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Via Verde Shopping

Vai, de início, um toque balzaquia-no bastante oportuno. O romântico francês deixou escrito algo parecido com a assertiva segundo a qual é natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se compreende e insultar o que se inveja. Quando se é, realmente, destituído de qualquer traço de sensibilidade, o coração encarquilha porque a inveja age como o ácido corrosivo que invade a alma entorpecida em altíssimo grau.

Não faço propaganda para nenhum dos lojistas do Via Verde Shopping. Até que poderia embrenhar-me por tais artes e caminhos. O gênio o permitiria, certamente. Ocorre que, desde algum tempo, percebo não precisar de uma renda a mais. O que me nutre e o que quase me força a escrever estas linhas é uma grande admiração que tenho pelas pessoas que se enchem de coragem e fazem investimentos que, em muitos dos casos, podem comprometer até o próprio futuro.

Muitos dos que falam mal, ou denigrem aquele empreendimento, na realidade, desconhecem o que vem a ser um shopping e os propósitos e metas de um empreendimento daquele tamanho.

Nessa o bom Carlinhos Estêvão Xapuri até bem poderia me ajudar. É que eu não sou economista. Observo, todavia, que Rio Branco conta com apenas trezentos e cinquenta mil habitantes, hoje, e deve ter um shopping exatamente do tamanho deste que aí está.

Por que o Makro, holandês, é hoje uma realidade nossa? Por que o Carrefour, francês, já está em fase de construção, bem ao lado do concorrente de origem holandesa? Pesquisas de mercado foram feitas com muito cuidado porque comerciante é bicho esperto. Nesse ramo, só os mais inteligentes alcançam o sucesso, posto que sabem ganhar dinheiro a partir de prognósticos sempre otimistas, mas baseados na realidade mais crua. Ninguém é bobo.

Convém ilustrar. No litoral norte do Estado do Rio de Janeiro, há o Macaé Shopping, que atende a cidade que lhe dá nome, de 200 mil habitantes, e mais outras próximas, como Rio das Ostras, de 120 mil moradores, e Armação dos Búzios, de 25 mil. As três juntas contam com 345 mil habitantes e o shopping de lá – onde já estive por três ou quatro vezes, posto que costumo passar férias em Cabo Frio, ali próximo –  é menor que o de Rio Branco que, por sua vez, é uma cidade que já chega aos 350 mil residentes, conforme citado acima.

Porto Velho conta hoje com 740 mil habitantes e pode dispor, sim, de um shopping de maior porte, com dois andares e mais as tais escadas rolantes tão sonhadas pelos acreanos destituídos de realidade e substância.

É bom observar, ademais, que a frágil economia do Acre gira em torno da folha de pagamento do Estado que, um dia, – na época de Orleir Cameli – atrasava salários e bonificações natalinas.

Enquanto isso, Rondônia, apesar da malta de desordeiros e grandes ladrões em campana, tem a sua economia baseada numa agropecuária e indústria pujantes que quase se compara ao Mato Grosso e já sobrepujou alguns estados nordestinos.

Manaus – os acreanos irreais não sabem! – conta hoje com mais de 1 milhão e 800 mil habitantes gravitando em torno de um parque industrial voltado para a indústria eletro-eletrônica, principalmente. O shopping deles, como o Park Shopping, de Brasília, pode e deve, sim, ter três ou quatro andares porque há consumidores suficientes para dar sustentação a empreendimentos de tal magnitude.

Todos estes empreendimentos são auto-sustentáveis porque há na base uma economia forte que não depende dos humores dos governos estaduais.

E queriam porque queriam uma escada rolante…

– Ah! Se nós tivéssemos uma escada rolante a vida seria outra. – Foi o que ouvi de uma Cinderela Mimada dessas que votam no Patetão.

A minha ideia maluca, certamente, é o boníssimo Tião Viana mandar erguer uma rolante do outro lado da pista, bem em frente ao Via Verde, para que todos se deleitem se refestelem se comprazam e gozem desta última maravilha de Beto Carreiro, uma boa e bela escada rolante que nos transporte do nada a lugar algum. Ora tá!

E alguns imbecis, lá de fora, de outros estados, montaram aquela patuscada segundo a qual os acrea-nos estavam extasiados, aparvalhados, boquiabertos com a beleza do empreendimento, porque nunca haviam visto um shopping. Veleidade pura. Babaquice geral. Esses caras são realmente burros e não sabem quem somos. Os estroinas nos desconhecem, sim, porque não fizeram o ensino fundamental e não estudaram geografia.

Eu, sim. Eu sou do Acre e conheço os usos e abusos do meu povo… Para se ter uma ideia ao menos aproximada e para que muitos me entendam, qualquer renda média acreano conhece o Rio de Janeiro, mas nunca foi a Porto Velho. Pega onda em Ipanema, mas nunca viu o Rio Purus. Importa a moda carioca já no dia seguinte ao lançamento dos jeans mais transados da Fashion Week.  

Na verdade, eu tenho visto fazendo compras no Via Verde uns 70 por cento de pessoas aqui estabelecidas, mas vindas de outros estados. São mais ou menos trinta por cento, ou até menos, o total de acreanos. Destes, a superior maioria já esteve nos shoppings do Rio, São Paulo, Brasília, Goiânia, Manaus, Natal, Fortaleza, dentre outros. Poucos por ali nunca viram um shopping. Talvez uma dúzia que tem medo de avião ou tem preguiça de encarar os ônibus que partem daqui lotados, duas vezes ao dia, em direção aos grandes centros urbanos do país.

Falta, realmente, o chope geladíssimo, da hora, sem o qual a minha visita se torna inócua e perfeitamente dispensável. Queira Deus, então! Vai ver que, de volta da minha viagem de férias, já tenha ao meu dispor o manjar dos deuses no Via Verde em grande abundância. Saúde!

Veja no que dá o movimento da roda da história. Há uns acreanos sem berço (!) que preferem fazer compras em New York. Outros já gostam do frio do Canadá. Mas há aquela inveja dos filhos e netos dos velhos barões da borracha que já não conseguem investir em nada porque não têm recursos para tal, com exceção de algumas raras e honrosas exceções. Os descendentes dos nossos ricos antigos, extremamente preguiçosos e destituídos de inteligência, por que não ligaram para os estudos, agora tropeçam nos próprios andrajos e morrem de inveja dos corajosos forasteiros e filhos de acreanos pobres que não têm medo da luta.

Que Deus faça com que aquele empreendimento – por alguns dito mínimo – dê certo. Muitos dos nossos investiram o que tinham, e até mais, e eu não gostaria de lhes ver fracassados.

Como diz o repórter gazeteiro, no Acre tudo é monumental. Somos enjoados, sim. Pior é que as coisas sempre tomam conotações político partidárias, o que garante sempre uma pitada de sacanagens, mutretas, maledicências, falsos testemunhos, dentre outros males que assolam a vida em sociedade.

Em suma, a maledicência – o mesmo que a fofoca – é ocupação e lenitivo para os descontentes.

Na realidade, fizeram uma mistura bizarra. Muitos agem agora como se o mundo dos shoppings fizesse parte da política partidária. É a me-diocridade dos que estão buscando, mas não estão encontrando, uma forma de desqualificar o trabalho exitoso dos bons políticos desta terra que, com as suas ações inteligentes, levam o empresariado a acreditar nos seus propósitos e, como resultado, os investimentos se multiplicam, não só na área comercial, como em muitas outras.

Querem ofender ou atirar farpas ou atribuir culpas inexistentes nos melhores quadros da política brasileira da atualidade, aqueles que trouxeram o progresso real para o Acre a partir da ascensão dos ideais dos meninos do PT…

E eu vos digo que, pelas artes da fofoca e da mentira, pelos liames tênues da imbecilidade dos métodos da oposição, se todos os homens soubessem o que dizem uns dos outros, não haveria quatro amigos neste mundo. Eles não poderiam tecer comentá-rios elogiosos, claro (!), posto que até um investimento privado pode render dividendos eleitorais para os que fazem a política direcionada ao progresso de todos e de cada um que investe esforços para o bem desta terra.
A estes últimos, Deus dará o que há de melhor.

* Claudio Mota Porfiro é cronista.

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