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Distúrbios vocais afetam 1 em cada 3 trabalhadores no mundo

Nos últimos anos houve um aumento do número de profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho, aproximadamente um terço da massa trabalhadora, de acordo com estudos do Comitê Brasileiro Multidisciplinar de Voz Ocupacional. Como consequência, a prática ocasiona vários prejuízos à saúde .

A combinação do uso prolongado da voz com fatores de risco ambientais, individuais e  de organização do trabalho  contribui para elevar a quantidade de queixas vocais gerando situações de afastamento e incapacidade para o desempenho de funções, o que implica em custos financeiros e sociais.

Na categoria de “profissionais da voz”, incluem-se professores, cantores, atores, religiosos, políticos, secretárias, advogados, profissionais da saúde, vendedores, ambulantes, teleoperadores, agentes comunitários de saúde, entre outros.

“Estes profissionais apresentam demanda vocal, como o uso prolongado da voz e fatores inapropriados do ambiente, tais como ruído de fundo, acústica ambiental e qualidade do ar inapropriada, e da organização do trabalho, ou seja, aspectos referentes à forma, condições e à intensidade com que o trabalho é executado”, explica Dr. João Montes, médico do trabalho e vice-presidente de Relações Internacionais da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt).

Abaixo, destacamos os três tipos de fatores que ocasionam os danos à voz / saúde:
1 – Natureza Não-ocupacional: alterações advindas com a idade, alergias respiratórias, doenças de vias aéreas superiores, influências hormonais, medicações, etilismo, tabagismo, falta de hidratação, refluxo gastroesofágico. Outros aspectos individuais, como técnica vocal inapropriada ou realização de atividades extras com alta demanda vocal podem contribuir para o desenvolvimento do distúrbio de voz.

2 – De Natureza Ocupacional:
2.1 Riscos Físicos: nível de pressão sonora elevado, mudança brusca de temperatura, ventilação do ambiente inadequada, presença de ar condicionado ambiente;

2.2 Riscos Químicos: exposição a produtos químicos, presença de poeira e/ou fumaça no local de trabalho;

2.3 Riscos Ergonômicos: falta de planejamento em relação ao mobiliário, recursos materiais, acústica do ambiente, falta de água potável e banheiros de fácil acesso.

3 – Da Organização do Processo de Trabalho: jornada de trabalho prolongada, sobrecarga, acúmulo de atividades ou de funções, demanda vocal excessiva, ausência de pausas e de locais de descanso durante a jornada, falta de autonomia, ritmo de trabalho estressante, trabalho sob forte pressão, insatisfação com o trabalho e/ou com a remuneração.

“O distúrbio de voz pode ser desencadeado ou exacerbado pela demanda vocal ocupacional, e portanto faz-se necessário estabelecer a relação com o exercício da função ou atividade”, destaca o médico.

Sem respaldo na legislação brasileira
Não há legislação específica para os distúrbios da voz relacionados com o trabalho no Ministério do Trabalho e Emprego e no Ministério da Previdência e Assistência Social. Por isso, com o objetivo de lutar pela saúde vocal, o Comitê Brasileiro Multidisciplinar de Voz Ocupacional, criado em 2009, estuda projetos sobre a legalização de critérios a fim de utilizá-los como base para a legislação futura. (Ascom Cajá Comunicação / Anamt)

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