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Quase 500 haitianos chegam ao Acre nos últimos três dias

CaosDesde a última sexta, mais 434 haitianos chegaram a Brasiléia. De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), são exatos 1.245 haitianos que estão na cidade. A situa-ção se agrava a cada dia. Tanto que sites nacionais já consideram a situação de Brasiléia como ‘caótica’.

A chegada massiva dos haitianos nos últimos dias ocorreu após boatos de que o governo brasileiro passaria a expulsá-los a partir do dia 31/12. Os rumores começaram depois de reunião do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), ocorrida em 16 de dezembro. A assessoria do comitê, órgão presidido pelo Ministério da Justiça, confirmou na semana passada que o Brasil estuda medidas para reprimir a imigração ilegal e o tráfico de pessoas pela fronteira com o Acre, mas negou que qualquer decisão a respeito dos haitianos tenha sido tomada.

No Hotel Brasiléia, arrendado pelo Governo do Acre para abrigar parte do grupo, a capacidade de 100 hóspedes já foi superado há muito tempo. Hoje, mais de 700 pessoas usam a estrutura do local para higiene e dormitório.

Uma tenda deve ser armada no pátio do hotel para abrigar os novos haitianos. “A situação está complicada”, relata o coordenador da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Damião Borges de Melo. Ele cuida praticamente sozinho do dia a dia dos imigrantes. De problemas com alimentação aos documentos para o visto, tudo passa por Borges de Melo. “Eu estou pedindo para ir logo embora os que forem conseguindo os CPFs”, informou.

O Governo do Acre já não dispõe de recursos para pagar as passagens de ônibus para outros lugares do país como ocorria com os primeiros imigrantes que chegaram à cidade.

As prefeituras de Brasiléia e Epitaciolândia devem disponibilizar quatro funcionários do quadro para agilizar a retirada de fotocópias necessárias para a emissão dos CPFs na Polícia Federal.

O trabalho da delegacia da Polícia Federal no município de Brasiléia está praticamente focado nessa situação. Nos últimos 12 dias, foram retirados mais de 260 documentos.

Para não chegar ao Brasil ilegalmente, os haitianos deveriam pedir visto em seu país de origem, o que não acontece. Segundo informações do Governo do Acre, pelo menos 2.300 haitianos entraram no Estado em 2011. Só para dedicar a assistência médica e jurídica com os haitianos, o secretário da Sejudh, Nílson Mourão, anunciou que o Acre gastou, desde que começou esta situação dos haitianos R$ 1,04 milhão. Mourão também contou que o Acre já pediu ajuda ao Governo Federal várias vezes. Mas não obteve nenhuma resposta ainda.

Parentes e amigos – A situação só não ficou pior porque o grupo recém-chegado se acomodou em casas alugadas de parentes e amigos. Cerca de 400 conseguiram se acomodar de alguma forma. A Polícia Federal tem impedido que eles sejam explorados pelos taxistas que atuam na região. Estavam cobrando R$ 250 pelo trecho entre Assis Brasil e Brasiléia. Normalmente, cobra-se R$ 20. Com a mediação da Polícia Federal, o transporte foi garantido por R$ 25.

O estoque de comida também está comprometido. O Governo Federal se comprometeu a ajudar. Em torno de 14 toneladas de alimentos devem chegar nos próximos dias. “Isso não dá mais do que 10 dias”, calcula Borges de Melo. (Com informações do Jornal O Globo e Agência Brasil)

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