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Grupo de 29 haitianos chega a MT para trabalhar na construção civil

“Quero trabalhar em qualquer lugar desde que eu possa estudar”. Essas foram as palavras de Ronald Alexi, um jovem haitiano de 25 anos, que trocou o país onde nasceu para trabalhar na construção civil em Mato Grosso. Ele e mais 28 homens fizeram uma longa viagem desde o Haiti para tentar uma vida melhor no Brasil. “Aqui tenho muito mais chances de ser alguém na vida”, disse o rapaz, ainda com dificuldades em falar português.

Vários estados brasileiros já receberam grupos de haitianos que tentam cada vez mais entrar no Brasil em busca de emprego. A viagem pode durar até três meses e a maioria entra no país pelas cidades de Brasileia e Assis Brasil, que ficam no estado do Acre. Aos poucos, os estrangeiros vão driblando a dificuldade na comunicação e já começam a se arriscar a falar português.

Os 29 haitianos que estão no estado já vieram todos empregados. Eles vão trabalhar na construção civil e estão alojados em Nossa Senhora da Guia, distrito a apenas 30 quilômetros de Cuiabá. Há oito dias em Mato Grosso e prestes a iniciar os trabalhos, a expectativa de todos eles é conseguir guardar dinheiro suficiente para ajudar as famílias que ficaram no Haiti.

“Eu vou trabalhar e me esforçar para conseguir juntar dinheiro suficiente para trazer minha família”, afirmou Isaac Rely, que deixou a esposa e dois filhos no país. Ele contou ainda que há 2 meses não fala com a família. “A comunicação é muito difícil e muito cara no Haiti. Não é fácil encontrar um telefone como aqui”, descreveu.
A entrada deles no país passou a ser monitorada desde o último dia 13 de janeiro, quando entrou em vigor a resolução que legaliza a situação dos haitianos que já estão no Brasil em busca de trabalho e prevê a liberação de 100 novos vistos por mês, em Porto Príncipe.

Além do trabalho, o estudo é visto como uma grande oportunidade pelos imigrantes mais jovens. Ronald Alexi vai ocupar a função de mestre de obras, mas já se formou em gastronomia na época em que viveu na República Dominicana. Agora, ele pretende seguir uma nova carreira. “Eu quero ser engenheiro civil ou técnico em informática. Tenho o ideal de estudar, me formar e continuar aqui no Brasil porque o país me recebeu e me deu oportunidade que talvez eu não tivesse em outro lugar”, declarou.

De acordo com a Superintendência Regional do Trabalho em Mato Grosso, em caso de contratação de estrangeiros no país, a empresa deve observar se há visto de trabalho. Ainda conforme a Superintendência, por regra, alguns cargos como piloto de avião e químico não podem ser ocupados por estrangeiros. Já em outras profissões, como médico e professor, é necessário que uma comprovação da diplomação seja apresentada. (G1)

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