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Pesquisa revela perfil de envolvidos em acidentes de trânsito em Rio Branco

Indivíduos do sexo masculino com idade entre 18 e 25 anos que ingerem bebida alcoólica e com renda acima de 5 salários mínimos”. Este é o perfil da maioria das pessoas que reportaram envolvimento em acidentes de trânsito em Rio Branco para pesquisadores da Universidade Federal do Acre e da Fundação Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro.

O estudo, publicado na edição de agosto da Revista de Saúde Pública (Volume 45, No. 4, páginas 738-744) , também revela que indivíduos com menor escolaridade (até 2 anos) podem apresentar uma prevalência de acidentes até 2,14 vezes maior do que aqueles que freqüentaram a escola por até 8 anos.

Dados do Ministério da Saúde, Denatran e IPEA mostram que no Brasil são registradas mais de 37 mil vítimas fatais e 120 mil vítimas não fatais (entre ilesos, incapacitados e com seqüelas irreversíveis) por ano, gerando gastos anuais de 28 bilhões para o sistema de saúde e previdenciário.

O estudo realizado em Rio Branco consistiu na entrevista de 1.516 adultos maiores de 18 anos e mostrou uma prevalência geral de acidente de trânsito entre os entrevistados de 36%. Ele mostrou ainda que a idade dos entrevistados apresenta associação inversa com os acidentes, ou seja, quanto maior a idade, menores as possibilidades de envolvimento em acidentes de trânsito. A renda dos entrevistados mostrou associação positiva com a ocorrência de acidentes, independente da escolaridade. Os autores justificam essa contradição afirmando que na década de 1970, Rio Branco foi pólo de imigração devido ao desenvolvimento da pecuária e à derrubada da floresta, com acelerado crescimento econômico. Uma parcela desses imigrantes enriqueceu rapidamente, sem que a situação educacional de suas famílias tenha melhorado.

Os autores ressaltam o caráter diferenciado da abordagem científica adotada em sua pesquisa, que se baseou em inquérito populacional e que contrasta com a maioria de outros estudos similares que utilizam como fonte de informações dados secundários de mortalidade: registros hospitalares, dados do Instituto Médico Legal ou boletins de ocorrência policial, que estão sujeitos a subnotificação e perda de informação.

Embora reconheçam que sua metodologia tenha limitações, especialmente na dificuldade em obter respostas confiáveis quando o entrevistado é questionado sobre um tema relacionado a comportamento socialmente condenável (dirigir embriagado), os autores acreditam que os resultados obtidos são subestimados e que o número de pessoas entrevistadas envolvidas em acidentes seja bem maior.

O estudo sugere que para maximizar os resultados dos programas de prevenção de acidentes de trânsito realizados em Rio Branco as autoridades priorizem a abordagem de famílias com renda superior a cinco salários mínimos. Uma leitura cuidadosa do artigo, entretanto, revela que essas campanhas devem focalizar, dentre estas famílias abordadas, indivíduos do sexo masculino com idade entre 18 e 25 anos.

O artigo ‘Prevalência de acidentes de trânsito auto-referidos em Rio Branco, Acre’, de autoria de Andréa Fernandes Magalhães, Creso Machado Lopes, Rosalina Jorge Koifman e Pascoal Torres Muniz, pode ser lido por no site da Revista de Saúde Pública: www.scielo.br/pdf/rsp/v45n4/2498.pdf. (Do Blog Ambiente Acreano)

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