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O que é a verdade?

No correr de 25 séculos de conversação filosófica, o grande leitmotiv, o objeto das preocupações dos filósofos tem sido a “Verdade”. E, por essa razão o tema da “Verdade” tem sido o cerne de muitas indagações, em todos os tempos, de tal modo que se poderia assentir, peremptoriamente, que a definição do que vem a ser a categoria  “Verdade” é polissêmica e assume múltiplas funções semânticas, sintáticas e pragmáticas. Afinal, o que é a Verdade?

Platão inaugura seu pensamento sobre a verdade afirmando: “Verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são; falso aquele que as diz como não são”. É a partir daí que começou a se formar a problemática em torno da verdade.

No dicionário Aurélio encontra-se a seguinte definição de verdade: “Conformidade com o real”. Talvez merecesse um comentário mais amplo, a afirmação acima de Platão, mas partindo do conceito dado pelo dicionário podem-se chegar as seguintes conclusões: Não existe uma verdade cujo sujeito possa ser o seu detentor; a Filosofia chegou a distinguir cinco conceitos fundamentais da verdade:  a verdade como correspondência, como revelação, como conformidade a uma regra, como coerência e como utilidade.

A verdade como correspondência – É a verdade que garante a realidade, ou seja, o objeto falado é apresentado como ele é. Aristóteles diz que: “Negar aquilo que é, e afirmar aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que é e negar o que não é, é verdade”. Essa definição de verdade é a mais antiga e divulgada.

A verdade como revelação – Trata-se de uma verdade que sob a luz empirista se revelou ao ser humano por meio das sensações, e sob a perspectiva metafísica ou teológica mostrou o verdadeiro por meio de um Ser supremo, Deus, que evidencia a essência das coisas.

A verdade como conformidade – É uma verdade que se adapta a uma regra ou um conceito. E esta noção de conformidade foi usada pela primeira vez por Platão: “… tudo o que me parece de acordo com este, considero verdadeiro,…” e retornando a história, Santo Agostinho afirma: “existe, sobre a nossa mente, uma lei que se chama verdade”. Em suma, a verdade, no sentido da conformidade, deve-se adequar a uma regra ou conceito.

A verdade como coerência – Essa ideia de coerência foi difundida pelo filósofo Bradley. Ele critica o mundo da experiência humana partindo da ideia de que “o princípio de que o que é contraditório, não pode ser real”, isso o fez aceitar que “a verdade é coerência perfeita”.

A verdade como utilidade – Formulada, primeiramente, por Nietzsche: “Verdadeiro não significa em geral senão o que é apto à conservação da humanidade. O que me deixa sem vida quando acredito nele não é a verdade para mim, é uma relação arbitrária e ilegítima do meu ser com as coisas externas”.

A preocupação que se tem é que a verdade, como utilidade, seja algo que faça bem a toda a humanidade. O que não é de práxis para a conservação do bem, pode-se dizer que é verdade?
Toda essa investigação sobre a verdade limita muito esse tema. A verdade possui inú

eros significados, dependendo da pessoa que a defina. Ela continuará sendo uma das questões mais abordadas nestes últimos tempos.

Vive-se em um mundo de grandes transformações. Muitas ideologias são postas como verdades inquebrantáveis. As pessoas são conduzidas a acreditar na mídia, na política e na manifestação religiosa. Isso acontece de uma maneira inconsciente. E toda gente possui sua verdade assim como questiona aquilo que é ou não é verdade.

Ao final da reflexão, indaga-se sobre o que libertará o ser humano dessa prisão do que seja a verdade? A resposta é mergulhar, profundamente, sobre aquilo que nos é apresentado. Fugir do senso comum e criar opiniões próprias. A verdade depende do modo como cada pessoa encara o mundo.

DICAS DE GRAMÁTICA
TEM ou TÊM ou TEEM?  VEM ou VÊM ou VEEM ou VÊEM?

– Se você costuma ter esse tipo de dúvida ou já perdeu seu tempo com esse problema, observe o esquema abaixo:
– Grupo do CRÊ-DÊ-LÊ-VÊ:
Os verbos CRER, DAR, LER e VER são os únicos que na 3ª pessoa do plural terminam em –EEM. Não esqueça que perderam o acento circunflexo, segundo o acordo ortográfico dos países de língua portuguesa:
Ele crê – eles creem;
Ele dê – eles deem (=presente do subjuntivo);
Ele lê – eles leem;
Ele vê – eles veem.
Essa regra também vale para os verbos derivados:
Ele relê – eles releem;
Ele prevê – eles preveem.

Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá. Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Pesquisadora Sênio da CAPES.( colunaletras@yahoo.com.brr)

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