Transtorno, revolta e até humilhação. Assim se pode definir o clima dentro das agências bancárias, depois da deflagração da greve no setor. A reportagem de A GAZETA entrou em 4 bancos, conversou com os clientes e constatou o ‘caos’. A paralisação chega hoje ao seu 18º dia, e, a exemplo de como ocorreu nos Correios, pode ser suspensa pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Os principais prejudicados são aqueles que deveriam ter prioridade no atendimento, ou seja, os portadores de deficiência, os idosos, as gestantes e as pessoas com crianças no colo. “Aqui, eles não respeitam ninguém”, desabafou o aposentado Francisco José de Oliveira, que estava sentado no chão de uma agência. “Aqui, o atendimento é por quantidade de pessoas”, justificou um funcionário.
A trabalhadora rural Irene Alves Martins, que sofre com problemas na coluna e tem pressão alta, estava há mais de 4 horas esperando atendimento. Ela pretendia receber o benefício do filho (deficiente) e era uma das clientes mais revoltada. “Eu moro longe e não tenho dinheiro para ficar muito tempo na cidade. Alguém precisa fazer alguma coisa pela gente”, disse ela, que estava visivelmente nervosa.
Na agência da Caixa Econômica Federal, onde ocorreu um caso de agressão envolvendo uma juíza e funcionários, a entrega de cartões (utilizados para saques em caixas eletrônicos) não estava sendo realizada. Beneficiários de programas sociais, aposentados e pensionistas tentavam sensibilizar a gerência, justificando que poderiam ser atendidos nos 30% dos serviços emergenciais. “Como vamos sacar se não temos o cartão?”, perguntava a aposentada Raimunda Rodrigues da Costa.
O trabalhador da construção civil, Alindo da Silva Nascimento, protagonizou uma situação inusitada. De posse de um cheque, ele queria trocá-lo para pagar uma pensão alimentícia, cujo prazo havia expirado. “Se não conseguir o dinheiro, a Justiça vai me mandar para a penal”, declarou ele. A direção da agência determinou que os 30% deveriam ficar restritos à compensação e à manutenção de caixas eletrônicos.