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E agora, José?

“A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu”. O poema José, de Carlos Drummond de Andrade, se encaixa perfeitamente na situação que vive o futebol acreano no final deste ano. No meu primeiro artigo, vou compartilhar a dor e a tristeza que vários torcedores estão sentindo. Um sentimento de frustração total. O Rio Branco lutou, guerreou, mas é preciso reconhecer quando se erra.

Um erro não justifica o outro. A Promotoria de Defesa do Consumidor do MPE tentou garantir a segurança do torcedor acreano. Porém, com essa mesma ação, acabou prejudicando os planos do Rio Branco de receber a torcida no seu primeiro jogo pela Série C. Não, a promotoria não errou. Fez apenas o seu dever! Houve exageros? Sim, acredito que essa situação poderia ter sido resolvida de outra forma, sem impedir o torcedor de ir ao estádio, como aconteceu.

O Rio Branco, sendo um dos maiores clubes da região, deveria ter consciência de que esse ca-so tinha que ser resolvido na Justiça des-portiva, e não na Justiça comum. Deveria! Contrariando todas as projeções, a diretoria do Estrelão entrou na Justiça comum e conseguiu (de forma temporária) a liberação do Arena da Floresta.

Após uma campanha brilhante na primeira fase, veio a pior notícia do ano: o STJD decidiu eliminar a equipe da Série C. A partir daí, a briga nos tribunais tomou proporções inimagináveis. Eliminado duas vezes pelo STJD, o clube acreano foi além.

Teimoso, entrou de novo na Justiça comum, até que a competição foi paralisada de vez. E então, volto a citar o poema de Drummond: “Mas você não morre, você é duro, José!”. Sim, esse José poderia facilmente ser trocado por Rio Branco.

Depois de muitas especulações e reuniões, eis a decisão final: a diretoria decidiu retirar as ações na Justiça comum, e em troca (um acordo feito com a CBF e STJD) permanece na Terceirona do ano que vem. Dos males, o menor.

O pensamento agora é em 2012. Começamos o Estadual em março e ainda tem a Copa do Brasil. O novo presidente do Rio Branco assume em janeiro e terá uma difícil missão pela frente. Manter a base desses últimos anos ou renovação total? Manter alguns jogadores é necessário, e renovar é um pedido da maioria da torcida. Não vai ser nada fácil, o cartola vai ter muito trabalho. Enjoada (assim como o Acre), a torcida do Rio Branco é exigente, quer vitórias, e, mais do que nunca, quer o acesso à Série B.

No mais, o ano de 2011 se foi para o nosso futebol. “E tudo acabou, e tudo fugiu, e tudo mofou, e agora, José?”. Fico por aqui, torcendo para que em 2012 o futebol acreano supere todas as barreiras e obstáculos do amadorismo.

 

* João Paulo Maia é estudante de Jornalismo da Ufac
Twitter: @jpmaiaa
joao.maia.rodrigues@gmail.com

 

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