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Ausência de delegados plantonistas prejudica o trabalho de PMs

Um dos maiores avanços da Segurança Pública do Acre sem dúvida tem sido o serviço integrado entre as forças policiais. Mas quando este trabalho apresenta falhas, o sistema todo acaba comprometido. Um exemplo disso pode ser constatado nas denúncias feitas por policiais militares. Segundo eles, a ausência e os atrasos de delegados plantonistas da Polícia Civil em alguns distritos policiais de Rio Branco às vezes têm não só prejudicado o seu ofício, como também enfraquecido o policiamento nas ruas de bairros da cidade.
Delegados
Como assim?

Para entender melhor o problema, é preciso explicar como funciona o protocolo de prisões da PM. Em resumo: os policiais militares vão patrulhar nas suas áreas de atuação pré-determinadas (bairros/regionais). Ao fazer a captura de criminosos, eles se deslocam à delegacia e lá fazem todo o procedimento de praxe (redigir BO e lavrar flagrante) para poder ‘entregar’ o bandido ao delegado que está de plantão. A partir daí, o delegado é quem será responsável por abrir o inquérito do crime e dar os encaminhamentos ao acusado.

O que os policiais militares reclamam é que, em alguns casos, os delegados plantonistas, além de não estarem nos DPs na hora em que eles chegam com o criminoso (o que seria o ideal), ainda estariam demorando até mais de 3 horas para chegar à delegacia e finalizar o flagrante (delito) dos criminosos. Durante este intervalo de tempo, os policiais nada mais podem fazer a não ser esperar nas delegacias. Enquanto isso, a área onde eles deveriam estar policiando acaba ficando temporariamente desguarnecida.

Como na maioria dos bairros da cidade só há uma equipe (viatura) o protegendo, significa que o local ficará horas sem os policiais que atuam nele, se esta equipe se ver diante de uma situação como esta (‘chá-de-cadeira’ em delegacias). Caso aconteça um novo crime lá, a viatura de outro local (a mais próxima) terá de se deslocar para atender a nova ocorrência.

“Isso também piora as estatísticas da nossa regional e atrapalha o desempenho do nosso cumprimento de metas [de Segurança Pública]”, acrescentou um dos policiais denunciantes.

Corregedor-geral da Polícia Civil diz que denúncias devem ser formalizadas
O corregedor-geral da Polícia Civil (PC), André Monteiro, afirmou que a instituição não defenderá nenhum delegado que esteja agindo conforme retratam as denúncias feitas pelos policiais militares. Ele garante que os delegados ‘ausentes’ devem sim, ser cobrados para que cumpram os deveres de seus plantões. No entanto, Monteiro explica que a corregedoria da PC só pode abrir qualquer investigação mais detalhada diante de fatos consolidados. Por isso, ele orienta que os policiais militares prejudicados pelos atrasos de plantonistas comecem a seguir o protocolo das suas funções e denun-ciem os casos aos seus comandos.    

“A corregedoria recebe, diariamente, inúmeras denúncias. Para apurá-las, precisamos estar diante de um fato concreto e específico. O policial militar, dentro do seu regimento de hierarquia e disciplina, sabe onde recorrer, então ele deve fazê-lo. Só assim poderemos melhorar o sincronismo do nosso sistema de segurança. Porque para nós [Corregedoria] é só depois que o comando da PM passa a denúncia que podemos investigar e corrigir o problema. E, até o momento, não recebemos nada neste sentido, oficialmente”, contou.

André Monteiro comentou que a única notificação semelhante foi transmitida pelo Ciosp, informando da ausência de alguns delegados por instantes, para almoço. Mas todos estes casos foram resolvidos rapidamente, com a Polícia Civil entrando em contato com o delegado plantonista, que atendeu o chamado de imediato. André também reconheceu que em alguns dias da semana nem todas as delegacias têm delegados de plantão. Por exemplo, no sábado (considerado ‘dia de pico’ pela PM) as delegacias da 2ª, 3ª e 4ª regional não têm plantonistas e a Especializada do Menor também fica de sobreaviso. “Nestes casos, o policial tem de se informar para saber onde deve ir para ser atendido de pronto”, finalizou o corregedor.

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