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População já se acostumou com o novo fuso horário, afirmam rio-branquenses

A decisão da Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania (CCJ), que aprovou na quarta-feira (9), em caráter conclusivo, o Projeto de Lei 1.669/11 do Senado que retoma o antigo fuso horário do Acre e de parte dos estados do Pará e Amazonas, com 2 horas de defasagem em relação ao horário de Brasília, deixou a população rio-branquense apreensiva. Nas ruas, a reportagem de A GAZETA constatou que, caso houvesse um nova consulta, parte da população seria a favor do horário com apenas 1 hora a menos em relação à Brasília.
RELOGIO-ACRE---F
A professora Maria do Socorro Neves de Souza, moradora do Conjunto Universitário e que dá expediente na escola Campos Pereira, no bairro José Augusto, assim comentou a volta do antigo horário. “Para mim, vai ser ruim porque lá em casa, a gente já se adaptou ao horário em vigor. Foi ruim no começo, mas agora eu votaria para permanecer como está”, disse ela, que, antes de chegar ao trabalho, deixa o filho na escola.

Maria do Socorro pensa como parte dos servidores público. Eles queriam que seus locais de trabalho e as escolas de seus filhos começassem 1 hora mais cedo os seus expedientes. “No início, foi um sofrimento, mas o bom senso prevaleceu e hoje a gente já se acostumou”, complementou a professora. 

Osiel Antônio Rodrigues Cardoso, que é geógrafo e fez parte da derrotada Frente 55, também acredita que, caso houvesse uma nova consulta, a população votaria maciçamente no atual horário. “Teve muita política e pouca análise técnica. A população foi levada pela emoção e o governador, o da época, contribui para aumentar essa revolta ao não decretar mudanças para se adaptar à realidade do novo horário”, concluiu ele, para quem considera a volta da hora antiga ‘um retrocesso’.

Contrapondo o geógrafo, está Francisco Missias da Conceição Lopes, o coordenador da vitoriosa campanha Frente 77.  Ele criticou a demorada definição da volta do antigo horário (1 ano e 2 meses). “Deveria ter sido imediatamente. O que está acontecendo é um desrespeito à democracia”, criticou ele.

Além da imposição, Missias afirma que o novo horário mexeu com o sistema biológico e cultural dos acreanos, principalmente ‘porque somos o Estado mais ao leste do país’. “Aqui o sol é diferente do resto do Brasil. Nos municípios mais a oeste, (Região do Vale do Juruá) o impacto foi maior”, argumentou ele, assegurando que os trabalhadores rurais e as crianças foram ‘os mais castigados’.

O presidente da Associação Comercial, Industrial de Serviços e Agrícola do Acre (Acisa), João Fecury, embora conceba que a permanência da hora atual seja algo bom para as relações comerciais, principalmente no horário de verão, disse que a vontade popular precisa ser respeitada. “Mesmo que eu e outros não concordemos, o povo é soberano e as leis são firmadas em princípios democráticos”, comentou ele.

Relembre a questão
Atualmente, a diferença é de apenas 1 hora, fruto de alteração realizada em 2008 (Lei 11.662/08). A proposta, que seguiu para sanção presidencial, restabelece o padrão que vigorou entre 1913 e 2008. Em referendo realizado em outubro do ano passado, a maioria dos eleitores (56,7%) votou a favor da retomada do fuso anterior.

“O dia passou a começar mais cedo, no escuro, e as crianças não conseguiram mais chegar à escola às 7 horas, então o Estado e alguns municípios mudaram o horário da aula para 7h30, mas mesmo assim não deu certo. Elas sempre chegam atrasadas”, explicou o deputado Flaviano Melo (PMDB/AC), autor da proposta do referendo.

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