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Tabatinga, no Amazonas, recebeu 208 haitianos em cinco dias

Assim como Brasileia, no Acre, a cidade de Tabatinga, no AM, registrou uma entrada massiva de haitianos recentemente. Em apenas 5 dias, de 29 de dezembro a 2 de janeiro, 208 chegaram ao município, que faz fronteira com a Colômbia e o Peru. Em todo o mês  passado, dezembro, foram 495, segundo dados da Polícia Federal.

De acordo com a PF, atualmente, 1.249 haitianos que chegaram a Tabatinga desde o fim de setembro estão na lista de espera para a entrevista que inicia o processo de pedido de refúgio. Aguardam, em média, cerca de 3 meses pra conseguir o protocolo de solicitante de refúgio, concedido pelo Ministério da Justiça. Este documento permite a estada por 6 meses no Brasil e a emissão de carteira de trabalho. Até lá, segundo a PF, os haitianos ficam numa situação que não é ilegal, mas é irregular.

Em todo o ano passado, o posto da PF de Tabatinga encaminhou 1.898 haitianos para o processo de concessão de solicitação de refúgio. O número é 316% maior que o de 2010, quando foram registrados 456 pedidos. A corrida dos últimos meses para entrar no país por Tabatinga se deve aos boatos de que o Brasil passaria a impedir a entrada de haitianos. O mesmo motivo estaria por trás do aumento recente da entrada de haitianos no Acre.

Segundo a PF, há haitianos que relataram ter gasto cerca de US$ 3 mil dólares para vir do Haiti para o Brasil. Mas, com medo, negaram para os policiais terem usado serviços de ‘coiotes’ (traficantes de pessoas). Os que chegam em Tabatinga, em geral, contam que deixaram seu país para ir à República Dominicana, de onde seguiram para o Peru e, de lá, para o município amazonense. Mas, quando chegam a Tabatinga, cidade com 52 mil habitantes, esses imigrantes encontram uma situação nada favorável, relata uma equipe da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), que foi ao município especialmente para prestar ajuda humanitária aos estrangeiros.

De acordo com a coordenadora da MSF em Tabatinga, Renata de Oliveira Silva, na última semana, algumas pessoas começaram a dormir nas ruas. E mesmo quem consegue dividir uma casa, às vezes, não encontra condições adequadas de higiene.

“Há casos de pessoas vivendo em casas de pequenos cômodos, sem banheiro ou cozinha. Numa delas, por exemplo, 40 pessoas dividiam a mesma latrina. Mas há também casos de pessoas que recebem ajuda de parentes e que têm condições de alugar quartos melhores para morar. Como Tabatinga é uma cidade pequena, não há tantos cômodos disponíveis para serem alugados, portanto, começa a faltar acomodação para quem está chegando agora”. (Agência O Globo)

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