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Reitor da UFRB é acusado por alunos de fazer discurso racista na Bahia

O reitor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), professor Paulo Gabriel Soledade Nacif, divulgou uma nota comentando a polêmica em torno de uma declaração proferida no dia 7 de outubro, durante rodada de negociação com estudantes de graduação, que ocuparam o campus da cidade de Cachoeira por 40 dias, entre setembro e outubro, reivindicando melhorias na instituição.

Um vídeo com trechos do discurso foi postado no Youtube no dia 10 de outubro, onde ele comenta sobre os empecilhos culturais que devem ser ultrapassados no processo de interiorização da universidade no Recôncavo. “Uma universidade que nasce no interior, cujos trabalhadores são do interior… se a gente for ver pela cor do trabalhador, pela renda do trabalhador que nós temos, a formação do trabalhador, a gente vai ver que é um desafio maior. Querer que a UFRB funcione na velocidade de uma universidade antiga ou qualquer outra é brincadeira”, diz no vídeo.

Na gravação, o reitor é interrompido por uma estudante, que mostra indignação com o que foi dito. “A gente não pode considerar de forma alguma o senhor dizer que o fato de a universidade estar no interior e a cor do funcionário interfere diretamente na atuação da UFRB”, dispara.

Em conversa com o G1, Paulo Nacif explicou que estava tentando defender os servidores técnico-administrativos durante o discurso, que foram alvos constantes de agressões verbais por parte dos estudantes ao longo do período de ocupação. “Eles chamavam os servidores de corruptos e incompetentes, exigindo que a UFRB, que tem cinco anos, fosse igual à USP imediatamente. A maioria dos servidores está aqui na universidade há dois anos. Mas eles não colocaram essa parte no vídeo”, afirma e acrescenta: “Isso é que beira o racismo, a forma com que eles tratam um grupo de servidores que é do interior e não está acostumado a ver essa mobilização de estudante”.

 

Paulo Nacif, 47 anos, é agrônomo formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e reitor da universidade desde abril de 2003. Ele comenta que tem um debate acumulado sobre a questão do racismo e diz reafirmar o discurso exposto para os estudantes. “Não há como considerar a estrutura da sociedade brasileira sem entender a questão de classe e cor. Milton Santos e diversos autores ressaltam isso de forma muito categórica. Entendo que algumas pessoas possam achar tudo isso estranho, mas nós precisamos trazer isso para a sociedade brasileira, que é racista”, afirma. (G1)

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