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Criado há 2 anos, cadastro de desaparecidos não funciona

Ineficiente e desatualizado, o Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos completou ontem dois anos e ainda patina na falta de integração com os órgãos de segurança pública dos Estados. Segundo levantamento feito pela CPI do Desaparecimento de Crianças da Câmara dos Deputados (2008/2010), há 40 mil casos anualmente em todo o país, 9 mil deles somente no Estado de São Paulo.

O cadastro prometia ser a principal ferramenta para a localização de crianças desaparecidas no Brasil. “O sistema foi todo desenhado e acoplado ao Infoseg (rede nacional de informações sobre segurança pública).

A idéia é que fosse alimentado diretamente pelas secretarias de Segurança Pública. Tinha portas para as delegacias especializadas, disque-denúncia e conselhos tutelares”, contou um dos idealizadores do projeto, Benedito dos Santos, que também é professor da Universidade Católica de Brasília (UCB) e consultor do Fundo das Nações Unidas para a Criança (Unicef). A idéia parecia simples. Qualquer boletim de ocorrência de desaparecimento registrado no país geraria um cadastro imediato no site www. desaparecidos.mj.gov.br. Qualquer pessoa teria acesso, o que facilitaria a localização. Mas isso não acontece, por falta de integração entre os dados das Secretarias Estaduais de Segurança Pública e o sistema de coleta do Governo Federal. Números – Segundo o site, são apenas 559 crianças e adolescentes desaparecidos em todo o país.

Em São Paulo, seriam 107 desaparecidos. Os números são irreais. Somente na 4ª Delegacia da Divisão Antissequestro (Pessoas Desaparecidas) foi registrado o sumiço de 1.351 menores de até 12 anos entre janeiro e novembro. Desses, 335 ainda não foram encontrados. Titular da 4ª Delegacia, Sergio Marino Pereira disse que a polícia em São Paulo já tem um cadastro interno de desaparecidos. Sobre o site nacional, espera que os problemas sejam resolvidos. “Vai funcionar. Se fosse atualizado ao menos quinzenalmente, já seria bastante útil”. Para o vice-presidente da Comissão Nacional da Criança e do Adolescente da OAB, Ariel de Castro Alves, o desaparecimento de crianças é relegado a um segundo plano.

Resposta – O Ministério da Justiça e a Secretaria de Direitos Humanos informaram que estão finalizando uma proposta de metodologia para o cadastro. O próprio ministério reconhece que a ausência dessa metodologia dificulta uma orientação para todos os Estados sobre o que deve ser feito. A previsão é de que a nova diretriz esteja disponível ainda no primeiro semestre de 2012. (Agência Estado)

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