Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Festival Pachamama se transforma numa celebração pela cultura sul-americana

Foi se consolidando como uma grande festa cercada da cultura sul-americana que o Festival Pachamama – Cinema de Fronteira, que aconteceu de 22 a 27 de novembro, atingiu um público de quase 4.000 pessoas, que assistiram de graça excelentes filmes latino americanos no Cine Recreio e nos Bairros de Rio Branco. Mais do que esse feito, o Pachamama cumpriu seu objetivo de difundir o cinema brasileiro, peruano e boliviano, formar o olhar e democratizar o acesso a bens culturais. Mesmo tendo sido apenas sua segunda edição, o Festival Pachamama se consolidou na agenda cultural do Acre.

 

Que vasto continente é esse? Essa foi a pergunta chave de todo o Festival Pachamama que teve praticamente todas as suas sessões lotadas. “É com a arte que podemos pensar numa integração realmente sustentável”, contou um dos realizadores do Pachamama, Sérgio Carvalho. Em quase todas as sessões, o Cine Teatro Recreio não teve só suas cadeiras tomadas por espectadores, mas também seus corredores e escadas. “Só de vê-los aqui já valeu todo o esforço e todo o sacrifício”, disse a também realizadora Charlene Lima. Nas sessões dos bairros, as cadeiras de plástico colocadas pelo grupo peruano Nómadas nunca foram o suficiente.

Aliás, a mostra paralela Cinema nos Bairros foi um sucesso sem igual. Um telão de sete metros foi erguido pelo Nómadas em bairros da periferia de Rio Branco. Só no Taquari, 300 pessoas se reuniram para assistir Bróder, o filme de Jeferson De, que esteve presente e fez parte do Pachamama, ficando emocionado com tamanho público e interesse, “Estou exibindo o meu filme pela primeira vez na Amazônia”.

Filmes, convidados e homenagens
A mostra contou com nomes de peso do cinema sul-americano alternativo e comercial. Como o próprio Bróder (dir. Jeferson De), filme nacional mais premiado de 2010, além do documentário sobre a estrada Transoceânica, Me Voy (dir. Marilia Coelho). Teve também o emocionante romance peruano Contracorriente (dir. Javier Fuentes-Léon) e um dos maiores sucessos nacionais de 2011 em exibição atualmente, O Palhaço (dir. Selton Melo), que teve ate segunda sessão devido a grande procura. Além de tantos outros, o Pachamama encerrou suas atividades com a apresentação mais que inédita do excelente Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios (dir. Beto Brant e Renato Ciasca), que conta com a trilha sonora do acreano Shaneihu Yawanawá.

O Pachamama trouxe quase 30 convidados que realmente estiveram inseridos em discussões e trocas de experiências e contatos. Assim, o Festival também se tornou um workshop de produção cultural com representantes de três países de fronteira, com o estado do Acre servindo como palco para uma forte discussão e integração cultural.

A experiência de “viver o Acre” e esse momento de integração cultural foi um marco para muito desses artistas. “A realização do Festival Pachamama primeiro pareceu uma utopia, mas agora estamos aqui na segunda edição”, contou Marcelo Cordeiro, produtor cultural da Bolívia. “O cinema tem o potencial de transmitir mensagens que ligam nosso coração, nos move, nos comove e o Pachamama tem condições de validar esse potencial”, reforçou Stefan Kaspar, produtor cultural do Peru.

A lista de atores também foi grande. A querida boliviana Mariana Toro e o galã Cristian Mercado exibiram seus filmes e falaram da experiência diferente que foi filmá-los. Erom Cordeiro e Giselle Motta desfilaram beleza e simpatia divulgando O Palhaço. Já Gero Camilo, que encerrou o festival com seu filme e não escondeu a felicidade em ver o cinema lotado mesmo com um atraso na programação, declarou, “É um prazer estar no Acre trazendo filmes para dividir com meus amigos bolivianos e peruanos. Porque é isso que importa, a união entre os nossos irmãos”.

Vale ressaltar que Carol Di Deus, diretora da Usina de Arte, tirou a sua personagem, a palhaça Cinira, da gaveta e fez uma linda apresentação durante a sessão mais lotada do Pachamama, a do filme O Palhaço. A atriz Giselle Motta, que conheceu a Carol Di Deus no dia anterior a exibição, disse que ficou emocionada com a surpresa.

Para homenagear e prestar um merecido reconhecimento aos produtores culturais presentes, foi apresentado o Troféu Pachamama. Entre os homenageados estiveram a importante diretora boliviana Mela Márquez, os pioneiros do cinema acreano da Asacine, além de troféus aos grupos Chaski, Nómadas, Festcine Amazônia e Associação Yanemarai.

Festa dupla
E quem diria que a maior chuva dos últimos cinco anos iria cair justamente no sábado, 26 de novembro, dia do show do Otto? O resultado foi inevitável, a forte chuva cancelou o show por questões de segurança do palco, mas o que parecia ser só um problema, se tornou algo que gerou duas festas em uma, divertidas, animadas e sem nenhuma confusão.

Ainda na noite do “aguaceiro”, a Noite Latina com as DJs Angela e Malu não deixou ninguém parado e a chuva não foi motivo pras pessoas não dançarem e se divertirem muito. O próprio cantor Otto foi um dos que mais se animou, dançou na chuva, brincou e cumprimentou pessoalmente os fãs, “Se minhas pernas estão doendo, é por causa dessas DJs ótimas”. Um dos músicos da banda do Otto disse: “Engraçado é que estamos voltando pro hotel como se tivéssemos feito o show”, enquanto outro respondeu: “Hoje nós fizemos o show, amanhã (domingo) faremos o espetáculo”.

A organização do Pachamama devolveu os ingressos e informou que o show do Otto aconteceria no dia seguinte. Então, no domingo, 27, sem chuva dessa vez, Otto subiu ao palco da Usina de Arte e fez um grande show, fazendo questão de falar, “Quero agradecer a presença dos amigos bolivianos, os amigos peruanos. Porque o Acre é isso, é essa mistura dessa galera talentosa”. (Assessoria)

Sair da versão mobile