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Arquilau Melo lança livro sobre expedição euclidiana ao Acre e promove noite de autógrafos

Com o propósito de disseminar o conhecimento histórico e, em especial, divulgar o trabalho realizado por Euclides da Cunha no Acre, o desembargador Arquilau de Castro Melo promove nesta sexta-feira (16) o lançamento e noite de autógrafos de sua obra intitulada “Euclides da Cunha – Expedição ao Acre”.

O evento, aberto a toda comunidade, acontecerá no Palácio da Justiça – Centro Cultural do Tribunal de Justiça do Acre, em Rio Branco, com início às 19h.

Transcorridos 107 anos da visita de Euclides ao Acre, a obra de Arquilau Melo reconstrói a expedição liderada pelo renomado escritor para demonstrar a sua profunda relação com a história acreana.

Ao revisitar essa expedição, a obra de Arquilau difunde e agrega valores a um dado histórico ocorrido no início do século XX, precisamente em 1904, quando Euclides veio ao Acre, em missão oficial, atravessando rios e matas de uma região que, naquela época, surgia como resposta às necessidades do mercado capitalista mundial.

Prefaciada pelo jornalista Daniel Piza, editor do caderno de cultura do jornal “O Estado de São Paulo”, a obra “Euclides da Cunha – Expedição ao Acre” está organizada em cinco capítulos. O primeiro deles mostra a Guerra do Purus vista por brasieliros e peruanos, os dois lados da história; o segundo aborda a relação de Euclides com a região objeto de sua curiosidade pessoal e profissional – o paraíso perdido; no terceiro o leitor tem a oportunidade de conhecer o homem Euclides da Cunha e sua trajetória republicana; no quarto e no quinto estão reunidos extratos do diário de viagem produzido pelo escritor, assim como do relatório oficial da Comissão Mista Brasileira-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus.

A obra, financiada pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura, por meio da Fundação Elias Mansour, tem distribuição gratuita e será prioritariamente encaminhada às bibliotecas das redes pública e privada de ensino, assim como às bibliotecas das cidades acreanas.

Uma viagem aos confins da Amazônia
Euclidiano convicto, no ano de 2009 Arquilau Melo refez o caminho percorrido pela expedição de Euclides da Cunha pelo Rio Purus, com a missão de, em 1904, estabelecer os limites com o Peru. Naquela época, Euclides tinha profunda curiosidade pela região amazônica, motivo que o fez dedicar-se ao projeto de desbravá-la.

Mesmo com a assinatura do Tratado de Petrópolis entre Brasil e Bolívia, no ano de 1093, os conflitos na região acreana não cessaram. O Peru, que não participou da negociação, não reconheceu os limites acertados entre os dois países e intentava obter lucros a partir da exploração da borracha em território que julgava seu. Com o apoio de seus cidadãos, o governo peruano reiniciou os conflitos territoriais na área, que provocaram vítimas dos dois lados.

Do Rio de Janeiro, Euclides da Cunha acompanhava esses acontecimentos com certa apreensão e chegou a publicar artigos na imprensa nacional sobre o conflito que se formava. Para ele, uma eventual guerra com o Peru seria mais desastrosa e mais difícil de ser vencida do que aquela que o Brasil havia enfrentado com o Paraguai. Assim, quando o governo brasileiro, juntamente com o Peru, anunciou que iria organizar duas comissões mistas para reconhecimento da região litigiosa, Euclides da Cunha se ofereceu para integrar uma das expedições, cujo objetivo foi estabelecer definitivamente os limites entre os dois países.

O escritor pretendia mostrar a Amazônia com um viés científico, dissipando os mitos que os primeiros exploradores estrangeiros difundiam mundo afora. Os conhecimentos científicos anteriormente exposto pelo autor em “Os sertões” seriam, novamente, explorados no livro que prometera escrever, com o título bastante sugestivo “Um paraíso perdido”.

Morto prematuramente, o projeto da obra não se concretizou. Apesar disso, as impressões que ele deixou em ensaios, artigos e crônicas a respeito da região constituem um legado essencial para o conhecimento histórico da Amazônia, especialmente do Acre.

Como mostra Arquilau Melo na obra a ser lançada, Euclides da Cunha foi, sem dúvida, o primeiro brasileiro a ler, com profundidade, a Amazônia. Nas palavras de Arquilau, ele “fixou conceitos que revelam verdadeiras obras de arte, tais como: ‘a natureza ainda parecia molhada pelas últimas tintas da cria-ção’ e então chega o homem ‘sem ser esperado nem querido’ e a surpreende em ‘opulenta desordem’”.

Sobre os seringais da região acreana, Euclides concluiu em sua crítica que se tratavam da “mais imperfeita organização do trabalho que ainda engenhou o egoísmo humano”.  (Agência TJ/AC)

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