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Após morte de colega por malária, diplomatas pedem ao Itamaraty mais atenção à saúde

Após a morte da diplomata Milena Oliveira Medeiros, de 35 anos, há 4 dias, contaminada por malária, um grupo de 84 diplomatas encaminhou um documento ao ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota. A carta, uma atitude raramente tomada pelos diplomatas, pede melhorias na orientação e acompanhamento dado a diplomatas que viajam para locais de risco, para evitar que casos com o de Milene se repitam.

No documento, os amigos da diplomata dizem que o quadro da acreana se agravou porque ela “não recebeu nenhuma instrução institucional específica sobre as doenças que poderia contrair, não lhe foram indicadas formas de prevenção ou cuidados a serem observados durante e depois da viagem”. Eles também revelam que houve demora na realização do exame de malária e na obtenção do medicamento para o tratamento da doença e cobram mais atenção do Serviço de Atendimento Médico e Social por parte do Itamaraty.

No último dia 26, a diplomata acreana Milena Medeiros morreu, depois de retornar de uma missão à Guiné Equatorial, na África, onde preparava a viagem da presidenta Dilma Rousseff, prevista para abril. Durante a missão, Milena contraiu malária. Ela havia saído do Brasil em 20 de novembro. Ele apresentou os primeiros sintomas, febre e dor de garganta, no dia 30 de novembro, 3 dias após voltar ao país. Ela se submeteu à primeira consulta médica no dia 5 de dezembro e fez um exame de malária, cujo resultado só sairia em 15 dias. No dia 26, a diplomata morreu.

O documento afirma que depois da 1ª consulta médica, o Serviço de Atendimento Médico e Social do MRE foi notificado do afastamento da diplomata sob suspeita da doença duas vezes, nos dias 7 e 12 de dezembro, mas só interveio no dia 17 de setembro. Isso porque o Serviço teria ficado sem médicos disponíveis durante uma semana, entre 7 e 15 de dezembro, já que todos estariam de férias ou licenças.

Medeiros foi internada na UTI, no dia 10/12. No dia 17, os médicos do Hospital Brasília anunciaram a morte cerebral a familiares e amigos. Ela morreu na manhã da segunda.

Segundo a carta encaminhada ao Itamaraty, os 21 diplomatas que viajaram a Malabo (capital da Guiné Equatorial) receberam repelentes e advertências sobre a possibilidade de contrair malária, por iniciativa independente da embaixada brasileira. Mas apenas Milena Medeiros apresentou os sintomas da doença.

A assessoria do Itamaraty informou que a carta foi recebida pelo gabinete de Patriota, que vai analisar “o documento com muito cuidado e atenção, em um momento de muita dor e tristeza para todo o ministério”. Uma resposta formal aos pedidos e às sugestões feitos no documento será dada só no início de 2012.

A assessoria acrescentou que o Itamaraty dispõe de um médico especialista em doenças tropicais, cedido pelo governo do Distrito Federal, e que há dois anos foi solicitada a contratação de profissionais de outras especialidades. De acordo com a assessoria, o ministério está “intensificando suas atividades de divulgação de medidas profiláticas e de identificação de sintomas, o que se fará inicialmente por meio da elaboração de cartilha específica de orientação”.

Em 2006, o Governo Federal aprovou cerca de 400 novas vagas para o Itamaraty. Desde 2007, o Itamaraty abriu 35 novos postos em países como Congo, Geórgia, Serra Leoa e Bósnia e tem embaixadas abertas por decreto, mas não de fato, em Bagdá e em Cabul. A ONU exige que seus funcionários obtenham um documento especial para viagens a regiões consideradas de risco, que são classificadas em cinco níveis de segurança. (BBC Brasil e Terra Brasil)

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