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Governo de Tião conclui a integração definitiva entre Rio Branco e Vale do Juruá

O governador Tião Viana liderou, na última sexta-feira, 28, uma caravana pela BR-364 que oficializou a abertura definitiva da estrada no trecho entre Rio Branco e o Vale do Juruá. O local escolhido para o evento foi a região às margens do Rio Jurupari, entre os municípios de Manoel Urbano e Feijó. A solenidade marca um longo processo histórico que percorre a gestão de pelo menos 11 governadores. A ligação rodoviária efetiva da agora é parte de um projeto de integração que se intensificou nos últimos 13 anos, na gestão da Frente Popular. As declarações, tanto das autoridades quanto dos moradores ao longo da estrada, são recheadas de emoção. Falar sobre “o fim do isolamento” era o senso comum às opiniões oficiais.
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Ligação rodoviária do Acre é parte de um projeto de integração que se intensificou na gestão da Frente Popular

Um aspecto, no entanto, ronda as esperanças de poucos: a mudança no panorama econômico com a abertura definitiva. Quando o governador Tião Viana ordenou que o motorista aplicasse o piche em cima de uma base de concreto dos últimos 80 metros inacabados, uma nova parte da história acreana se iniciava. A declaração de um morador às margens da BR-364, talvez sintetize esse espírito. “Eu sou filho da taboca”, confidenciou José Martins Vieira, de 62 anos.

“Não conheci pai e nem mãe. Quando vejo uma estrada dessas passando em frente da minha casa, onde antes só tinha taboca, nem sei o que sou mais”. Vieira possui uma pequena plantação de café e vende alguns produtos alimentícios industrializados na pequena e quente casa de madeira às margens da rodovia. Em todas as grandes obras de infra-estrutura, por mais que se planeje, nenhum governo tem a capacidade de prever com exatidão as reais dimensões econômicas do empreendimento.

Estimativas são feitas, mas certeza, de fato, ninguém tem. Nos últimos 13 anos, as gestões da Frente Popular do Acre tentaram implementar programas em bases de economia ambientalmente sustentável. São ações de governo que buscam incluir os trabalhadores ao longo da estrada em algum setor da economia regional.

Essa prioridade da ação do poder público foi uma prioridade tanto para a gestão de Jorge Viana quanto a de Binho Marques. Em certa medida, o governo pode até querer dar o tom, mas quem vai executar as ações econômicas será a incipiente iniciativa privada. Que, no momento, está desarticulada, desorganizada e descapitalizada, quando comparada a outras regiões do país. Mas, vislumbra crescimento e isso pode fazer toda diferença. “Só essa semana, já fizemos três viagens de Cruzeiro para Rio Branco com carregamento de produtos”, empolgou-se o empresário Francisco Souza dos Santos Júnior, um dos maiores empreendedores da região do Vale do Juruá

 

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Marcus Alexandre: obra de pavimentação da BR-364 é a “única do PAC com cronograma em dia”

Marcus Alexandre: “Há 12 anos, esse momento parecia impossível”
Nos últimos quatro anos, foram investidos na BR-364, segundo o Governo do Acre, aproximadamente R$ 1,1 bilhão. Na gestão de Tião Viana, já são R$ 300 milhões disponibilizados na obra de pavimentação. “Há 12 anos, esse momento parecia impossível”, entusiasmou-se o diretor-presidente do Deracre, Marcus Alexandre Aguiar Médici.

 Praticamente desde o início da gestão da Frente Popular no Governo do Acre, o atual diretor acompanhou outro personagem importante nas obras de infra-estrutura no Estado: o engenheiro Gilberto Siqueira. Alexandre aprendeu com Siqueira a complexa logística no transporte de insumos e, hoje,também transita com desenvoltura na complicada teia de interesses que envolvem um projeto com essa dimensão.

 Para que a obra de pavimentação conquistasse a classificação de “única obra de infra-estrutura do PAC com cronograma em dia”, Marcus Alexandre conta com o apoio do engenheiro Fernando Moutinho, o homem cuja história de vida se confunde com a história da estrada da integração acreana.

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Fim do isolamento: governo e população comemoram o início de uma nova fase para a história do Acre

 

 

 

ELES DISSERAM

# Tião Viana (governador do Acre): “Hoje é um dia de celebração, de união entre os vales do Acre e do Juruá. Quando uma geração inteira se une em torno da verdade, os resultados começam a aparecer como bem coletivo”.

# Jorge Viana (senador): “Hoje é um dia muito especial. Mas, apesar de todo o cuidado que temos tido, se o Acre tiver um próximo governador ruim, essa estrada não dura três anos. Vai ser apartada de novo”.

# Edvaldo Magalhães (secretário de Estado de Indústria e Comércio): “O isolamento obriga a todos a sonhar pelo meio, a se planejar pelo meio. Agora, podemos fazer tudo por inteiro”.

# Raimundo Angelim (presidente da Associação dos Municípios do Acre): “Mais importante que pensar a Economia é pensar a integração entre os povos”.

# César Messias (vice-governador): “No passado, já houve grupos políticos, com lideranças que ainda hoje estão aí, que tentaram criar o projeto de separar o Acre”.

# Aníbal Diniz (senador): “O Acre, agora, é um só. O encontro desses pontos da estrada é um marco histórico”.

# Perpétua Almeida (deputada federal): “Agora, nós estamos vivemos um novo momento”.

# Rosana Nascimento (presidente da CUT/AC): “É um sonho que se concretiza não apenas para o governo”.

# Élson Santiago (presidente da Assembléia Legislativa): “No próximo ano, que estejamos todos vivos para nós inaugurarmos realmente a estrada completa”.

BR-364 e os diferentes contextos históricos
No início dos anos 90, o então governador Edmundo Pinto celebrou com champagne a pavimentação do último trecho da BR-364 entre Rio Branco e Porto Velho. Foi um trabalho importante, que finalizava uma parte estratégica da integração com o Centro-Oeste brasileiro, mas que guardava uma sutileza: era o Acre que tinha o olhar para fora do Acre. Ou, talvez, o Acre que se apressava na interligação com o Brasil antes de se ajeitar internamente.

A integração formalizada, na última sexta-feira, por Tião Viana, se volta para o interior do Acre. As atuais relações econômicas são bem distintas da iniciada em 1958, quando o projeto da BR-364 nasceu na mesa de Juscelino Kubitschek. De JK a Dilma Rousseff, passando por Lula, no plano nacional; do interventor Edgard Cerqueira a Tião Viana, passando por Jorge Kalume, Joaquim Macêdo, Jorge Viana e Binho Marques, o Acre também concretizou mudanças estruturais em sua economia ancorada por fatos históricos. Transitou da defesa intransigente da pecuária à polêmica conciliação da economia florestal com manejo madeireiro.

A integração definitiva entre os vales do Acre e o Vale do Juruá apresenta um novo cenário que exigirá adaptações de todos agentes econômicos. O presidente da Associação Comercial de Cruzeiro do Sul, Marcus Venícius Alencar de Souza, tem consciência do novo momento. “A estrada vai exigir mais profissionalismo do setor privado”.

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1958 Plano de Metas
– Juscelino Kubitschek propõe o lema “Cinquenta anos em cinco” e inicia execução do Plano Nacional de Desenvolvimento. Eram 31 metas divididas em cinco setores: educação, energia, indústria de base, alimentação e transportes. Neste setor, nascia o projeto da BR-364.

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1963
Início da obra de pavimentação da BR-364, de Cuiabá para Porto Velho.

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1968
Início da obra de Rio Branco para Cruzeiro do Sul. Trabalho de pavimentação feito pelo Exército. No Acre, governava o governador nomeado pela ditadura militar, Jorge Kalume. Vivia-se o lema “Integrar para não entregar”.

1979 Joaquim Falcão Macêdo sistematiza a execução das obras de pavimentação para Cruzeiro do Sul como prioridade na agenda de governo.

Anos 1980 Década sem sistematização de trabalhos na BR-364.

 

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1990 No governo de Edmundo Pinto, é concluída pavimentação do trecho entre Rio Branco e Porto Velho.

 

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1995 Governador Orleir Cameli intensifica obra de pavimentação rumo a Cruzeiro do Sul, onde estava boa parte de sua base eleitoral.
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1999 – 2005 Jorge Viana assume com o discurso de integração como suporte para mudanças nas bases econômicas e nos indicadores sociais. A pavimentação BR-364 era meta estratégica. Busca recursos em organismos financiadores dentro e fora do Brasil para projetos de “desenvolvimento sustentável”.

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2006 Governador Binho Marques faz releitura de JK ao propor “8 anos em 4”. Até 2010, com forte apoio do ex-presidente Lula e muito planejamento, foi o governo que mais trouxe avanços nas obras de pavimentação da estrada. Constrói todas as pontes da rodovia entre Sena Madureira e Cruzeiro do Sul. Com inverno  intenso  no último ano de mandato, não conclui pavimentação. Obra é apontada como “superfaturada” pelo Tribunal de Contas da União.

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2011 Mesmo com limitações orçamentárias, Tião Viana dá seqüência a trabalho herdado pelo amigo Binho Marques e anuncia abertura definitiva da estrada entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul. Acre se integra por meio da rodovia. Cumpre-se o sonho de JK.


Comerciantes ‘de rua’ não temem concorrência com Via Verde Shopping, aponta pesquisa

 

 

MAÍRA MARTINELLO

A inauguração do Via Verde Shopping, prevista para o próximo dia 8 de novembro, é vista com otimismo por 69% dos empresários ouvidos pelo Instituto de Pesquisa da Federação do Comércio do Acre (Fecomercio/AC), entre os últimos dias 17 e 21 de outubro.

 Destes, 39% acreditam que a novidade deve estimular o desempenho do comércio tradicional; 15% acreditam que vai servir para atrair mais consumidores para o mercado local; e outros 15% afirmam que a instalação de um shopping center não prejudicará a atividade econômica em funcionamento no comércio de rua. Somente 3% afirmaram que “o shopping vai dificultar mais para o comércio de rua”.

 

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Empresários dizem que ‘novidade’ do shopping deve estimular comércio local
 
Ao todo, foram entrevistados 185 empresários dos segmentos do comércio do varejo, com características potenciais para instalação ou transferência da loja para o Via Verde Shopping. 88% afirmaramque não estão instalando suas lojas no Shopping, e a maioria avaliou que o comércio de rua irá continuar crescendo, apesar da nova concorrência.

 Instalar uma loja em um shopping significa ter acesso a boas condições de segurança, fluxo garantido de público e boas chances de crescimento, entretanto, para 62% dos empresários ouvidos, as condições para instalação de uma loja no Via Verde Shopping não se aplicam à capacidade dos empreendedores locais, tendo em vista os “custos exorbitantes” (33%), os níveis de exigência a serem aceitas pelos postulantes (30%), e os níveis de custos fixos muito altos (14%).

Conforme a pesquisa, os donos de lojas e empreendimentos a funcionar no shopping detêm os conhecimentos necessários quanto ao modo operacional do comércio num ambiente desta natureza. Porém, dentre os entrevistados, a pesquisa destaca 19% que acreditam que muitos dos empreendedores vão sofrer decepções, por falta de experiência em negócios no comércio de varejo.

Consumidor deve preferir os ‘preços’ do comércio tradicional, dizem entrevistados
58% dos empresários entrevistados acreditam que os consumidores acreanos ainda vão preferir o comércio de rua ao shopping, uma vez que esta opção poderá oferecer preços menores, espaços maiores, instalação em ponto estratégico e estacionamento, na maioria das vezes, gratuito. 39% dos comerciantes ouvidos pela Fecomercio ainda afirmam que o movimento do comércio de rua deve superar o do shopping em datas festivas, uma vez que o “comércio tradicional facilita mais para o cliente”.

E somente 5% afirmaram que o shopping deve atrair mais movimento porque “tem mais promoções para o consumidor”. “Uma das funções do shopping center é a mudança de hábitos do consumidor do Acre. Para tanto, a criatividade dos comerciantes deve ser fértil. Nos períodos de picos de compra e venda, os lojistas do shopping devem contar com ambiente investido de decoração atraente.

Porém, os custos desses investimentos podem propiciar maior potencialização para certos nichos de comércio de rua, em decorrência da sua capacidade de conceder melhores condições para o consumidor”, avalia economista da Fecomercio, Roberval Ramirez. 53% dos entrevistados acreditam que a localização do Via Verde Shopping é adequada para garantir o fluxo de consumidores, no entanto, 17% dos empresários admitem que o êxito dos investidores nos empreendimentos vai depender da capacidade de oferta de bens e serviços a preços competitivos com o comércio de rua.


 

Ceasa pode se transformar em pólo de distribuição de produtos do Peru RUTEMBERG CRISPIM

A Central de Comercialização e Abastecimento de Rio Branco (Ceasa) pode ser transformar num pólo de distribuição e importação de produtos do Peru. A idéia é garantir o acesso de pequenos comerciantes e da própria população a frutas e verduras a um preço mais acessível. O primeiro passo foi dado na última sexta-feira, 28, com a chegada de 18 toneladas de alho vindos da região de Arequipa, no Peru, localizada há cerca de 1,4 mil quilômetros da Capital acreana. Considerado de boa qualidade pelos comerciantes, o alho está sendo comercializado na Ceasa pelo empresário José Josimar Freitas.

 

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Alho importado do Peru deve ser vendido a preço bem menor do que o atual do mercado

 “Com a conclusão da Transocêanica nós decidimos apostar na importação de produtos do Peru. Hoje, estamos dando o primeiro passo, com essas 18 toneladas de alho que vamos vender aqui mesmo na Ceasa. Nossa intenção é trazer outros produtos e negociar com os pequenos comerciantes”, afirmou. Para o empresário, o produto do Peru, além de boa qualidade, pode ser comercializado a um preço bem menor do que, atualmente, é oferecido no mercado. Ele destacou, entre outras coisas, a redução no preço do frete e conservação de frutas e verduras. Para se ter uma idéia dos benefícios, São Paulo, de onde são importados a maioria dos produtos comercializados no Acre, está a mais de quatro mil quilômetros de Rio Branco.

 “Muitas vezes, os produtos vindos de São Paulo já chegam aqui estragados. Com essa possibilidade de importarmos do Peru, onde os agricultores não usam agrotóxicos e a viagem é mais rápida, certamente não teremos mais tantas despesas”, garantiu.

 A ousadia do empresário José Josimar vai ao encontro do projeto do Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio, Serviços, Ciência e Tecnologia (Sedict), que deseja transformar a Ceasa num pólo de distribuição e importação. Para isso, um grupo, formado por técnicos da Sedict, Ministério da Agricultura, Receita Federal, Polícia Federal, Vigilância Sanitária e outros órgãos, vem se reunindo com a intenção de solucionar os problemas ainda existentes e garantir que as transações comerciais entre Acre e Peru sejam simplificadas. “Tudo ainda é muito novo.

 Estamos dando os primeiros passos. É normal que surjam alguns problemas. Porém, temos a boa vontade e o apoio de todas as instituições envolvidas e, com certeza, muito em breve, estaremos importando muitas frutas e verduras do Peru e mandando nossos produtos para eles também”, explicou o diretor de Comércio e Integração da Sedict, Jair Santos. O representante dos agricultores de Arequipa, Xavier Gomes, garantiu que os perua-nos estão otimistas e preparados para a integração comercial com o Brasil, através do Acre. Ele disse que muitos produtos acreanos interessam aos comerciantes do Peru. “Tenho certeza de que ainda faremos muitos negócios”. Somente em 2011, entraram no Acre, pela Transoceânica, mais de 300 toneladas de alho. Desse total, 100 toneladas foram para Santa Catarina.

 

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