Apesar do páreo duro, respondi no ato sem nem pestanejar, cobrir um velório em qualquer dia da semana, com sol ou chuva, não importa o horário. Pauta de velório, desculpe-me o trocadilho, é de matar. E ela faz parte da série de pautas horríveis, porém necessárias. Alguém sempre terá de fazê-las, não tem jeito. Eu por exemplo, já tive o desprazer de fazer a cobertura de pelo menos quatro. Piora quando o velório é de uma pessoa que você conhece. Aquele clima de tristeza e de comoção sempre me deixam com o astral lá embaixo.
Geralmente chegamos desconfiados, caneta numa mão, bloquinho de anotações na outra, enrolamos ali pela entrada, vamos entrando procurando buscar informações com os amigos mais chegados do falecido, depois tentamos os familiares. E aí vale uma dica importante. Nunca, jamais, em hipótese alguma, comece falando “Olá, tudo bem?” nem solte um “como vai”, pelo amor de Deus (sim existem aqueles mais distraídos que perguntam). A probabilidade de ser linchado, só aumenta.
Dependendo da situação, você e o seu companheiro inseparável, o repórter fotográfico, ainda correm o risco de serem colocados “pra correr” do velório, caso queiram fazer uma abordagem mais ousada, tirar uma foto da cara do defunto, por exemplo. Na melhor das hipóteses você pode ouvir um “faça o favor de se retirar”.
Meus pêsames. As pessoas não vão deixar de morrer só porque você não gosta de cobrir essas pautas. Muitos velórios e enterros ainda hão de aparecer.
A enquete ainda está rolando no blog (http://desilusoesperdidas. blogspot.com/) e para minha surpresa, até o fechamento deste artigo, cobrir velório estava na vice liderança, perdendo para “Uma palestra de 3 horas de um ambientalista xiita”. Deve ser bem chato cobrir uma palestra de um ambientalista xiita, mas as chances de você sair vivo de lá, são bem maiores.
Geisy Negreiros é jornalista. E-mail: geisynegreiros@hotmail.com