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“Está uma calamidade,” diz coordenador da Sejudh sobre os haitianos em Brasiléia

Atualmente, são 811 haitianos que todos os dias disputam pão, leite e marmitas na Praça Hugo Poli, em Brasiléia, localizada a 240 quilômetros da Capital, Rio Branco. O drama dos imigrantes refugiados do terremoto ganhou acolhida acreana. O Governo do Acre garante alimentação e moradia com um gasto mensal contabilizado em R$ 1 milhão.

O coordenador da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos no município, Damião Borges de Melo, acompanha o problema há um ano. “Está uma calamidade”, disse o coordenador, ao explicar o problema, por telefone, ao senador da República, Aníbal Diniz (PT/AC).

Uma audiência no Senado discutiu ontem de que forma o Estado brasileiro pode solucionar o problema. O representante do Itamaraty, Mozart Gresi, estava em Brasiléia para acompanhar uma outra ação do governo brasileiro: o assentamento de famílias de agricultores que viviam na Bolívia e que foram deslocados para o Brasil pelo presidente Evo Morales, em um acordo diplomático realizado ainda na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O Hotel Brasiléia, com capacidade para receber no máximo 100 hóspedes, está com 600 haitianos. São oferecidos pelo Governo do Acre 1.560 marmitex diariamente. À noite, é comum muitos dormirem nas calçadas, após forrarem o chão com caixas de papelão na região central da cidade.

A Polícia Federal não está com equipe estruturada para atender à demanda de emissão de CPF (que garante a retirada de carteira de trabalho e a possibilidade de sair do Acre para outros pontos do país). “Se a Polícia Federal tiver melhor estrutura para emissão dos documentos, o problema vai sendo amenizado”, afirmou o coordenador da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Damião de Melo.

A Secretaria de Estado de Justiça e Direitos tem informações de que há um grupo de mais 250 pessoas que devem sair de Porto Príncipe no próximo dia 24 de dezembro. Já existe 50 haitianos que estão em Iñapari (cidade vizinha a Assis Brasil, região da tríplice fronteira, entre Brasil, Bolívia e Peru).

Aproximadamente 20 mulheres estão grávidas e prestes ganhar bebê. “Já nasceu um acreano do Haiti”, disse o bem humorado coordenador da Sejudh, Damião de Melo. “Um dos fatores que facilita o nosso trabalho é que a maioria deles é composta por protestantes”, afirma, enquanto vigia a distribuição de pães.

O representante do Itamaraty, Mozart Gresi, resume em uma fala a concepção do Itamaraty para o problema. “Não podemos ter uma postura contraditória”, afirmou. Para o representante da diplomacia, o Brasil sempre foi responsável por emissão de grande número de imigrantes e “não seria coerente” não dar um tratamento humanitário ao problema.

“Se entendemos o deslocamento de um lugar a outro como direito, temos obrigação de dar uma solução ao que está aqui”, disse, fazendo uma pausa na conversa que mantinha com um grupo de haitianos.

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