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Novos varadouros

Itaan-ArrudaPoucos temas são tão envolventes quanto os vinculados à Cultura. Quando se relaciona os aspectos culturais às atividades econômicas, o compromisso e envolvimento se fortalecem mais ainda. A última edição do suplemento Acre Economia tentou trabalhar nesta seara. Com o título Manejo Florestal apresenta contradições e avanços na política ambiental acreana a reportagem teve a pretensão de demonstrar a polêmica em torno da prática do manejo como uma política pública. Em função de falhas, algumas retificações são necessárias.

A primeira correção se refere ao erro na foto que ilustra uma declaração do professor da Ufac, Écio Rodrigues. A foto publicada foi a do professor Élder Andrade: a declaração de um foi ilustrada com a foto do outro. Quem conhece as linhas de pesquisa dos dois cientistas sabe que foi um erro quase indesculpável. Um equívoco que assumo integralmente. Excluídas as vaidades feridas, a exposição das contradições de idéias não ficou comprometida. O erro na forma trouxe algum “ruído” na comunicação, mas a mensagem foi passada.

Outro problema na forma do material diz respeito à dimensão desproporcional dada aos críticos do manejo florestal em comparação aos defensores. Esse erro de dimensão não é fruto do capitalismo verde yankee, promotor da desgraça dos excluídos. O erro do dimensionamento do material também pode ser creditado a mim. Não tenho medo de críticas. Ao contrário, preciso delas para aperfeiçoar o trabalho de carpintaria que é manejar palavras e idéias.

Uma crítica que não é aceitável diz respeito à seriedade no processo de construção da notícia. É legítimo o questionamento em relação à competência do repórter em elaborar a matéria. Mas, é inadmissível o questionamento em relação à minha postura profissional. Há erros na matéria? Sim, há. E aqui estou explicitando-os. Mas, são equívocos que, em nenhum instante, possibilitam ao leitor duvidar da idoneidade do repórter.

Na prática, o processo de construção da notícia exige que se ouça “quem é necessário ouvir”. Uma história, na maioria das vezes, possui mais de duas versões. Cai por terra, portanto, a tese de que o bom jornalismo “deve ouvir os dois lados”. O jornalista deve ouvir “todos os lados”. Se o leitor for atento, deve perceber que essa conduta é moeda rara no jornalismo regional.

O debate em torno do manejo diz respeito à forma polarizada como as discussões se concretizam. O Governo do Acre, por razões políticas, naturalmente ofusca a discussão. Não promove a pluralidade que o tema exige ou não esconde o incômodo quando o contraditório se apresenta. A academia, com destaque para produção de conhecimento da Ufac, também não apresenta direções práticas. E talvez nunca apresente (é preciso compreender o papel dos intelectuais no processo de conformação de idéias). A imprensa também tem doses de responsabilidade. A imprensa não encontrou o tom, a pauta e forma adequadas para falar sobre a Amazônia. A floresta ainda é incompreensível para nós. Precisamos buscar entendê-la. É uma procura. E precisamos trilhar esse varadouro da forma mais justa possível, sem maniqueísmos, reconhecendo erros e construindo alternativas que nos emancipem integralmente.

Itaan Arruda
itaan.arruda@gmail.com

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