convivência, especialmente na adolescência, como o controle das próprias emoções, o respeito e a atenção às emoções dos outros.

c) Educação intercultural: perante o fato de que, de forma crescente, nossas salas de aula vão se tornando cada vez mais multicul-turais, às vezes surgem conflitos derivados da falta de tolerância e de assunção de valores xenófobos aprendidos fora da escola. Uma educação intercultural promoverá um maior conhecimento e integração de outras culturas, promovendo a noção de enriquecimento mútuo.

d) Educação democrática: devido a que grande parte da atitude violenta ou indisciplinada de determinados alunos representa uma ponta de iceberg de mal-estar, pela imposição autoritária de normas por parte da instituição escolar. Diante disto, a educação democrática promoverá a participação a partir do estabelecimento das próprias normas de convivência e seu controle, até o planejamento do currículo no contexto de uma negociação que leve em consideração as exigências da socie-dade e seus próprios interesses.

e) Educação moral: como transversal de todos os temas, uma vez que promove a reflexão e o julgamento moral em torno de determinadas situações dilemáticas que estão presentes no desenvolvimento de todos os temas. Procura melhorar o conhecimento dos valores-meta e o desenvolvimento de uma ética pessoal para se movimentar em sociedade.

Assim através destes temas transversais, será mobilizada uma série de estratégias-chave para a prevenção da disciplina nos centros comunitários e nas escolas: o trabalho cooperativo, a participação, ações solidárias etc., tudo isso dentro de um clima comunitário, no qual a ação da Coordenação será primordial. Isto pressuporá tomar medidas em diferentes escalas. Se seguirmos uma ordem dedutiva (desde o geral até o particular), devemos começar por entrar em consenso, em nível de comunidade educativa (conselho escolar), sobre os valores–meta relacionados com a pacificação do centro (não-violência, democracia, tolerância, controle, respeito etc.), transformando-os em finalidades educativas e selecionar os temas transversais para que melhor sejam desenvolvidos. Também devem ser tomadas decisões organizacionais que promovam um clima propício no centro e nas salas de aula: diálogo, tolerância, igualdade, e principalmente, participação. O Departamento de Orientação é adequado para coordenar pelo menos dois destes temas transversais: a educação democrática e a educação emocional. A primeira começará promovendo a compreensão e elaboração de normas de convivência, através das Coordenações, criando comissões de convivência para o controle democrático dos problemas de convivência, dispositivos de participação (por exemplo, assembléias) etc. A educação emocional, que requer uma formação psicológica mínima, deverá ser impulsionada pelo orientador, porém suas estratégias devem ser desenvolvidas por coordenadores e professores de turmas.

‘Há um ditado chinês que diz que, ‘se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um; porém, se dois homens vê andando por uma estrada, cada um carregando uma idéia e, ao se encontrarem, eles trocam as idéias, cada homem vai embora com duas’. Quem sabe é esse mesmo o sentido do nosso fazer: repartir idéias, para todos terem pão… (Cortella, 1998, p. 159).

DICAS DE GRAMÁTICA QUAL O PLURAL DE DECRETO-LEI?

 – Quando a palavra é formada por dois nomes com o mesmo estatuto e idêntica contribuição para o significado da palavra, ambos os elementos vão para o plural. Por isso, dizemos:
O decreto-lei –  Os decretos-leis.

Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá. Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Pesquisadora Sênio da CAPES.( colunaletras@yahoo.com.br)

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