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O sentido de escrever o próprio nome

Ser capaz de escrever o próprio nome tem significado, ao longo dos tempos, como uma das maiores conquistas para o ser humano. Pode-se, de certa forma, atribuir, a essa conquista, uma forte conotação simbólica: para o adulto analfabeto, ser capaz de escrever o próprio nome significa dar os primeiros passos para ultrapassar a linha divisória que o exclui do grupo dos que não assinam, dos que usam as digitais do seu polegar para serem reconhecidos como cidadãos.

Enquanto para a criança, essa escrita possibilita uma atividade que lhe permite refletir sobre o sistema da escrita, ingressando na parte específica e tão valorizada da cultura nacional. Modo geral, escrever o próprio nome é uma ação marcada pelo prazer resultante do sentimento de ser capaz de escrever e de se reconhecer naquela escrita como um ser social, que tem um nome e é capaz de interagir com os demais seres.

Por isso a escrita do nome próprio tem papel fundamental no processo de alfabetização das pes-soas, pois representa um passo importante de sua entrada no mundo da escrita. O conhecimento do nome próprio tem duas consequências importantes para os estudantes que estão em processo de alfabetização: 1) uma escrita livre do contexto; 2) uma escrita que informa sobre a ordem não-aleatória dentro do conjunto de letras.

Desse modo, tanto para os adultos quanto para as crianças, ainda que a escrita do próprio nome, inicialmente, não se dê dentro da norma padrão, essa descoberta possibilita pensar sobre o sistema da escrita, uma vez que os aprendizes estão lidando com um modelo estável, que se refere a um único objeto, e que – além de não permitir ambigüidade, na sua interpretação – tem carga valorativa, pois se relaciona com a identidade da pessoa. Pois o humano começa, exatamente, no escrever seu próprio nome.

Depois, não se pode perder de vista que saber escrever o próprio nomeo é uma das mais importantes conquistas do educando que entra no mundo das letras. Para ele, o conjunto de letras que compõe seu nome o representa, proporciona a percepção de si como um ser social, diz algo sobre sua identidade, sua filiação, sua história. A escrita do nome próprio tem papel fundamental no processo de alfabetização do educando, pois representa um passo importante de sua entrada no mundo da escrita.

O conhecimento do nome próprio tem duas conseqüências importantes para as pessoas: a) uma escrita livre do contexto; b) uma escrita que informa sobre a ordem não-aleatória dentro do conjunto de letras.

A escrita do próprio nome representa, pois, uma oportunidade privilegiada de reflexão sobre o fun-cionamento do sistema de escrita, pelas seguintes razões: tanto do ponto de vista lingüístico, como do gráfico, o nome próprio é um modelo estável. É um nome que se refere a um único objeto, identificando-o em relação aos demais seres. O nome tem valor de verdade, porque se reporta a uma existência, a um saber compartilhado por ambos, emissor e receptor.

Diz-se, ao final desta reflexão, que a incorporação da escrita, como forma de produção e conservação do conhecimento, trouxe uma dupla diferença aos seres humanos: foi preciso ensinar o conhecimento que se tornava cada vez mais amplo e complexo. Ainda, foi fundamental, ao aprendizado do conhecimento, o aprendizado da escrita. Esse desafio persiste há 3.000 anos e, ainda hoje, a humanidade não conseguiu vencê-lo. Há muita gente que desconhece o mundo mágico da escrita. Há tanta gente que sabe falar aquilo que deseja escrever, mas não consegue escrever o que sabe dizer. Então a escrita tem seu encanto, magia, mistério.

DICAS DE GRAMÁTICA
* QUANDO SE EMPREGA A e HÁ?
– A / HÁ (em função do espaço de tempo).
– A (preposição): “Ela voltará daqui a meia hora”. (tempo futuro)
– HÁ (verbo haver): “Ela saiu há dez minutos”. (tempo decorrido)
* A PAR ou AO PAR?
A PAR – Significa ciente, bem informado.
Ex.: A Reitora está a par dos últimos acontecimentos.
AO PAR – Significa de acordo com a convenção legal.
Ex.: Os papéis de crédito estão ao par.
* PARA MIM FAZER ou PARA EU FAZER?
– Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.
* HAJA VISTO ou HAJA VISTA?
– A expressão é haja vista e não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas

Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá. Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Pesquisadora Sênio da CAPES.

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