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Asinhas: “minha casa é uma escola”

Basta que o dia anuncie que será de sol e a professora Neurian Sobreiro prefere montar sua escolinha no quintal  da casa da hospedeira do programa Asinhas da Florestania. Um cobertor sobre um plástico instalado debaixo de árvores e pronto: está instalada uma boa escola. Boa? “Sim”, afirma a docente que percorre  diariamente até dez quilômetros a pé ou de bicicleta pelos ramais do projeto de assentamento Colibri para levar a crianças de até seis anos de idade o básico de preparação ao ensino fundamental. Ao lado da ´escola´ de  Neurian, o esforço de se estar conectado ao mundo pode ser visto na antena de TV improvisada com um aro de  roda de bicicleta erguida sob uma vara de cerca de três metros. “E eu gosto muito desse trabalho, apesar do sofrimento”, completa a professora que veio do Maranhão para trabalhar em creches de Rio Branco e hoje participa do Asinhas, um interessante esforço para assegurar alfabetização às séries iniciais de crianças moradores das comunidades mais distantes.

Concebido pelo educador Binho Marques, ex-governador do Acre, o Asinhas da Florestania está em fase inicial no município de Rio Branco mas já atende a 59 turmas em várias comunidades. No PA Colibri, o advento do programa estimulou dona Raimunda Rodrigues, de 53 anos, a voltar aos bancos escolares. Raimunda é mãe  de Estefani, de cinco anos, e hoje freqüenta o programa de educação de jovens e adultos (EJA) na escola São Lourenço, próximo da colônia Santa Fé, no PA Colibri. “É uma boa chance para as crianças, que agora não precisam se preocupar em ter de andar muito para chegar as escolas”, disse Raimunda, agradecida pelo fato de agora poder ao menos “desenhar” o nome.

Para o prefeito de Rio Branco, a situação é diferenciada: “temos de dar importância a este  momento que é o início  da formação da criança”, comenta Raimundo Angelim, professor licenciado de Economia na Universidade Federal do Acre e um dos mais defensores mais ativistas da valorização da educação. “Os livros de antigamente tinham lição de maçã  e ninguém aqui no Acre tinha visto maçã”, disse Angelim, pedindo a contextualização e regionalização dos temas propostos.

 

A família é fundamental
Foi no Colibri e durante uma aula do Asinhas que Maria Francisca de Souza, mãe  Aline, de apenas quatro anos, conheceu algumas das principais autoridades educacionais do Estado, o professor Marcio Batista, secretário de Educação de Rio Branco, e Da-niel Zen, secretário de Estado da Educação, além do prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim.  É na casa de Maria Francisca que está instalada a antena de TV feita de aro de bicicleta em uma vara.  “Vamos alfabetizar os pais para ampliar o universo de atendimento da família”, disse Daniel Zen, secretário de Educação do Estado, para quem o envolvimento das famílias no processo de aprendizagem é o diferencial do Asinhas. (Ascom PMRB)

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