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Cerâmicas e marcenarias movimentam R$ 17 milhões neste início de ano

Dois setores que estavam praticamente no esquecimento agora são responsáveis pela circulação de, aproximadamente, R$ 17 milhões no comércio acreano, nestes primeiros meses do ano. É o caso das marcenarias e das cerâmicas que estão comercializando seus produtos diretamente para o Governo do Estado.
Para atender a demanda, empresas estão contratando novos trabalhadores e fazendo investimentos em maquinário
A decisão do governador Tião Viana de comprar o mobiliário escolar e das outras secretarias estaduais exclusivamente das marcenarias acreanas deu um novo ânimo ao setor. Os primeiros contratos fechados totalizam mais de R$ 5 milhões, que estão sendo pagos diretamente a mais de 70 empresas de todo Estado.

Já as cerâmicas estão produzindo 30 mil milheiros de tijolos para a pavimentação de ruas em Rio Branco, através do programa Ruas do Povo. Também serão firmados contratos com as empresas do interior, beneficiando praticamente todos os municípios do Acre.

Mas o que isso significa para a economia local? O primeiro ponto a ser analisado é que o pagamento dos produtos será feito diretamente às empresas da região, garantindo, dessa forma, que os recursos fiquem no Estado.
Presidente da Coopermóveis, Domingos Sávio, agradece apoio do governo: “passamos a ser valorizados”

Três mil novos postos de trabalho gerados
Um outro dado importante é que, com a grande demanda de trabalho, tanto as marcenarias quanto as cerâmicas estão contratando novos empregados. Isso significa que, além da geração de emprego, teremos uma maior circulação de dinheiro no comércio local.

Prova que o mercado local está animado com a iniciativa do governo é que  as empresas que comercializam equipamentos e a matéria-prima para as marcenarias e cerâmicas passaram a vender mais seus produtos.
A expectativa é que sejam gerados mais de três mil novos postos de trabalho. Como toda produção do ano está garantida e com negócios para os próximos anos, estima-se que esses trabalhadores sejam contratados definitivamente.

“Essa decisão de comprar diretamente das marcenarias e cerâmicas do Acre é uma forma de aquecer o mercado local, impulsionando toda a economia. A geração de emprego garante renda para as famí-lias. Com o salário, o trabalhador vai comprar aquilo que é necessário para a sua família, garantindo a circulação de dinheiro no comércio local”, explica o economista Anderson Mariano.

Em Rio Branco e no interior do Estado os dois setores estão animados. Além de contratar novos trabalhadores, as empresas estão comprando novos e modernos equipamentos, fazendo novos investimentos em suas estruturas físicas e aumentando sua produção.

Durante o anúncio da compra dos 30 mil milheiros de tijolos, o governador Tião Viana reafirmou o compromisso do Governo do Estado de valorizar as empresas locais para garantir a melhoria da qualidade de vida da população.

“O que o governo quer é ver pessoas empregadas, trabalhando e tendo como sustentar suas famílias. Isso que é o mais importante para nós. O Governo sempre estará disposto a ajudar aqueles que querem trabalhar e gerar empregos. É isso que faz nosso Acre crescer cada vez mais forte economicamente”, disse.
Governo priorizou marcenarias locais para compra de mobiliário escolar e garantiu novo ânimo ao setor
Empresários animados
Quem melhor pode descrever a importância dos contratos assinados com o Governo do Estado são os empresários e trabalhadores. Para se ter uma ideia, algumas empresas chegaram a duplicar o número de funcionários.
Animados com o novo momento, empresários acreditam que esse é o primeiro passo para garantir o fortalecimento das empresas locais. “Nós só temos a agradecer ao governador Tião Viana e ao secretário Edvaldo Magalhães pelo apoio. De esquecidos e desanimados, passamos a ser valorizados e fazer novos investimentos. Esse é o primeiro passo para que possamos crescer cada vez mais”, afirma o presidente da Coopermóveis, Domingos Sávio.

Para o empresário Ismael Alves, proprietário de uma cerâmica em Rio Branco, a parceria com o Governo do Estado garante não somente a possibilidade da realização de novos investimentos, melhorando toda produção e gerando novas oportunidades.

“Isso é um marco para o nosso setor. Esses contratos com o Governo do Estado marcam o início de um novo tempo para todos nós. Estamos contratando novos servidores, comprando novos equipamentos e melhorando nossas estruturas físicas. Estamos otimistas”, disse.

Para o marceneiro José Sabino, o contrato com o governo serviu não apenas para animar o setor, mas também para motivar os empresários a fazer novos investimentos, modernizando toda cadeia produtiva.
“Compramos novos equipamentos, contratamos mão-de-obra e muitos estão fazendo investimentos nas suas estruturas. Tudo isso porque estamos animados e acreditando nesse projeto. Pela primeira vez, muitos de nós estamos assinando negócios com o Governo”, destaca.


 

Dados da Educação são positivos, mas 35miL ainda não têm acesso à escola no Acre, diz estudo de ONG

ITAAN ARRUDA
O Acre hoje possui população escolar de 233,7 mil alunos entre 4 e 17 anos. É a quinta maior do Norte. Mesmo com um dos mais baixos PIBs da região, é o terceiro Estado com maior investimento per capita. A média por aluno alcança R$ 3,26 mil. Atrás somente de Amapá e Roraima, Estados com população escolar muito inferior.
Educação infantil: sem apoio do Governo, situação seria bem pior. Com dificuldades financeiras, muitas prefeituras não têm condições de investir no setor
Essa cifra, embora importante, conta apenas uma parte da história. Indica que o poder público acreano, mesmo com baixa geração de riqueza comparada aos outros Estados, tem priorizado a Educação.

O Amazonas, por exemplo, investe R$ 1,86 mil por aluno, acompanhado pelo Pará (R$ 2 mil) e por Rondônia (R$ 2,41 mil). O Tocantins tem o quarto maior investimento per capita com R$ 2,94 mil.

Esses números, no entanto, falam quase nada em relação à qualidade do investimento. Por eles, não se sabe ao certo como estão a taxa de repetência, a taxa de distorção idade-série e nem como anda o aprendizado (a compreensão do conteúdo programático em sala de aula).

EDITORIAL
De olho no problema
Na economia contemporânea, a Educação é um dos temas mais intrigantes. As relações diretas entre a eficácia das políticas públicas do setor e o desenvolvimento econômico são inúmeras.

Mesmo aqueles que questionam o “desenvolvimento” em bases monetárias e se esforçam por criar relações econômicas comreferências sócio-ambientais equilibradas e justas, cedo ou tarde, devem se voltar à Educação como principal fator para mudanças estruturantes. Não tem jeito. As transformações começam por ela.

A semana que passou foi importante para o Acre. O relatório De Olho nas Metas 2011, elaborado pela ONG Todos pela Educação, uma das mais prestigiadas do país, apresentou um dado grave: no Acre, há 35 mil crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos excluídos do sistema público de ensino.

É o Estado do Norte com pior taxa de inclusão. O governo contesta os números apresentados pela ONG. Argumenta que os dados não podem ter “leitura absoluta”; que as mudanças em educação processuais e que o principal gargalo está no Ensino Infantil, constitucionalmente, sob responsabilidade das prefeituras.

O Governo do Acre atendeu ano passado 68% das crianças de 4 a 6 anos. Às crianças de 7 a 14 anos foi garantido o acesso à escola para 106%. Às crianças e jovens de 4 a 17 anos foi garantido o acesso a 95%.
Os jovens de 7 a 14 anos excederam a 100% porque o Governo do Acre atende a uma pequena parcela de alunos do estado do Amazonas (Vale do Juruá) e até do Peru (em municípios como Santa Rosa do Purus e Assis Brasil).

É certo que o Acre melhorou (e muito) na Educação. Há 13 anos, o Estado era o último da federação em quase todos os critérios. Atualmente, disputa as primeiras colocações. Esse reconhecimento é preciso ser feito. Essas conquistas servem de referência.

Mas, é preciso avançar. E o que o relatório da organização não governamental aponta é que há problemas no cumprimento de uma das cinco metas estabelecidas e das quais o Estado do Acre é signatário: o Atendimento no sistema de ensino público.

Ao contrário do que o estudo afirma, os gestores do Acre asseguram que a meta de atender a 100% dos alunos será alcançada em 2014, oito anos antes do que estabeleceu o cronograma da organização.
Nesta breve reportagem do Acre Economia, nossa equipe se esforçou para entender o problema.

COMPARAÇÕES
Ideb
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nos anos iniciais do Ensino Fundamental mostra que o Acre está com a segunda nota da região (4,3), empatado com Ro-raima e Rondônia. Tocantins lidera com 4,5. O Ideb tem gradação de notas que variam de 0 a 10.

 AC     AP    AM    PA      RO     RR   TO
4,3    3,8    3,9    3,6    4,3    4,3    4,5

Da sexta a nona séries, o Acre tem a melhor média do Ideb: 4,1.

 AC      AP    AM    PA     RO    RR     TO
4,1     3,6    3,5    3,4    3,5    3,7    3,9

No Ensino Médio, o desempenho dos acreanos (3,5) no Ideb só perde para os rondonienses com 3,7 pontos. O Ideb é valorizado pela gestão pública porque tem a capacidade de avaliar a situação sistêmica de cada rede de ensino estadual, incluindo o desempenho individual do aluno. Nesse quesito, o Acre está relativamente bem.

Saeb
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica. Esse sistema é parte integrante do Ideb. Nesse quesito, o Acre, na região Norte, também não faz feio. Na quarta e quinta séries do Ensino Fundamental, tem a maior média em Língua Portuguesa (182,2). As crianças da quarta e quinta séries do Ensino Fundamental do Acre (nota 196) só perdem no aprendizado de Matemática para os alunos de Rondônia, com nota 197.

O mesmo ranking se mantém para os alunos do oitavo e nono anos do Ensino Fundamental. No terceiro ano do Ensino Médio, os acreanos estão em segundo lugar em Língua Portuguesa e Matemática, novamente atrás de Rondônia, com as melhores notas da região.

Analfabetismo
Esse é um problema crônico da Educação no Acre. Com dados de 2010, a organização Todos pela Educação registrou que, no Acre, a taxa de analfabetismo é de 16,5% entre pessoas de mais de 15 anos. É a maior taxa da região. Seguida por Tocantins (13,1), Pará (11,7), Roraima (10,3), AM (9,9), RO (8,7), AP (8,4).

No entanto, em 13 anos o Acre reduziu em 8% a taxa de analfabetismo. Foi uma das maiores reduções do país. Um efeito direto das ações do programa criado pelo Governo do Estado, o Alfa 100.A meta oficial do Governo do Acre é  deixar a taxa de analfabetismo em apenas um dígito nos próximos dois anos.
Projeto Poronga tem ajudado na inclusão de jovens e adultosProjeto Poronga tem ajudado na inclusão de jovens e adultos
Atendimento
Pelo relatório divulgado semana passada, a ONG Todos pela Educação mostra o seguinte quadro para as crianças e adolescentes de 4 a 17 anos:

AC            AP         AM          PA           RO          RR             TO
85%    88,9%    85,5%    88,7%    87,3%    86,9%    90,8%

Foi essa situação que rendeu destaque. E demonstra que, em um universo de 233,7 mil alunos (entre 4 e 17 anos), se o atendimento chega a 85%, então é porque pouco mais de 35 mil estão excluídos da escola no Acre. Eles não têm acesso à escola. É matemático o raciocínio.

O Atendimento é a primeira meta (em um universo de cinco) que o Governo do Acre se comprometeu a cumprir.Para tentar explicar os motivos dessa exclusão ao acesso à escola a 35 mil crianças e jovens, o secretário de Estado de Educação, Daniel Zen, concedeu a seguinte entrevista ao Acre Economia.

Taxa de distorção idade-conclusão
No Ensino Médio, a taxa de distorção idade-série também é a quarta maior da região. Há 13 anos, o Acre estava praticamente com a maior taxa. Esse problema tem sido amenizado com a parceria entre o Governo do Acre e a Fundação Roberto Marinho por meio do Projeto Poronga.

Daniel Zen: “ranking não contribui para o debate”

Acre Economia: Qual o erro na manchete “Acre exclui 35 mil alunos do ensino público”?
Daniel Zen: Além do número que tá errado? Olha, ranking não contribui com o debate. Todos os Estados são contra isso. O MEC é contra e não favorece a divulgação de ranking… Por exemplo… Quando sai o resultado do Enem: compara-se o Estado de São Paulo com outros Estados com realidades díspares que são incomparáveis.
Secretário de Educação, Daniel Zen: não se pode fazer leitura absoluta dos números
Acre Economia: Quais as referências ideais, então?
Daniel Zen: O que é bom comparar? É bom comparar nós conosco mesmo. Se hoje há 35 mil ou 20 mil fora do ensino público, quanto era essa informação há 15, 20, 30 anos? Quanto nós evoluímos? Mas, isso não é o tipo de manchete que a imprensa gosta. A Folha de S. Paulo, Estadão, a imprensa de um modo geral… Essa é uma crítica que eu faço a vocês da imprensa. Não falo de jornalista A, B ou C, falo da instituição imprensa. A imprensa faz uma cobertura da Educação horrível, e o Brasil está fazendo uma revolução na Educação. O que o Brasil progrediu nesses anos todos! Aí, compara-se com a Finlândia! Comparar com a China! Aí não dá.

Acre Economia: Se nós compararmos nós conosco mesmo, não haveria uma tendência de dourarmos a pílula?
Daniel Zen: Não. Acho que você tem que colocar todos os dados. A questão não é só comparar. Pode comparar? Pode! Mas, não é o melhor método. E para os leigos, os que não são da área de Educação… são dados difíceis de serem digeridos. Quando a imprensa põe lá “Acre tem pior índice de acesso na Educação Básica”… Fica exposto que é o Acre estado quando, na verdade, é uma responsabilidade das prefeituras. Do ponto de vista político, é muito ruim. Nós vamos contestar esse número junto à organização Todos pela Educação. Estimamos que seja algo em torno de 20 mil e não 35 mil jovens e crianças.

Acre Economia: Vocês estão contestando os dados da ONG Todos pela Educação. Mesmo se não forem 35 mil como se apontou. Digamos que sejam 20 mil. Não é um número alto? Que providências serão tomadas?
Daniel Zen: É um número alto. É um número preocupante. Você tinha um déficit público no Ensino Infantil. Quando você tinha o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental, o poder público só financiava o Ensino Fundamental. Quando houve a transição do Fundef para o Fundeb [Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica] aí se estendeu para todos os segmentos da Educação Básica. Dentro do PAC II, tem uma linha de financiamento [Pró-Infância] de crédito para as escolas que os municípios têm acessado pouco. Este ano, a presidente dobrou o valor per capita da Educação Infantil, justamente para estimular o incremento de matrículas.

Acre Economia: Os números anunciados pelo relatório exigiram alguma medida emergencial?
Daniel Zen: Não. Não é surpresa. Não é um dado sur-preendente. Nós questionamos os números. Eles estão partindo de uma base que está apresentando divergência da nossa base que é da base do MEC, do Inep, do Censo Escolar. Eles estão trabalhando com um número ‘X’ de matrícula e nós temos outro, e é isso que estamos querendo confrontar com eles. O acesso á escola tem crescido de 2 a 3 por cento ao ano. Cresce bem acima da média de crescimento da população.

Acre Economia: A secretaria tem conversado com a Associação dos Municípios do Acre para tentar resolver esse problema?
Daniel Zen: Desde o ano passado, nós chamamos para conversar a Amac, a Andime, traçamos um plano aqui.

Acre Economia: Por que essa displicência, então, em deixar chegar a esse número tão alto?
Daniel Zen: Não é displicência. É processo. Na Educação, não tem coelho na cartola e nem varinha de condão. Tudo é processual e demorado. É o ritmo das coisas.  As mudanças são graduais e processuais. É por isso que eu digo que você tem que se comparar consigo mesmo para saber como você está evoluindo em relação a você.
A meta 1 da ONG Todos pela Educação estabelece que toda criança e adolescente deve ter acesso à Educação até 2022. Hoje, em todo país, são 3,8 milhões que estão fora da escola

 

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