Cerca de cem indígenas pertencentes a comunidade do Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, ocuparam a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) no município de Atalaia do Norte, situado a 1.623 Km de Manaus, por via fluvial. A ação está acontecendo desde a manhã desta quinta-feira (10). A principal reivindicação dos manifestantes é a criação de uma coordenação regional para a comunidade do Vale do Javari.
Atualmente a comunidade do Vale do Javari é vinculada ao Vale do Juruá, localizado no extremo oeste do Acre. As duas comunidades estão situadas na divisa dos estados do Amazonas e do Acre.
Os representantes indígenas afirmam que, no momento, estão se organizando e vendo como os índios vão se alimentar ao longo da ocupação que vai ocorrer por tempo indeterminado até que haja a presença do presidente da Funai, Márcio Vieira, no local. A ideia é que ocorra uma negociação para a implantação da coordenação regional do Vale do Javari. O coordenador do Conselho Indígena do Vale do Javari (Civaja), Clóvis Marubo, criticou a gestão da Funai. “O presidente nunca esteve aqui e nem sequer conhece a nossa realidade”, reclamou.
De acordo com o coordenador, os indígenas esperam a instalação dessa coordenação há dois anos. “A Funai prometeu a instalação dessa coordenação em 2009 mas até agora nada. Eles não respondem as reclamações dos indígenas. O presidente da Funai nunca respeitou os indígenas do Vale do Javari. Eles estão empurrando com a barriga a implantação da coordenação”, afirmou.
Ainda segundo o coordenador, os funcionários que gerenciam as comunidades indígenas não estão interessados em organizar uma gestão participativa e agem de maneira autoritária. “Eles dividem a comunidade e entram em atrito com os índios. Não querem diálogo. Querem mandar em tudo sem escutar o que a comunidade tem a falar. O nosso povo é que conhece a realidade da região muito mais do que eles que chegaram aqui um dia desses”, enfatizou.
O coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale Javari (Univaja), Jader Marubo, o protesto só chegou ao ponto da ocupação porque a Funai não atende as reivindicações das comunidades. “Ficamos só na promessa. A coordenação da Funai não consulta os indígenas, não presta atendimento, é arrogante. Ora, nós temos um respeito pelo nosso cacique. Afinal, é nosso cacique! E eles não quiseram nem ouvir o nosso representante. Perguntaram logo se estava a serviço da Funai e o despacharam”, concluiu. (G1/AM)