Saíram da auto-escola com toda a teoria na caixola, mas no meio do caminho esqueceram de colocar em prática. Olham com desdém para aquela faixa, cheia de listrinhas. É dureza. Não vou mentir, eu, na condição de motorista, só paro na faixa de pedestre se tiver certeza, conferindo pelo retrovisor, que não correrei o risco de ter a traseira do meu carro amassada por um outro veículo que vem logo atrás de mim. Não me condenem, mas é um risco real. Poucos respeitam aquela distância entre um veículo e outro.
Ser pedestre também não é uma missão muito animadora. É preciso coragem, e muita, mas muita paciência. Fica-se lá parado na faixa, passa um, dois, três, quatro, dezenas de carros e motos (dá pra cantar o hino do Acre) e nenhum tem coragem de parar. E quando o corajoso se arrisca, corre um sério risco de ser atropelado e ainda ouvir um belo de um palavrão, como se quem tivesse a obrigação de esperá-lo passar fosse você e não ele, o piloto da Fórmula 1. Ah, se buzina pudesse falar…
Uma falta de respeito (sem tamanho) às leis e às pessoas. Além de não parar na faixa de pedestre, os condutores não costumam respeitar placas de proibido estacionar, nem vaga para deficiente. Também não gostam de dar sinal e andam feitos loucos, como se não houvesse amanhã. Gentileza e boas maneiras, definitivamente, não ficaram pra qualquer um mesmo.
Espero viver para ver o dia em que o pedestre colocará o pé sobre a faixa e, de súbito, sem a necessidade de começar a primeira estrofe do hino acreano “Que este sol a brilhar soberano…”, os motoristas tomados pela sensatez pararão, assim como deve ser! Desde já, desejo uma boa sorte aos órgãos fiscalizadores. O desafio está lançado.
Geisy Negreiros é jornalista. geisynegreiros@hotmail.com