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Cooperado denuncia ‘falência’ da Unimed/AC

O médico George Pires afirma que a Unimed/AC estaria sendo ‘conduzida aos caos’. Pires usa o termo ‘falência’ para descrever o contexto das dívidas que, segundo ele, de janeiro a setembro deste ano, já alcançariam a cifra de R$ 6 milhões. E é possível aumentar ainda mais. “Há perspectiva de chegar a dezembro com uma dívida de R$ 10 milhões”, assegura. De acordo com o cooperado, essas referências financeiras foram apresentadas pela própria diretoria da Unimed/AC na última assembléia, realizada semana passada. “O que me preocupa é que todos os médicos credenciados da Unimed tenham que pagar essa conta pela segunda vez”, George. “Ano passado, o rombo foi de R$ 3 milhões”.
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O médico declara que não tem pretensões administrativas na Unimed. “Precisa ser muito corajoso para fazer essas denúncias”, analisa. “Há um desmando na Unimed”. George Pires também questiona o tempo que a atual presidente da cooperativa, a médica Euraci Souza Gomes, permanece no cargo. “Você acha que em um mundo moderno como vivemos hoje é normal que uma pessoa permaneça 19 anos no poder?”, pergunta ele.

A situação de dívidas relatada por Pires também chama a atenção de outra instância vinculada à classe médica. “Essa situação é complexa e tem nos preocupado”, pondera o presidente do Sindicato dos Médicos do Acre, Ribamar Costa. O presidente do sindicato assegura que a situação de ‘desvalorização dos médicos’ cooperados no Acre tem despertado o interesse da classe em outros estados do país, inclusive durante mobilização nacional realizada em setembro deste ano.

Costa ressalta que, após a criação da Agência Nacional de Saúde (ANS), o contexto de crise na gestão dos planos de saúde ficou mais evidente. E cita um exemplo. Com o cruzamento de dados, é possível saber se um cliente de um determinado plano fez uso do Sistema Único de Saúde (SUS). Caso isso ocorra, o SUS repassa a fatura para que o plano de saúde pague pelo serviço prestado na estrutura pública. “Em uma tabela bem acima da praticada pelos planos de saúde”, diferencia Costa. Essa conta, relativa a esse problema específico, já estaria orçada em R$ 740 mil para a Unimed/AC, nos cálculos do Sindicato dos Médicos do Acre. “São problemas como esse que, somados, nos preocupam e bem sabemos que os lucros em uma cooperativa são repartidos, mas os prejuízos também”.

Por duas vezes, a equipe de A GAZETA foi até a sede da administração da Unimed em Rio Branco para conversar com a presidente da cooperativa no Acre, Euraci Sousa Bonner. A assessora de imprensa da instituição, Jane Vasconcelos, disse que a médica não iria se pronunciar sobre o assunto até saber qual o teor exato das denúncias dos médicos cooperados. A Unimed tem hoje 27 mil clientes no Acre e aproximadamente 174 médicos credenciados.

Custo de assistência da Unimed/AC é de 98% – Por telefone, o médico Júlio Eduardo Pereira, diretor de mercado da Unimed/AC, rebateu as denúncias feitas por George Pires. “Não podemos permitir que uma pessoa comprometida com a qualidade da medicina praticada no Acre seja agredida de forma inconseqüente”, afirmou.

O diretor de mercado não negou a ‘crise’. Há um desequilíbrio financeiro em cooperativas de saúde em todo país, argumenta o diretor. Esse desequilíbrio é chamado tecnicamente entre os médicos de ‘sinistralidade’. No Acre, o desequilíbrio tem crescido ao longo dos últimos 3 anos. Em 2009, os custos de assistência da Unimed/AC (o quanto a Unimed gasta para manter os compromissos acordados com os clientes) estavam em 77% da receita. Em 2010, cresceu para 82% e agora em 2011 é estimado em 98%. “Esses números foram apresentados em assembléia para que todos pudessem ter consciência da situação e apontassem alguma solução”, argumentou.

Júlio Eduardo Pereira negou a situação de ‘falência’ e valorizou o quadro diretor da cooperativa e dos cooperados. “Essa transparência tem que ser valorizada e tem que ser usada para apresentação de proposta e não para utilizar informações da cooperativa para fazer oposição inconsequente”, sugeriu.

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