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Dilma: de matrona à vovó

 

Helder Caldeira Diz-se popularmente que avó é uma espécie de mãe-com-açúcar. Pois bem, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu lançar sua pupila candidata à sucessão, em 2008, os marqueteiros do Partido dos Trabalhadores (PT) saíram em busca de um bordão, jargão ou qualquer alcunha para supervalorizar a imagem dura e sem retoques da ministra-chefe. Na calda longa e duvidosa do popularesco Programa de Aceleração do Crescimento, “a cúpula” decidiu que Dilma Rousseff seria a “Mãe do PAC”, num amasio com o “Pai”, Lula. Muito conveniente. O povo brasileiro, carente em amplo aspecto, tem forte apreço por essas analogias salvacionistas e consoladoras. Não por acaso, a “Mãe” Dilma recebeu mais de 50 milhões de votos e tornou-se a primeira mulher, matrona, eleita presidente do Brasil.

No entanto, às vésperas de completar seu primeiro aniversário na Presidência da República, Dilma Rousseff abandonou o título matriarcal e passou a se comportar como uma tricoteadora “Vovozinha”, açucarada e benevolente com seus ministros-netos, herdados dos tempos lulistas. Ensaiou uma populista faxina ética, que não conseguiu fazer valer nas suas zonas de comando, limitando-a a poucas vassouradas para debaixo do tapetão político. Certa do irrecuperável mau-caratismo de sua gigantesca equipe, tratou de minimizar expressões como “corrupção”, “sacanagem”, “roubo de dinheiro público”, “mamata”, “falta de ética”, “ladroagem” e afins, resumindo-as ao simplista e infantilóide “malfeito”. E, ao invés de colocar no forno as suculentas pizzas das eras Lula e FHC, está dando preferência à feitura dos bem-casados, especialmente aqueles formados pela união de políticos bandidos e ONGs fantasmas ou fraudulentas.

Vejamos os últimos “malfeitos” de um dos pimpolhos lulo-dilmistas. Ainda na gestão anterior, em 2007, o campinense Carlos Lupi (paulista só de nascimento; radicado politicamente no Rio de Janeiro) assumiu o Ministério do Trabalho e Emprego e imediatamente criou uma celeuma: menino pirracento, não queria abrir mão da presidência nacional do Partido Democrático Trabalhista (PDT), herdada após a morte do caudilho Leonel Brizola, em 2004. Um (in)certo Conselho palaciano, que supostamente avalia a Ética nas relações institucionais do governo federal, fê-lo (dá-lhe Jânio Quadros!) ajoelhar no milho e licenciar-se das funções partidárias, mantidas oficiosamente.

Quando vovó Dilma tomou posse, o ministro Lupi foi mantido nas funções, talvez até para salvaguardar a memória afetiva da presidente, uma ex-pedetista dos áureos tempos do brizolismo “leão-de-chácara” gaúcho. Mas em se tratando de política brasileira, basta você fazer um mínimo afago e a gatunagem de plantão mete a mão na bufunfa pública sem qualquer dó ou piedade. Ética? Honestidade? Seriedade? Quem está ligando pra isso com uma vovozinha açucarada, carinhosa e leniente no poder? O negócio agora é rosetar!

O resultado é esse que estamos vendo em lamento: Dilma Rousseff, a ex-matrona, não consegue colocar ordem na casa e governar. Há a real sensação de que não amanhecemos um único dia sem o pipocar de uma nova denúncia, um novo escândalo, mais roubalheiras e falta de decência e decoro com “Res Pública”. A coisa está tão vergonhosa e perdida que nem provas finalísticas de corrupção são capazes de desiludir a vovozinha. Ela insiste nos carinhos doces com seus “bem-casados” petequeiros de terno e gravata.

E agora dona Dilma Rousseff, vai ou não vai tomar uma atitude séria? Porque nós, o povo brasileiro, estamos começando a desconfiar que a senhora, muito além dos açúcares e dos dedos em riste quase nunca efetivos, é uma vovozinha danada e serelepe, cúmplice descarada de todos os “malfeitos” de sua equipe. Vai ficar tricotando nessa cadeira de balanço até quando? Porque você foi eleita para ser uma matrona dura e colocar ordem nesse pardieiro e não para refastelar-se nas lambanças desses eternos e retumbantes canalhas nacionais. Acorda, dona Dilma! Levanta e sacode a poeira! Senão, seus netinhos “arteiros” vão acabar varrendo a senhora para fora do Palácio.

Escritor, Jornalista Político, Palestrante e Conferencista

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*Autor do livro “A 1ª PRESIDENTA”, primeira obra publicada no Brasil com a análise da trajetória da presidente Dilma Rousseff e que já está entre os livros mais vendidos do país em 2011.

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