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SESI oferece cursos aos trabalhadores da construção civil

No canteiro de obras do novo anfiteatro da Ufac, que já chama a atenção pelo estágio avançado da construção, há um trabalho que costuma passar despercebido por quem circula pela rua ao redor – escondido pelos tapumes que cercam a área onde está sendo erguido o prédio. Ali dentro, no espaço do refeitório, os trabalhadores têm acesso a um curso de 1ª à 4ª série, promovido pelo Serviço Social da Indústria (SESI) por meio do seu Centro de Educação do Trabalhador (CET) e a Etenge, empresa responsável pela obra.

Composta por 18 alunos, a dedicação demonstrada na turma é tanta que alguns deles não deixam de ir à sala de aula, mesmo em seus dias de folga. “A palavra que tenho pra vocês é superação. Por sair do trabalho na obra cansado e vir aqui estudar, só posso chamar isso de superação. Sempre que chego e vejo vocês se esforçando pra aprender, reforço a ideia de que vale a pena dar aula”, destacou a professora Lucinha, agradecendo a assiduidade e o interesse dos estudantes.

No curso, que começou em outubro e deve ser concluído em março do próximo ano, os alunos também puderam experimentar por quatro dias uma atividade diferenciada: a criação de objetos de artesanato. “A ideia surgiu como um modo de trazer ferramentas para que eles possam ter uma renda extra e passar o que aprenderam para as esposas, amigos e colegas de trabalho. O artesanato é também uma forma de descontração, de tirar o estresse do trabalho, que é desgastante. Com isso, buscamos oferecer qualidade de vida, algo que se reflete no trabalho deles”, explicou Cristiany Sales Pereira, coordenadora pedagógica do CET/SESI. 

Segundo ela, o curso deve ser apenas o 1º deste novo projeto do CET/SESI. Já há a intenção de, no próximo ano, oferecê-lo para outros trabalhadores e também para suas esposas, permitindo que elas possam tirar deste aprendizado uma futura fonte de renda familiar. “Nos serviços oferecidos pelo CET o foco é o trabalhador, mas queremos ajudar também os dependentes, como as esposas, que terão ainda a chance de conhecer melhor o trabalho dos maridos e compreender a rotina da profissão que eles exercem”, disse Cristiany.

Maria Regiana da Costa, diretora do CET, salientou o fato de que os alunos quebraram preconceitos, por participarem de um curso destinado a uma atividade que usualmente é exercida pelas mulheres. “Acredito que muitos nunca se imaginaram criando um jarro, um objeto, exercitando a criatividade dessa forma. O trabalho que vocês fazem aqui pode ser destinado ao mercado de objetos de decoração e ficamos muito orgulhosos de ver vocês produzindo e aproveitando as oportunidades oferecidas”, disse Regiana, se dirigindo aos presentes na aula de encerramento do curso de artesanato, ocasião onde foram distribuídos os certificados de conclusão.

Primeiras oportunidades
De jovens a senhores idosos, eles demonstraram ter aprendido os ensinamentos da professora Auryanna Vieira sobre os princípios básicos da criação e pintura de objetos artesanais, executando os trabalhos sugeridos utilizando materiais recicláveis. No último dia de curso, houve até alunos que surpreenderam apresentando ideias próprias, como o servente de pedreiro Fabiano Monteiro Araújo, de 22 anos, que se esforçou para criar um jarro, usando papelão e tinta, para a planta denominada crista-de-galo. “Passei um dia inteiro fazendo, mas gostei do resultado”, comemorou.

Basílio Miguel dos Anjos é vigia na obra do teatro e se orgulha de fazer as vezes de ajudante das professoras. Aos 60 anos, ele agradeceu a chance de, pela primeira vez na vida, estar numa sala de aula. “Só tenho a agradecer ao SESI e à Etenge que me deram a primeira oportunidade de estudar. E foi também o meu primeiro contato com o trabalho de produção de artesanato”, contou ele, que criou um objeto decorativo usando papelão, pregos e isopor. Basílio já cogita até se aperfeiçoar neste trabalho e vender futuramente suas criações. Um leque de oportunidades que se abre para aqueles que nunca haviam tido a chance de freqüentar um curso e agora já vislumbram novos horizontes para além de suas profissões. (Assessoria)

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