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Feliz Dia das Crianças?

DSC_0262Um movimento ganhou força nas últimas semanas na rede social, Facebook. De forma divertida, mudando as fotos de perfil para personagens de desenhos animados que marcaram suas infâncias, os usuários da rede, chamavam a atenção para um problema ainda tão freqüente na nossa sociedade: a exploração infantil. Da Branca de Neve ao Mestre dos Magos, todos ou quase todos se manifestaram contra todas as formas de violência contra as crianças, seja ela física, psicológica ou sexual.

É óbvio que apenas mudando uma foto de perfil não vamos combater o problema, a intenção nunca foi essa, mas mostra que as pessoas se importam e têm esperança de ver as coisas mudarem.
Estive em Pernambuco em abril deste ano e notei que lá é muito comum encontrar crianças nas ruas, nas praias, sozinhas vendendo balas, pedindo dinheiro e até mesmo se prosti-tuindo. E pensei, “isso não acontece no Acre. No meu Estado eu não vejo este tipo de cena”. Engano meu.

No nosso Estado não é diferente. Facilmente podemos encontrar crianças vagando pelas ruas da cidade altas horas da madrugada. No próprio Parque da Maternidade, um de nossos cartões postais, não é difícil encontrar meninos e meninas que deveriam estar em casa dormindo, protegidos no seio da família, pedindo nos sinais, guardando carros. Presas fáceis.

Com idades que variam entre 6 e 12 anos, já não têm inocência no olhar. Muitos perderam a ternura. ‘Sabem’ o que querem: dinheiro, drogas, comida. É fácil concluir que na maioria dos casos, um adulto está por trás roubando a infância e a dignidade desses seres ainda tão pequenos, negligenciados pelos seus responsáveis.

Aqui também no nosso Acre, o número de crianças abusadas sexualmente não pára de crescer. Basta abrir os jornais, são pais, tios, padrastos, irmãos, primos que violentam, torturam, espancam e até matam inocentes indefesos.

E vendo essas crianças, é impossível não lembrar da minha própria infância e a de meus irmãos. Tenho boas lembranças daquela época. Uma infância feliz, de afeto, segurança e, é claro, muitas brincadeiras, das quais guardo boas cicatrizes. Infelizmente nem todos têm a mesma sorte.  Nem todos poderão olhar para o passado e sentir saudade do que foram.

E de quem é a culpa? Minha? Sua? Da família ou do Estado que por obrigação deveria, segundo a constituição, garantir às crianças e adolescentes “com absoluta prioridade o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Muito bonito na teoria.
 
Geisy Negreiros é jornalista. E-mail: geisynegreiros@hotmail.com

 

 

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