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Torcedor é idiota!

Poder não pensar em nada  vez ou outra é das melhores coisas da vida. E isso, para muitas pessoas, só vendo um futebol na TV. Mas acontece de o “nada” perturbar nosso juízo.

Há anos, aos domingos ou às quartas-feiras, podemos assistir a jogos do Campeonato Brasileiro. Uma maravilha para os que gostam do futebol. Paixão nacional! Podemos assistir sim, desde que na tela esteja um dos quatro times do Rio: Botafogo, Flamengo, Fluminense ou Vasco. Ou dois juntos. Quem é do futebol sabe bem.

Curiosamente, também no Rio, estão as sedes de duas potências nacionais: a CBF e a Rede Globo. Ok. Mas qual seria a coincidência entre a naturalidade dessas potências e o fato de vermos em campo sempre uma equipe carioca? O que estaria motivando a transmissão desses jogos no Acre e em tantos outros Estados? Que tipo de parceria válida para todo o Brasil porventura haja entre a Globo e a CBF, ou entre a Globo e o Rio?

Se isso nos incomoda, pior é sabermos que os dois canais locais do Brasileirão – Globo e Bandeirantes – transmitem simultaneamente a mesma partida. Fizeram isso no último domingo, enquanto ocorriam outros quatro jogos.

A que poder os canais locais estariam submetidos? Por que não colocarem no ar jogos diferentes? Em todo canto há sempre alguém com vontade de ver outra partida, pois torcedor anda país afora sem cortar o cordão umbilical futebolístico.

Onde foi parar nosso direito de escolha, se é que, de fato, ele já existiu? Pelo contrário, vemos na TV uma atitude antidemocrática. Pura imposição sobre nós!

Que tal uma enquete semanal? Qual jogo na Band e qual jogo na Globo queremos? Isso é possível, viu, leitor?! Mas nem um pouco provável!

Talvez a justificativa para esse “acordo” entre Globo e Band seja a disputa por índices no ibope. Vergonhoso! Fazem-nos engolir o que não queremos. E olha que somos a fonte de renda das TVs!

Somos tratados como idiotas!

Se conseguíssemos, a melhor resposta a essa programação futebolística mixuruca seria o boicote. Isso os dois canais merecem!

As TVs são objeto de concessão pública e, por isso, deveriam estar a serviço do público, dos cidadãos brasileiros. Mas não. Estão a serviço de alguma potência – é o que parece ao torcedor.

Tudo isso ocorre é na TV dita aberta, a do povão.

Na “TV fechada” são outros 500! Aliás, ela é a TV aberta dos cidadãos do poder público, dos proprietários dos canais, dos empresários beneficiados por terem suas marcas enfiadas em nossas casas. Esses cabeças assistem a tudo, e aplaudem!  Quem poderia e deveria fazer algo mais pelo povo brasileiro, crê que já faz demais.

No entanto, são muitas as questões para as quais os telespectadores – cidadãos – merecem informações respeitosas.

Pura ingenuidade minha achar que os reais, dólares e euros não vão definir o jogo do próximo domingo.

* Milton Francisco é professor da Universidade Federal do Acre.

 

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