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Pesquisador do Inpa alerta que a extração de areia está destruindo APP

O pesquisador do Instituto de Pesquisa da Amazônia (Inpa), João Bosco Nogueira de Queiroz, em recente trabalho científico realizado nas margens do Rio Acre, em Rio Branco, conclui que, além de mudar os cursos d´água, a extração de areia está destruindo as Áreas de Proteção Permanentes (APPs).  “O impacto é violento”, assim resume o pesquisador.
AAPP
A mineração de areia no Rio Acre, que corta a capital acreana, é feita com dragas que sugam o mineral do leito do rio, jogando-o em lugares na margem que coincidem com as matas ciliares, legalmente protegidas. A areia é armazenada em ‘canchas’, que, de acordo com João Bosco, são áreas circulares com até 2.000 m² onde a cobertura vegetal é completamente eliminada. “Toda a extração mineral ocasiona impacto”.

Além do dano causado à vegetação, acrescenta o pesquisador, o armazenamento de areia em canchas modifica profundamente o solo, tornando-o ‘extremamente’ arenoso, afetando a regeneração natural da floresta quando depósitos são abandonados. “As canchas que pesquisei são de 5, 10 e 20 anos. A mais velha agora é que está começando a se regenerar”, afirma ele.  

A legislação ambiental exige que as áreas degradadas pela mineração sejam reflorestadas exclusivamente com espécies nativas. “A realização de estudos sobre a composição da flora e as relações fitossociológicas entre as espécies das áreas fortemente perturbadas, como as submetidas à extração de areia, são ferramentas importantes para nortear estraté-gias de reabilitação e recuperação, além de permitir a realização de avaliações qualitativas e quantitativas da recuperação”, sugere o pesquisador.

O trabalho de João Bosco abordou aspectos relacionados às alterações causadas ao meio ambiente na região do Lago do Amapá. O estudo verificou a completa remoção da cobertura vegetal para a formação dos depósitos. No local, moram cerca de 500 famílias que convivem, mas não aceitam o funcionamento das dragas. No Acre, 80% da areia utilizada em obras de construção civil são retiradas do Amapá.  Os moradores já fizeram denúncias aos órgãos de controle e fiscalização ambiental, mas os gestores teriam dito que não têm condições de neutralizar o poderio da indústria de areia do Estado.

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