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Polêmico, Natal Xavier se despede do Rio Branco FC

Na última quarta (23), o atual presidente do Rio Branco, Natal Xavier, recebeu a equipe de A GAZETA na sua sala, no Estádio José de Melo, e falou sobre as conquistas durante o seu mandato, o fracasso do acesso à Série B, os melhores momentos vividos como presidente e as divergências que teve com os ex-presidentes do Estrelão. Xavier aproveitou para convidar toda a imprensa para a apresentação do relatório final da auditoria de sua administração, no dia 20 de dezembro, na sede social do clube.

 

Xavier se despede dia 31 de dezembro e promete relatórios de administrações anteriores

O mandato de Natal começou em 5 de janeiro de 2006 e termina no dia 31 de dezembro deste ano. No dia 1º de janeiro de 2012, o empresário Bruno Cotta Paiva assume a presidência do alvirrubro. Confira a entrevista exclusiva abaixo:

 

 

Balanço da administração
“Sem dúvida tive a sorte de fazer a transição do futebol acreano. Em 2006, quando o Arena da Floresta foi inaugurado com a Seleção Brasileira, já preparei o time para fortalecer o Rio Branco. Na época, falei que o Rio Branco tinha sido grande do tamanho do José de Melo, e fui muito feliz quando disse que o clube seria do tamanho do Arena da Floresta, que eu certas vezes ficou pequeno. Tenho cons-ciência de que a gente foi um divisor de águas para o futebol acreano, levando em conta a inauguração do Arena, em 2006. Juntei o útil ao agradável, fiz do Arena a casa do Rio Branco e montei grandes elencos com jogadores fora do padrão do futebol local. As pessoas ficam perplexas quando falo que tinha jogador ganhando de R$10 a R$15 mil de salário bruto no Rio Branco”.

O fracasso
“Quando assumi, prometi que levaria o Rio Branco à Série B, não sabia que ia ser tão difícil, mas levei o Rio Branco à Série C. Em 2005, o campeão estadual ia para a Série C, o Rio Branco foi campeão, e o presidente da época, Getúlio Pinheiro, não reuniu o conselho deliberativo, não reuniu ninguém, apenas mandou um ofício para a Federação (de Futebol do Acre) informando a desistência do clube da Série C daquele ano. Em 2006, quando assumi, o Rio Branco perdeu o Campeonato Acreano e não jogou a Série C. Em 2007, a CBF mudou a forma de disputa da competição, onde os 16 melhores iriam permanecer. Entre os 64 clubes, o Rio Branco ficou em 10º”.

Auge
“Em 2011 o Rio Branco bateu o Atlético/PR, um time de Série A, pela Copa do Brasil. Este ano, mesmo sendo muito tumultuado, nós fizemos uma bela partida no Paraná, ganhamos o Campeonato (Acreano), e na própria Série C fizemos a 2ª melhor campanha de todos os grupos. Infelizmente, o torcedor acreano esquece esses dados do Rio Branco. Este ano o Rio Branco teve vários problemas, mas dentro das quatro linhas teve uma performance esplêndida, e já esqueceram, mas futebol é assim mesmo. A gente ganha um título e no outro dia o torcedor já esqueceu. O meu grande momento, sem dúvida, foi quando o Rio Branco ganhou da Seleção, do Atlético/PR, e ganhou 4 estaduais”.

Maior decepção
“Não ter levado o Rio Branco à Série B foi uma decepção, mas a minha maior decepção foi uma oposição orquestrada que fizeram contra a minha pessoa. Tentaram a qualquer custo denegrir a minha imagem, mas toda a imprensa está convidada, para no dia 20 de dezembro, ver os dados da minha administração que eles sempre se omitiram a ver. As pessoas que tentaram manchar o meu nome simplesmente passaram vergonha no dia da eleição do Rio Branco (11 de novembro), porque eles não têm moral. Não tem nenhum ex-presidente do Rio Branco que tenha mais moral que eu. Alguns têm igual, mas nenhum tem mais que eu. Mas corruptos tem, e eu vou provar dia 20 de dezembro que houve corrupção dentro do Rio Branco. Houve auditoria aqui dentro, do Ministério do Trabalho, onde a minha administração já pagou mais de R$ 440 mil e essas pessoas que são culpadas por esses atos des-leais tentaram sujar o meu nome e não conseguiram. Dia 20 de dezembro vou dizer quem são os canalhas do Rio Branco”.

Projetos que não deram certos
“Consta em ata que o meu maior projeto era levar o Rio Branco à Série B. No meu segundo mandato, uma das metas era criar o sócio-torcedor. E é bom que se diga, pouca gente sabe, o sócio-torcedor do Rio Branco está criado, se quisesse amanhã colocava em evidência, ele está apenas em standby, mas foi pago (R$ 25 mil) para a mesma empresa que fez o sócio-torcedor do São Paulo, e fui derrotado pelo conselho deliberativo. Eles falaram que não constava no estatuto. Isso é uma aberração. Depois que estava tudo pronto, fiquei muito chateado, por fazerem uma oposição sem nenhum critério querendo simplesmente denegrir a minha imagem. Esse negócio de unir o Rio Branco é balela, essas pes-soas que falam isso realmente conseguiram dividir o Rio Branco. Na última eleição, não tiveram coragem de lançar uma candidatura para o conselho diretor e lançaram uma chapa para o conselho deliberativo, que eles (Macedo e Getúlio) mudaram o conselho do Rio Branco todo, onde hoje o presidente do clube não tem poder, quem tem poder é o presidente do conselho deliberativo. Não conseguiram sequer assinaturas para legalizar a chapa deles. Mesmo assim eu deixei, não impugnei a chapa deles, porque queria que eles passassem vergonha. Eles precisavam de 43 assinaturas e no dia conseguiram 6. São pessoas que não têm moral, Macedo e Getúlio não têm moral, andam que nem ratos aqui dentro do Rio Branco e por sorte não vão atrapalhar a próxima administração porque eles não são nada”.

Melhorias no clube
“Na minha administração, evoluí o patrimônio do Rio Branco. Sempre frisei que o Rio Branco não tinha condições de ir para a Série B por não ter estrutura. Hoje, tem. Fiz o departamento médico, investi em equipamentos caríssimos. Futebol não se ganha só em contratar jogadores não. Construí um vestiário com sala de vídeo, hidromassagem e departamento de rouparia, digno. A gente criou a loja do Estrelão, trouxemos patrocínio de material esportivo, que o Rio Branco não tinha. Quando assumi o Rio Branco, no ano anterior, o time jogava com o patrocínio do hotel da família do ex-presidente e em troca ele dava dois completos (material). Hoje, o Rio Branco tem um grande patrocinador, o BMG. O Getúlio começou uma obra de 5 apartamentos, ele apenas fez as divisórias, rebocou e botou as portas. Eu fiz toda a parte elétrica e mobiliei. Hoje o Rio Branco tem 5 apartamentos que cabem todos os jogadores com cama box, ar condicionado, geladeira e televisão. Nos dias atuais, dificilmente os jogadores contratados vão para hotéis. Mas antigamente, quando entrei, tive que pagar mais de R$ 100 mil para o hotel do ex-presidente (Getúlio Pinheiro). Construí também o setor onde os jogadores tomam café da manhã, tem restaurante, banheiro masculino e feminino, tem cozinha, tem bar, tem camarim. Além do Memorial, que foi feito através da Lei de Incentivo com o projeto do ex-presidente (José Macedo), que foi fundamental nesse projeto, ajudou muito”.

A polêmica
“A maioria desses ex-presidentes ficou contra mim porque um dia falei que eles fizeram pouco, eles distorceram o que falei e disseram que eu tinha dito que os ex-presidentes nunca fizeram nada. Quando falei que fizeram muito pouco, o mundo caiu sob a minha cabeça, começaram com uma oposição orquestrada para me tirar do Rio Branco. Se não fosse o doutor Marcos Tadeu, um homem sensato, que naquele dia me defendeu, eu tenho certeza que hoje o destino do Rio Branco era outro, não que seja melhor que ninguém, mas o meu afastamento naquele momento acarretaria na perda do Campeonato Acreano e na desclassificação da Série C. Depois disso, tentaram me tirar através de uma auditoria induzida. Preliminarmente, o auditor já falou que não tem indícios de desvio de dinheiro. Dia 20 de dezembro ele vai fazer o relatório final e é quando vou mostrar o relatório da auditoria feita pela Receita Federal dentro do Rio Branco, no ano de 2000 a 2005, e vou provar os desmandos que fizeram aqui, como sonegação de impostos que caiu na minha administração”.

Pressão do cargo
“É muita responsabilidade. O Rio Branco não tinha ex-presidente tentando boicotar o trabalho do presidente atual, talvez com inveja ou ciumeira. Ficou mais difícil com isso. É bom que se diga que o presidente do Rio Branco não tem salário. O clube tem renda fixa apenas do aluguel do restaurante e da galeria (do José de Melo), que por mês, o máximo que dá é R$ 36 mil. Se não tiver patrocínio ou ajuda do governo, pode ter certeza que não tem nem Campeo-nato Acreano. Fui ajudado desde o tempo do Jorge Viana, e depois o Binho como governador. O Tião agora também ajuda. O Aníbal Diniz é um político que veste a camisa do futebol acreano. Ficou mais cômodo porque tem o apoio massivo do Governo do Estado”.

Arrependimento
“Me arrependo de ter sido presidente do Rio Branco. Se eu soubesse que ia ter esses problemas todos, não teria assumido”.

Dívidas
“Na minha administração não tem dívida trabalhista, mas do mandato de 2000 a 2005 ainda tem dívida. A próxima administração ainda vai continuar pagando essas dívidas”.

Conselho
“É preciso ter coragem. Fui apostador, joguei na Copa do Brasil. Montei um time para ganhar do Atlético/PR e ficar com a renda. Contra o Botafogo/RJ, joguei e perdi, mas naquela época teve a venda do Doka Madureira. Fiz futebol com coragem. Joguei fazendo um elenco de R$ 80 mil tendo convicção de que ia buscar aqueles R$ 80 mil, foi assim que administrei. Para fazer um time competitivo na Copa do Brasil, no Campeonato Acreano e na Série C, tem que ter coragem, tem que ousar”.

Afastamento
“Estou saindo do futebol, vou ser torcedor do Rio Branco como sempre fui. Vou assistir aos treinos, aos jogos do Estadual. Quem precisar de mim para ajudar na parte administrativa, irei contribuir. Os clubes estão me procurando para ‘ensinar’ como administrar o clube hoje com poucos recursos e não infringir as leis fiscais. O primeiro que me chamou foi o Juventus, mas vou em todos os clubes, estou dando informações até ao futebol de Rondônia”.

Série B…
“A torcida agora tem que ter esperança, acreditar sempre que a Série B nos espera. No ano que vem tem mais um time fortíssimo do Nordeste, que é o Santa Cruz/PE, e o Cuiabá/MT, que vai vim forte também”.

 

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